10 setembro - As obras dos Santos, que os séculos têm reverenciado, foram sempre marcadas pelo selo da simplicidade, que, afinal, outra coisa não é senão uma fé inabalável na Providência, fé única e despojada de qualquer preocupação humana. (L 76). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 6,39-42
"E Jesus fez estas comparações:
- Um cego não pode
guiar outro cego. Se fizer isso, os dois cairão num buraco. Nenhum aluno é mais
importante do que o seu professor. Porém, quando tiver terminado os estudos, o
aluno ficará igual ao seu professor.
- Por que é que você
vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que
está no seu próprio olho? Como é que você pode dizer ao seu irmão: "Me
deixe tirar esse cisco do seu olho", se você não repara na trave que está
no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e
então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão."
Meditação:
Novamente retomamos o itinerário de Lucas, que vai descrevendo as estratégias pedagógicas de Jesus para formar seus discípulos. Depois da exortação com caráter de mandamento do amor aos inimigos, Jesus propõe a comparação do cego que guia outro cego. Um olhar ao texto desde a perspectiva do discipulado nos ajudará a compreender melhor a comparação.
Esta passagem se encerra com um forte adjetivo:
"hipócrita", fazendo referência a que não podemos ser guias de outros
enquanto não tenhamos luz em nossas vidas.
Lucas reúne, na segunda metade do capítulo 6 de seu evangelho,
após a proclamação das bem-aventuranças, várias sentenças de Jesus veiculadas
na tradição das comunidades.
Compõe, assim, um discurso, à semelhança do Sermão da Montanha, de
Mateus. No texto de hoje temos duas sentenças correlacionadas entre si.
A referência a "parábola", na introdução do texto parece vincular-se à parábola das duas casas, narrada mais adiante (vv. 43-49).
Na primeira sentença temos as duas interrogações sobre o cego que
guia outro cego. É possível que, originalmente, fosse dirigida aos fariseus
tidos como guias de uma doutrina que desorientava o povo.
Lucas, aqui, a estaria aplicando também aos discípulos, os quais
deveriam entender melhor a missão de Jesus. Ao estarem bem formados não deverão
pretender ser maior do que Jesus.
A segunda interrogação é feita com uma comparação usando o
exagero: o cisco ou a trave no olho. Em vez de ficar procurando defeitos nos
irmãos, é importante que faça a sua própria autocrítica. Assim, com humildade,
se está preparado para, com lucidez e amor, se fazer a correção fraterna do
irmão.
Como nos fixarmos no cisco no rosto do irmão sem nos darmos conta da trave que temos no olho? Com isto Jesus quer nos advertir que não é legítimo questionar o outro por uma pequena transgressão sem nos darmos conta de que, por vezes, toda a nossa vida é um grande equívoco.
Sucede a miúdo que damos atenção a
pequenos detalhes da prática litúrgica ou sacramental, e nos esquecemos da
justiça e da solidariedade.
Às vezes colocam-se acima de tudo as normas e a formalidade, e nos esquecemos da situação das pessoas; pretendemos manter a casca e ignoramos o que está dentro.
Não devemos nos preocupar no julgamento
das ações de nossos irmãos, mas reconhecer nossas próprias fraquezas e
apresentar com clareza o que Deus espera de nós.
Sem dúvida, um cego não pode guiar outro cego. Não se
pode dar aos demais algo que não possuímos. Não podemos ajudar alguém se não
nos ajudamos a nós mesmos.
Seria injusto querer corrigir o outro quando
primeiro não olho o mal que estou fazendo frente aos demais. O ideal seria ser
como nosso Mestre Jesus, mas para isso temos que ir fazendo caminho,
amadurecendo em nossas vidas as deficiências que temos como pessoas.
Como discípulos, podemos ser como o Senhor, mas nunca intentar ser mais que
ele. Porém, para isso temos que olhar como era o comportamento de Jesus diante
das pessoas, como se expressava em certas situações, como enfrentava as
dificuldades, entre outras coisas mais.
O evangelho de hoje também nos fala que quem quer ajudar a tirar o cisco no olho de outra pessoa, primeiro deve tirar a trave que está no seu próprio olho.
Quer dizer, não julguemos os demais sem primeiro revisar como está minha vida
frente a Deus e os irmãos. Descubramos nosso próprio pecado. Sejamos
compassivos e misericordiosos como o Pai o é com todos nós, seus filhos
Deus
nos julga com a mesma medida que usamos para os outros. O rigor do nosso
julgamento sobre o nosso próximo(cisco) mostra que desconhecemos a nossa
própria fragilidade e a nossa condição de pecadores diante de Deus (trave).
A
nem um de nós cabe o papel de “mestre” e de “senhor” da situação, apenas
ditando preceitos e normas para que os outros cumpram.
É
nosso dever, em primeiro lugar, examinar como estamos vivendo e qual o testemunho
que nós estamos oferecendo ao mundo para que as outras pessoas sejam guiadas
por nós.
Se, estamos cegos (as) e não reconhecemos as nossas próprias falhas; se, não buscamos emendar o que está torto em nós, nunca poderemos nós, aconselhar, exortar ou admoestar alguém que também é passível de erro.
A
trave nos nossos olhos nos impede de enxergar as nossas fraquezas e limitações.
Para tirá-la, nós precisamos pedir ao Espírito Santo que purifique os nossos
pensamentos, sentimentos e as nossas atitudes. Do contrário, Jesus nos lembra,
nós poderemos cair no barranco e levar muita gente conosco.
Porque não fazemos isso, é que muitos se decepcionam conosco e têm a sua fé enfraquecida se afastando do convívio da comunidade e culpando a Deus pelas nossas incoerências. “A começar em mim”, eis a regra de ouro!
Propósito:
Pai,
concede-me suficiente autocrítica que me predisponha a corrigir meu semelhante,
sem incorrer na malícia dos hipócritas.
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