6 dezembro - Quanto mais se vê, mais se aprende. A vida é
um álbum cheio de fotografias em tamanho natural. (L 15). São Jose Marello
Marcos 1,1-8
"Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Está escrito no profeta Isaías: "Eis que envio à tua frente o meu mensageiro, e ele preparará teu caminho. Grita uma voz: 'No deserto abri caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele'". Assim veio João, batizando no deserto e pregando um batismo de conversão, para o perdão dos pecados. A Judéia inteira e todos os habitantes de Jerusalém saíam ao seu encontro, e eram batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. João se vestia de pêlos de camelo, usava um cinto de couro à cintura e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Ele proclamava: "Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de suas sandálias. Eu vos batizei com água. Ele vos batizará com o Espírito Santo"."
Meditação:
A palavra "evangelho", que
tem origem no grego e significa "boa notícia", era usada para
exprimir o anúncio das novidades dos imperadores romanos, tais como uma visita
a ser feita ou o nascimento de um herdeiro.
No evangelho de Marcos, escrito após o término do ministério de Paulo, a
palavra passa a ter um novo sentido: o evangelho é o anúncio da vida de Jesus,
desde o batismo de João até a sua morte e ressurreição.
Os evangelhos de Mateus e Lucas, posteriores ao de Marcos, iniciarão seus
textos com as narrativas de infância de Jesus, a partir do anúncio de seu
nascimento, pelo anjo.
O evangelho de Marcos centra-se na pregação de João Batista. Nele se cumpre a
profecia de Malaquias, segundo a qual vira um mensageiro diante do Messias (que
seria Elias), e do profeta Isaias que expressa a missão do precursor em
preparar o caminho daquele que há de vir.
João proclamava um batismo de conversão, que era sinal do perdão dos pecados e que implicava o compromisso de mudança de vida.
Pregava um castigo iminente de Deus e ante essa ameaça devíamos reconhecermos pecadores, débeis, falhos, e que por isso o batismo era expressão de uma real mudança de vida e não somente um simples rito.
Essa pregação era muito aceita pelo povo de Jerusalém e da Judéia, especialmente pelos mais pobres (logo mais os evangelistas nos dirão que os fariseus e os doutores da lei, pessoas importantes, não acreditaram nele).
João tem como característica uma vestimenta e uma dieta especiais, que significava sua dimensão profética. Veste-se dessa forma porque as tradições da época identificavam os profetas com essas características.
A vinda iminente de quem vai batizar no Espírito é a esperança que o grupo de seguidores de João carrega em seu coração.
João Batista tem grande influência no início do ministério de Jesus. Ele era
filho de sacerdote, porém rompe com a tradição sacerdotal e com o Templo de
Jerusalém.
Indo para a periferia às margens do Jordão ele se afasta do Templo, e pregando
a conversão de vida à prática da justiça, com o que o pecado é extinto, ele
rompe com os rituais de sacrifícios e ofertas pelo pecado a serem feitas com os
sacerdotes.
Com sua pregação João prepara os caminhos de Jesus, o que é visto como
cumprimento da profecia de Isaías (Mc 1,2-3, Is 40,1-5.9-11).
Isaías profetizava o retorno dos exilados da Babilônia para Jerusalém. Agora é
Jesus que vem resgatar os excluídos e oprimidos fazendo-se o caminho para o
Pai.
O ritual externo do batismo de João, com o mergulho e o renascimento pelas
águas, é símbolo do compromisso fundamental de conversão à prática da justiça.
A prática da justiça acarreta a libertação dos pecados, com a instauração de um
mundo digno e justo, os novos céus e a nova terra (2Pd 3,8-14), nos quais
habitará a justiça verdadeira, aquela que atenda a todos os direitos humanos.
O batismo de João é assumido por Jesus que lhe dá o caráter de participação na
vida divina através do dom do Espírito Santo.
Celebramos
neste final de semana o segundo domingo do Advento, que é o tempo favorável
para se preparar para a celebração anual do Natal, o Mistério da Encarnação.
A
palavra de Deus nesta época especial do ano litúrgico assume um papel e uma
função muito importante para nossa vida cristã.
É
partir dela que começamos a entender o verdadeiro sentido da vinda de Deus
entre nós e a própria celebração do Natal do Senhor neste tempo
marcado por tanto sofrimento, mas também com muita esperança e confiança.
Como
vemos, a liturgia de hoje nos convida à esperança, a crer que em meio às
dificuldades, das perseguições, das realidades mais duras da vida, é possível
um futuro melhor, porque o Senhor é fiel àqueles que assuem os valores da
verdade, da justiça e da fraternidade.
Como cristãos somos convidados à esperança, encontrada em Jesus, sobretudo
neste tempo de espera alegre da sua natividade, espera de um novo mundo.
Que nossa esperança saiba dar testemunho diante do mundo com a proposta de que
é possível um futuro melhor, em meio às difíceis condições de nossa realidade.
Advento é tempo da vigilância, do estar atento, com a fé que nos permite reconhecer o Filho de Deus encarnado que permanece conosco.
Advento é tempo de esperança e de abertura à mudança: mudança de
vestuário e de nome (Baruc), mudança de caminho (Isaías). Mudar, para que todos
possam ver a salvação de Deus.
Advento deve ser o tempo forte para nossa transformação, para
nosso encontro com Deus, com esse Deus feito ser humano para salvar-nos, para
entrar profundamente no mais íntimo de nós.
Este tempo do Advento é uma oportunidade propícia para pormos frente a frente
João Batista e Jesus. O primeiro nos prepara, o outro nos forma de um modo
único e definitivo.
Deixemo-nos impregnar pela graça deste acontecimento que se aproxima de nós.
Deixemos que estas celebrações da Eucaristia e da Liturgia destes dias nos
ajudem a aprofundar o mistério que estamos para celebrar.
Unidos na esperança, caminhamos juntos ao encontro com Deus. Mas, ao mesmo tempo, ele caminha conosco, assinalando o caminho pelo qual “Deus guiará a Israel entre festas, à luz de sua Glória, com sua justiça e sua misericórdia”.
Assim como há dois mil anos o apelo à preparação ecoa chamando-nos a preparar o
caminho do nosso coração, porque é aí que o Senhor deve nascer. Isso nós
veremos através das transformações de nossas vidas e comportamentos.
Neste tempo de espera e de conversão precisamos também hoje de vozes proféticas e corajosas chamando o mundo à conversão.
Vozes fortes e corajosas, que podem dizer a verdade até o fim e não têm medo de nada nem de ninguém, para trazer para fora tudo o que é verdadeiro, justo e reto.
Esta breve passagem evangélica nos faz entender a missão de João Batista e o seu papel em vista do Salvador. O precursor tem o seu lugar bem preciso no plano da salvação.
Nós sabemos o que ele fez e qual foi sua
atitude diante do mal, do pecado, dos desvios e da imoralidade. Ele clamou em
alta voz, e denunciou, em termos inequívocos o mal existente em seu tempo.
Ele não somente gritou, mas ele trabalhou e
viveu na pele a experiência de um compromisso e fidelidade à verdade e à
moralidade.
A sua existência foi uma vida reta, límpida, penitente, pura e imaculada em si
era um testemunho de uma denúncia do que estava errado e daquilo que era útil
fazer para ajudar a preparar o caminho para o Messias e Redentor.
Todos nós precisamos ouvir a voz desta voz preparatória para a vinda do Messias, que hoje nos convida a arrependermo-nos, a mudar de vida, para renovar-nos fazendo penitência, para concentrar em Cristo o sentido último de nossa vida.
A consciência clara e a consciência da eternidade nos leva a agir para este objetivo final de toda a nossa vida. Os novos céus e a nova terra são também um compromisso para construir a cada dia a civilização do amor, o Reino de Deus.
Enquanto caminhamos para a parusia temos o
sagrado dever de acolher com alegria o plano de Deus cumprindo, com o dom da
graça, o que Jesus quer de nós.
Isso nós faremos através de escolhas de vida evangélica em sinal da renovação e
de alegria eterna.
Nós somos os verdadeiros trabalhadores que trabalham em todas as situações para
construir o nosso futuro no Senhor, com o Senhor e para Senhor que veio para
nos redimir e nos salvar da nossa condição de miséria e pecado.
Ele vem no esplendor da glória, e vai chamar-nos de possuir o reino prometido,
que agora ousamos esperar, numa esperança vigilante. A voz de João Batista
continua a ecoar nos dias de hoje! Vamos escutá-lo!
Propósito:
Deus,
nosso Pai, nós te pedimos: ajuda-nos a compreender que a melhor maneira de nos
preparar para a celebração do nascimento de Jesus é preparar e aplainar os
caminhos que podem fazer chegar à nossa sociedade a Justiça e a Paz que ele
anunciou. Senhor Jesus, a exemplo de João Batista, fazei-nos teus
mensageiros, que preparemos tua chegada no coração de quem precisa de ti.
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