07 dezembro - As coisas vistas por cima e naquela luz na qual na qual as nossas idéias preconcebidas no-las mostram, são julgadas de uma maneira; mas vistas e examinadas melhor de perto, devem ser julgadas posteriormente de outra maneira. (L 239). São Jose Marello
Lucas 5,17-26
"Um dia Jesus estava ensinando, e alguns fariseus e alguns mestres da Lei estavam sentados perto dele. Eles tinham vindo de todas as cidades da Galiléia e da Judéia e também de Jerusalém. O poder do Senhor estava com Jesus para que ele curasse os doentes. Alguns homens trouxeram um paralítico deitado numa cama e estavam querendo entrar na casa e colocá-lo diante de Jesus. Porém, por causa da multidão, não conseguiram entrar com o paralítico. Então o carregaram para cima do telhado. Fizeram uma abertura nas telhas e o desceram na sua cama em frente de Jesus, no meio das pessoas que estavam ali. Jesus viu que eles tinham fé e disse ao paralítico:
- Meu amigo, os seus
pecados estão perdoados!
Os mestres da Lei e os
fariseus começaram a pensar:
- Quem é este homem que
blasfema contra Deus desta maneira? Ninguém pode perdoar pecados; só Deus tem
esse poder.
Porém Jesus sabia o que
eles estavam pensando e disse:
- Por que vocês estão
pensando assim? O que é mais fácil dizer ao paralítico: "Os seus pecados
estão perdoados" ou "Levante-se e ande"? Pois vou mostrar a
vocês que eu, o Filho do Homem, tenho poder na terra para perdoar pecados.
Então disse ao
paralítico:
- Eu digo a você:
levante-se, pegue a sua cama e vá para casa.
No mesmo instante o
homem se levantou diante de todos, pegou a cama e foi para casa, louvando a
Deus. Todos ficaram muito admirados; e, cheios de medo, louvaram a Deus,
dizendo:
- Que coisa maravilhosa
nós vimos hoje!"
Meditação:
Hoje a Palavra de Deus nos apresenta
Jesus ensinando. Ele continua seu trabalho na Galiléia. O ensinamento de Jesus
começa a gerar suspeita às autoridades.
A crítica e o questionamento à ação misericordiosa de Jesus não demoram a
aparecer. As autoridades buscam a maneira de desmoralizar Jesus diante do povo.
As ações de Jesus manifestam o infinito amor do Pai. Jesus (Filho do Homem)
desmonta a autoridade da classe sacerdotal e dos escribas "na terra",
onde ele está presente como Filho de Deus.
Algumas pessoas levam um paralitico com e procuram colocá-lo diante de Jesus.
Estão seguras de que ele pode curá-lo. É importante o esforço que estas pessoas
fazem para estarem próximas a Jesus.
Chama a atenção o fato de que os muitos que bloqueavam a porta não tenham sido
generosos para que pudessem entrar com o paralitico.
Pode ser que esta obstrução indique a presença de tantos mestres da lei e
fariseus que, em todos os sentidos, obstruíram a dignidade dos pobres e dos
enfermos, considerados excluídos em razão de sua enfermidade.
O relato tem um alto valor pedagógico, pois busca confrontar os mestres da lei
com a própria lei, aplicando um ensinamento mais radical. Jesus não cura o
enfermo no primeiro momento; o que faz é perdoar seus pecados.
Na cultura judaica considerava-se que as enfermidades eram conseqüência do
pecado; por isso Jesus começa eliminando o pecado, raiz da enfermidade; realiza
um ato reparador ao estilo de Deus, que é o próprio perdão.
Esta ação dignificante de Jesus incomoda aos mestres da lei e os fariseus, que
o acusam de blasfemo.
Diante disso, Jesus faz algo ainda mais radical que é a cura definitiva: o
paralitico se levanta, pega sua maca e vai embora por seus próprios meios.
Isso significa, para o paralitico e para o povo, a ruptura das velhas
estruturas excludentes, que submetiam os pobres e condenavam os enfermos à
exclusão.
As ideologias que usam o nome de Deus para respaldar poderosos neste mundo
estão esvaziadas. O perdão é fruto não do poder, mas sim do amor misericordioso.
O fato de perdoar não é somente uma atitude de respeito e valorização do outro,
mas também implica na reparação dos danos causados.
Perdoar, para Jesus, é a aceitação e a integração de todos os marginalizados a uma nova ordem social, onde o dano que os separava e os excluía é restituído e reparado.
Jesus rompe o esquema que mantinha as pessoas por anos em situações desumanas. Antes de tudo, o que está em primeiro ligar é a vida.
Hoje os cristãos têm que demonstrar com fatos a força da própria fé; somos convidados a superar todo tipo de obstáculos para alcançar o projeto de Jesus. Vale a pena abrir um buraco no teto e ir em busca de Jesus na vida da comunidade eclesial.
Quem é amado passa a ter consciência de que está libertado da acusação de pecador
que o humilha, deprime e exclui.
O sinal de que se está livre da paralisia do pecado é a liberdade, é o
levantar-se e o agir amoroso e solidário com a comunidade.
Deus age restituindo a dignidade aos debilitados, aos enfermos, aos rejeitados
pelo sistema anti-reino, que se nega a reconciliação, o respeito, a dignidade e
a vida.
Reflitamos: O que nos impede de caminhar e de lutar para que as pessoas sejam sujeitos sociais livres, dignos, reconhecidos e valorizados?
Reflexão Apostólica:
Quando caminhamos ou sonhamos algo, uma meta, uma proposta, um projeto de vida, precisamos, também, estar dispostos a viver o calvário chamada persistência, mas essa ação insistente dependerá muito de quanto queremos ou precisamos daquilo que almejamos. Vamos por parte…
O quanto aqueles homens estavam empenhados para realizar a tarefa
de levar o rapaz até a presença de Jesus? O que os motivava a reiniciar uma
nova idéia toda vez que uma nova barreira lhes era imposta? Qual é o grau desse
querer? “(…) Alguns homens
trouxeram um paralítico deitado numa cama e estavam querendo entrar na casa e
colocá-lo diante de Jesus. Porém, por causa da multidão, não conseguiram entrar
com o paralítico. Então o carregaram para cima do telhado. Fizeram uma abertura
nas telhas e o desceram na sua cama em frente de Jesus”.
Realmente, podemos até imaginar que o problema, a paralisia era
que os movia o continuar, ou seja, um único problema ou uma grande dificuldade
pode nos fazer remover montanhas para que seja resolvida.
Quantas pessoas não fazem coisas inimagináveis em busca de uma
solução? Quantas pessoas arriscam tudo que tem em busca da cura de um mal,
mesmo sem ter certeza onde ficar, o que comerá, onde dormirá? São, no entender
de hoje, os telhados a serem superados, transpostos.
Quem NÃO vive um grande problema deve por acaso “baixar a guarda”?
Quem vive hoje um bom momento de oração, em família, no trabalho pode descuidar
da fidelidade e da constância? Será que não deveria eu estar sempre pronto para
responder ao que viesse acontecer? Será que conhecemos alguém que, mesmo a
tantas e sucessivas provações da vida, parece permanecer sólido e estável?
Não podemos estar aptos apenas subindo ou enfrentando as
barreiras, quando a necessidade bate à porta, mas, o melhor que possível, toda
vez que uma nova situação nos for apresentada.
É assim que acontece no nosso serviço, no dia-a-dia, pois não
podemos imaginar nem mesmo o minuto seguinte, mas também não podemos temê-lo.
Quantas pessoas conhecemos que desistem ou já desistiram de ter novos
sonhos por ainda estarem presos aos que não se realizaram?
A vida na verdade não elege vencedores ou perdedores, mas tende a
colocar no pódio aqueles que MAIS
RESISTEM e os que NÃO
TEMEM ENFRENTAR SEUS MEDOS. Muros e telhados sempre
existirão, mas nem todos tem a coragem de escalá-los
Tem um bom motivo? Escale! Enfrente! Lute!
Propósito:
Pai,
teu poder divino manifestou-se, de modo admirável, no ministério de Jesus.
Torna-me também beneficiário deste poder que me abre para o amor
misericordioso.
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