12 dezembro - A repugnância ao bem é um efeito da nossa natureza que nos impele ao mal, e tu sabes que temos três inimigos constantemente em guerra contra nós: o demônio, o mundo e a carne; ninguém pode escapar de suas perturbações; mas também ninguém, que esteja unido a Deus, poderá ser vencido. (L 88) São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 1,39-47
"Alguns dias
depois, Maria se aprontou e foi depressa para uma cidade que ficava na região
montanhosa da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando
Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela. Então,
cheia do poder do Espírito Santo, Isabel disse bem alto:
- Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai
ter é abençoada também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me
visitar?! Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu
dentro da minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o
que o Senhor lhe disse.
Então Maria disse:
- A minha alma anuncia
a grandeza do Senhor.
O meu espírito está alegre
por causa de Deus, o meu Salvador. "
Meditação:
Hoje, celebramos o mistério de Cristo, presente no rosto mestiço de
Maria de Guadalupe. A liturgia nos recorda o rosto latino-americano de Maria:
rosto de mãe daquele Justo por quem fomos salvos (cf. Romanos), rosto de mulher
pobre, de alguém que tem fé, trabalhadora do campo que canta as maravilhas que
Deus fez por seu humilde povo, que é seu povo preferido; rosto de fortaleza que
acompanha os apóstolos nos primeiros momentos da Igreja; rosto de excluída que
tem de sair de seu país, perseguida pelos poderes dominantes para defender sua
vida.
Em Maria, encontram-se os rostos de mães, “bóias-frias”, trabalhadores,
pobres, de alento e desalento; dos desprezados; rostos que acompanham o
caminhar de nosso continente. Rostos de uma raça mestiça como a guadalupana.
Celebrar Maria de Guadalupe é reconhecer naquele rosto moreno de Maria nossos
próprios rostos e cantar juntamente com ela os sinais de libertação que Deus
manifesta no continente, e como o Senhor caminha com seu povo humilde com rosto
campesino, indígena, afro, mestiço, na busca de uma sociedade mais justa e mais
de acordo com seu projeto que é o Reino de Deus.
A lembrança de Maria com sua denominação de Guadalupe nos convida a
renovar nossa fé e a perseverar no seguimento de Jesus através do serviço aos
pequenos.
Isabel representa o Antigo Testamento que termina. Maria representa o
Novo que está começando. Desse modo Lucas diz que o Antigo Testamento acolhe o
Novo com gratidão e confiança, reconhecendo o dom de Deus que completa e
realiza todas as expectativas do povo. No encontro destas duas mulheres, com a
ação do Espírito, a Boa Nova de Deus se mostra e se revela em aspectos simples
e pequenos da vida humana: uma visita, a alegria pelo abraço, os filhos que
saltam de alegria, a ajuda mutua e solidária entre duas mulheres pobres do povo,
a vida da casa e da família nas relações que representam.
As atuais comunidades, assim como na comunidade de que fala o Evangelho, são
chamadas a descobrir a presença de Deus na vida por meio dessas situações.
"Bem aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da
parte do Senhor te foram ditas". Lucas não se cansa de insistir em seu
evangelho que a maior graça está em crer no que Deus disse por meio de sua
Palavra, pois é com essa Palavra que se gera vida nova no seio das pessoas e
das comunidades que verdadeiramente a acolhem.
Celebrar a Virgem de Guadalupe, padroeira da América Latina, significa lutar
pela dignidade de nossos povos e, de maneira especial, pelos indígenas que
ainda hoje, em pleno século XXI, continuam sendo ameaçados pelos poderes que
imperam em nossa sociedade injusta. O cântico de Maria, diante de Isabel,
exaltando a Deus, benfeitor dos pobres, é o melhor alento maternal na luta de
nossos povos pela libertação e resgate da dignidade de todos.
Que o dia de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina,
seja oportunidade de nos sensibilizarmos e comprometermos como cristãos com a
defesa de nossos irmãos indígenas e o cuidado do legado cultural e espiritual
que nos oferecem. É o momento de nos solidarizarmos com os migrantes e
excluídos que, como Jesus, buscam um lugar em que possam reconstruir suas vidas
e a readquirir a confiança em Deus e na Vida, através da fraternidade e da
acolhida.
Um pouco de história: Por volta de 1531, haviam os missionários espanhóis
aprendido a língua dos indígenas para fins de evangelização. Conforme antiga
tradição foi justamente nesse ano que a Virgem Mãe de Deus apareceu ao neófito
João Diogo, piedoso índio, na colina de Tepyac, perto da cidade do México. Com
muita afabilidade o exorta a ir ter com o bispo e dizer-lhe que nesse lugar
erigissem um Santuário em sua honra. O bispo da diocese, João de Zumárraga
retardou a resposta a fim de averiguar cuidadosamente o ocorrido. Quando o
neófito, movido por segunda aparição e nova insistência da santíssima Virgem,
renovou suas súplicas entre lágrimas, ordenou-lhe o bispo que pedisse um sinal
comprobatório de que a ordem vinha realmente da grande Mãe de Deus.
Vindo o neófito, certo dia, de lugar mais distante, por um caminho que não passa
pela colina de Tepyac e dirigindo-se à capital, à procura de um sacerdote que
administrasse os últimos sacramentos ao tio moribundo, a benigníssima Virgem
veio-lhe ao encontro pela terceira vez, e o consola com a notícia do perfeito
restabelecimento do tio, colocando-lhe no manto estendido belíssimas flores
havia pouco desabrochadas, apesar da esterilidade do terreno e do inverno:
“Escute, meu filho, não há nada que temer; não fique preocupado nem assustado;
não tema esta doença, nem outro qualquer dissabor ou aflição. Não estou eu
aqui, a seu lado? Eu sou a sua Mãe dadivosa. Não o escolhi para mim e o tomei
aos meus cuidados? Que deseja mais que isto? Não permita que nada o aflija e o
perturbe. Quanto à doença do seu tio, ela não é mortal. Eu lhe peço, acredite
agora mesmo que ele já está curado... Filho querido, essas rosas são o sinal
que você vai levar ao bispo. Diga-lhe em meu nome que, nessas rosas, ele verá a
minha vontade e a cumprirá. Você é o meu embaixador e merece a minha
confiança... Quando chegar diante do bispo, desdobre a sua “tilma” (manto) e
mostre-lhe o que carrega, porém só na presença do bispo. Diga-lhe tudo o que
viu e ouviu, nada omitindo...”
João Diogo obedece e, ao despejar as flores perante o bispo, aparece uma linda
pintura de Nossa Senhora tal como ela se mostrara na colina perto da cidade. O
bispo acompanhou João ao lugar designado por Nossa Senhora e depois foi ver o
tio dele, já curado. Este, ouvindo descrever a Senhora, assentiu sorrindo: “Eu
também a vi. Ela veio a esta casa e falou-me. Disse-me também que desejava a
construção de um templo na colina de Tepyac. Disse que sua imagem seria chamada
‘Santa Maria de Guadalupe’, embora não tenha explicado o porquê”.
A fama do milagre espalhou-se rapidamente por todo o território. Os cidadãos,
profundamente impressionados por tão grande prodígio, procuraram guardar
respeitosamente a santa Imagem na capela do paço episcopal. Mais tarde, após
várias construções e ampliações, chegou-se ao magnífico templo atual. De toda a
parte e não só do México, acorrem os homens à senhora de Guadalupe. Muito se
tem discutido sobre o significado da palavra “Guadalupe”.
Em 1754, escrevia o papa Bento XIV: “Nela tudo é milagroso; uma Imagem que
provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem
crescer espinheiros; uma Imagem estampada numa tela tão rala que, através dela,
pode-se enxergar o povo e a nave da Igreja tão facilmente como através de um
filó; uma Imagem em nada deteriorada, nem no seu supremo encanto, nem no brilho
de suas cores, pelas emanações do lago vizinho que, todavia, corroem a prata, o
ouro e o bronzesantuários marianos, a fé move os devotos, mas em Guadalupe a
celestial visão nunca ... Deus não agiu assim com nenhuma outra nação.”
Em outros cessa. Junto a essa presença maternal, ninguém sente a impressão de
ser filho culpado de Adão; cada qual experimenta a inocente simplicidade e o
doce aconchego de filho amoroso.
Reflexão
Apostólica:
Maria
acreditou, confiou e Deus deu a ela a sublime tarefa de ser mãe de Jesus, Seu
Filho. Porém, Maria não ficou somente na glória de ser mãe de Deus, ela se fez
serva, intercessora, auxiliadora, e cumpriu a sua missão de mãe da humanidade,
começando por visitar Santa Isabel e oferecendo a ela seus préstimos.
Ao encontrar
Isabel Maria fez fluir o júbilo do Espírito Santo. Portanto, a alegria do
encontro é a mensagem maior desse Evangelho! Ao se deparar com Maria, a mãe de
João Batista, Isabel, ficou cheia do Espírito Santo e abriu os lábios para
saudar a Mãe de Jesus. O Espírito Santo é quem nos leva a louvar a Deus e a
manifestar gratidão pelos Seus grandes feitos na nossa vida. Maria foi chamada
a Bem-aventurada, feliz, cheia de graças!
Assim como
visitou Isabel, transmitindo a ela e a João Batista, o poder do Espírito, Maria
hoje, também nos visita e traz para nós o Seu Menino Jesus, cheio do Espírito
Santo que nos ensina a cantar, a louvar, a bendizer a Deus com os nossos
lábios. Somos também bem aventurados se acreditamos nas promessas do Senhor.
Isto nos
mostra que ser da família de Deus nos traz a responsabilidade e o compromisso
com os nossos irmãos e como conseqüência a paz, a alegria, a bem-aventurança.
Rezemos com
Maria, hoje: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em
Deus meu Salvador, porque olhou para a sua pobre serva. Por isto, desde agora,
me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim
maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo!”
Você também
se considera bem aventurado? Você se sente comprometido com Deus? Você tem
usado o Espírito Santo que mora em você para ir à busca daqueles que precisam
ser amados e ajudados?
Imagine-se
como Maria visitando hoje alguém que você sabe que está precisando de amor!
Propósito:
Ouvi, ó
Deus, as orações dos que vos suplicam: que vossa Igreja seja purificada do
pecado e vos sirva com generosa prontidão. Espírito de fé e esperança,
enriquece meu coração com as mesmas virtudes de Maria, de modo que eu possa
alcançar, como ela, a bem-aventurança.
BUSCANDO CONSOLO
Tudo na vida é uma questão de
perspectiva.
Á medida que você prossegue no dia de hoje, tente detectar as
coisas com as quais você se preocupa, capazes de serem transformadas em coisas
que lhe trazem consolo. Por mais estranho que possa parecer, existem muitas
oportunidades de consolo.
Veja bem: Em vez de se preocupar com a possibilidade de adoecer, busque consolo
no fato de desfrutar a saúde que você já tem. Em lugar de se preocupar com as
suas finanças, busque esperança em sua habilidade de ser produtivo e criar
novos valores. Em vez de ficar ansioso com a realidade do tempo que perdeu,
procure conforto no tempo que ainda tem à sua disposição. Em lugar de se
preocupar com as coisas que você pode perder, busque consolo nas coisas boas que
tem.
Tudo aquilo que lhe traz preocupação irá trazer para mais perto da realidade o
que o preocupa. Certamente não é isso que você deseja. Acredite: todo momento,
toda e qualquer situação têm seu lado positivo. Veja a mão de Deus em tudo,
busque sua sabedoria, e viva da melhor maneira que puder.
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