05 janeiro - Enquanto não atingirmos
o vértice da perfeição, estaremos sempre naquele círculo (aliás, fonte de
muitos merecimentos) de soerguimentos e de quedas, de orações para obter a
graça do bom propósito e do bom propósito para obter a graça da oração. (L 52).
São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Marcos 6,34-44
"
Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por
eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a
ensinar-lhes muitas coisas. Já estava ficando tarde, quando os discípulos se
aproximaram de Jesus e disseram: "Este lugar é deserto e já é tarde.
Despede-os, para que possam ir aos sítios e povoados vizinhos e comprar algo
para comer". Mas ele respondeu: "Vós mesmos, dai-lhes de comer!"
Os discípulos perguntaram: "Queres que gastemos duzentos denários para
comprar pão e dar de comer a toda essa gente?" Jesus perguntou:
"Quantos pães tendes? Ide ver". Eles foram ver e disseram:
"Cinco pães e dois peixes". Então, Jesus mandou que todos se
sentassem, na relva verde, em grupos para a refeição. Todos se sentaram, em
grupos de cem e de cinquenta. Em seguida, Jesus tomou os cinco pães e os dois
peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e ia
dando-os aos discípulos, para que os distribuíssem. Dividiu, também, entre
todos, os dois peixes. Todos comeram e ficaram saciados, e ainda encheram doze
cestos de pedaços dos pães e dos peixes. Os que comeram dos pães foram cinco
mil homens."
Meditação:
Olhando a multidão Jesus exprimiu um sentimento de compaixão porque
observava que faltava àquele povo, luz e pão. Jesus olhava para cada uma
daquelas pessoas de um modo profundo e as compreendia de uma forma completa,
corpo, alma e espírito.
Ele sabia que a fome do pão material não era tudo o que lhes incomodava.
A ignorância dos mistérios de Deus também angustiava as suas almas. “Começou,
pois, a ensinar-lhes muitas coisas”.
Somente depois foi que Ele supriu a sua necessidade material. Com
certeza, Jesus falava para aquele povo de tudo que Ele ouvira de Deus Pai e do
Seu Amor por cada um em particular.
Podemos compreender também hoje que há dentro de nós uma fome espiritual
de conhecimento de Deus e das coisas que dizem respeito ao nosso relacionamento
com o Pai.
Mesmo que o povo continuasse atento aos Seus ensinamentos, Ele
preocupou-se em conceder-lhes o pão material.
Aí então, Ele deu mais um ensinamento aos Seus discípulos e a nós hoje,
também quando estivermos sem saber como alimentar a “multidão” ao nosso redor.
Primeiramente Ele nos instrui: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Em
seguida Ele nos investiga e quer saber de nós o que nós já temos consciência de
que possuímos a fim de ajudar a alimentar a multidão.
Por último, Ele nos ensina a nos organizar, a sentarmos, a dialogar, a
trocar ideias e partilhar o que nós temos. Jesus nos instrui a formar grupos, a
trocar experiências, a nos ajudarmos e põe como fundamento para tudo isto, a
compaixão.
Ter compaixão é agir com amor e com misericórdia. Deus ao nos criar sabia
que nós iríamos precisar uns dos outros e, por isso, nos preparou e nos deu
bons sentimentos para que nós os usássemos em favor dos nossos irmãos.
Você tem fome de conhecimento de Deus? Você sabe o que a sua alma
deseja? Você tem consciência dos pães e dos peixes que você possui? Você é uma
pessoa que sabe viver em grupo? Você sabe partilhar o que tem?
Reflexão
Apostólica:
Vamos voltar a aquela
citação do catecismo que enfatizamos ontem, pois vamos precisar dela novamente:
“(…)
Uma multidão de pecadores,
de publicanos e soldados, fariseus e saduceus e prostitutas vem fazer-se
batizar por ele. JESUS APARECE, O BATISTA HESITA, MAS JESUS INSISTE“ (CIC §535)
Um discípulo toma a voz
e também HESITA: “(…) Este lugar é deserto, e já é tarde. Despede-os, para irem
aos sítios e aldeias vizinhas a comprar algum alimento”. E nesse caso também,
Jesus INSISTE – “Dai-lhes vós mesmos de comer”.
Por que digo que ele
hesita? Quem fala pelos discípulos nesse episódio da multiplicação dos pães e
peixes é Felipe (Jo5,5-7).
O mesmo Felipe que foi
discípulo de João Batista e que pouco tempo atrás havia dito a Bartolomeu
(Natanael): “(…) Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei e que os
profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José” (J 1,45-46).
Ele já havia feito a
escolha de seguir Jesus; acreditou e proclamou que Ele era o messias que
deveria e estaria por vir, mas quando se deparou com um problema, questionou a
solução dada pelo Senhor.
Quantas vezes também
agimos assim? Somos fieis, temos fé, mas ao depararmos com um problema um pouco
maior que nosso conhecimento ou nossas forças, deixamos de ouvir a solução que
Deus sussurra em nosso coração?
Na verdade, essa nossa
falta de fé ou de auto-superação nos impede (ou poderá nos impedir no futuro)
de ver a epifania do senhor nesse problema, na nossa vida, na nossa realidade.
Sim, o Senhor vai
insistir novamente, mas crer Nele advém de uma mudança de comportamento, ou
seja, além de ter fé preciso ver o que tenho e poderá ser ‘multiplicado”,
portanto, buscar soluções, alternativas, atitudes…
Partindo disso abro um
parêntese para uma afirmação que fiz ontem: “(…) Se hoje pouco vemos milagres é
por que faltam os que tragam os peixes”. Mas é muito importante explicar algo –
O que é graça e o que é milagre?
O cardeal Saraiva
Martins diz: “(…) A graça é uma ajuda divina que se obtém para o bom êxito
das atividades do homem… Uma assistência particular que Deus concede
intensificando as potencialidades naturais; O milagre, por sua vez,
manifesta-se precisamente como um acontecimento que se distingue do habitual
desenvolvimento da realidade”. (Fonte: Site da Canção Nova)
Esse mesmo cardeal
afirma que “aqui entramos no mistério de Deus. NÓS NÃO CONHECEMOS OS PLANOS
D’ELE NA ESCOLHA DE QUEM SERÁ ATENDIDO. Conceder uma graça ou uma cura é um ato
livre do Senhor. ELE PEDE-NOS TOTAL CONFIANÇA”.
Então a de convir que
faltam ainda aqueles que tragam os peixes; que saiam do campo das palavras e
também tenham ações; que não hesitem, que não temam, que tenham total confiança…;
pois é desses, como a diz a canção, os adoradores, que o Pai precisa. Esta
talvez seja a nova epifania que o Senhor procura
“(…) Eis que é
chegada a hora / Os verdadeiros adoradores Adorarão o Pai em espírito e em
verdade / Esses são os adoradores que o Pai procura. E a força do alto os
revestirá e o fogo que abrasa os avivará. Sinais e prodígios irão demonstrar
Que a glória de Deus sobre o seu povo está Brilhará, brilhará, Brilhará Também
neste lugar”. (Brilhará – Walmir Alencar)
Se acreditarmos e não
hesitarmos sinais e prodígios, curas ou milagres, irão demonstrar que a glória
de Deus sobre o seu povo está.
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