07 abril - Devemos olhar sempre para Maria, e
ficar constantemente com Ela. (S 188). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São João 13,16-20
"Eu afirmo a vocês que isto é verdade: o empregado
não é mais importante do que o patrão, e o mensageiro não é mais importante do
que aquele que o enviou. Já que vocês conhecem esta verdade, serão felizes se a
praticarem.
- Não estou falando de vocês todos; eu conheço aqueles que escolhi. Pois tem de se cumprir o que as Escrituras Sagradas dizem: "Aquele que toma refeições comigo se virou contra mim". Digo isso a vocês agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês creiam que "EU SOU QUEM SOU". Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem receber aquele que eu enviar estará também me recebendo; e quem me recebe recebe aquele que me enviou."
- Não estou falando de vocês todos; eu conheço aqueles que escolhi. Pois tem de se cumprir o que as Escrituras Sagradas dizem: "Aquele que toma refeições comigo se virou contra mim". Digo isso a vocês agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês creiam que "EU SOU QUEM SOU". Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem receber aquele que eu enviar estará também me recebendo; e quem me recebe recebe aquele que me enviou."
Meditação
A Bíblia é a palavra
inspirada de Deus, escrita pelos santos homens de Deus, movidos pelo Espírito
Santo. Por isso, devemos aceitar a infalibilidade das Escrituras como nosso
guia de conduta e doutrina.
O Evangelho de hoje
(João 13,16-20) convida-nos a repensar a nossa forma de nos situarmos, quer na
sociedade, quer dentro da própria comunidade cristã. A instrução de Jesus aos
discípulos que o Evangelho nos apresenta é uma denúncia dos jogos de poder, das
tentativas de domínio sobre os irmãos, dos sonhos de grandeza, das manobras
para conquistar honras e privilégios, da busca desenfreada de títulos, da caça
às posições de prestígio… Esses comportamentos são ainda mais graves quando
acontecem dentro da comunidade cristã: trata-se de comportamentos incompatíveis
com o seguimento de Jesus. Nós, os seguidores de Jesus, não podemos, de forma
alguma, pactuar com a “sabedoria do mundo”; e uma Igreja que se organiza e
estrutura tendo em conta os esquemas do mundo, não é a verdadeira Igreja.
Os discípulos
relutavam em aceitar que o Mestre Jesus lhes lavasse os pés. Este gesto foi
interpretado como uma quebra de hierarquia e esvaziamento da autoridade. É que
eles pensavam a sociedade organizada em camadas sociais, sobrepostas segundo a
importância de cada uma, num sistema de precedências e privilégios.
Jesus recusou-se a
pactuar com esta mentalidade, oferecendo-lhes pistas para compreenderem a
realidade de maneira diferente. Ele parte do princípio que "o servo não é
maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o
enviou". Isto vale tanto para o Mestre quanto para os discípulos.
Entretanto, trata-se
de saber que senhor é aquele que enviou Jesus, segundo a afirmação do Mestre.
Sem dúvida, ele está falando do Pai, que fez de Jesus servo e enviado, e que
acolhe também os discípulos do Filho como servos e os envia em missão. Se é possível
falar em hierarquia, convém saber que só existe uma: a que sobrepõe Deus ao ser
humano, o Criador à sua criatura. Além desta, qualquer tentativa de classificar
as pessoas em mais ou em menos importantes será sem cabimento. Quem se imagina superior
aos demais está usurpando o lugar de Deus. Só ele é o Senhor; todos nós somos
irmãos e irmãs.
Jesus terminou de
lavar os pés de seus discípulos e quer explicar a eles o que realizou, citando
um provérbio conhecido: “Não é o servo maior que seu senhor nem o enviado mais
do que quem o envia”. Com este provérbio os convida a seguir seu comportamento.
Ser senhor significa servir e estar disposto a dar vida por amor, porque no
amor o ser humano alcança a verdadeira vida, sua plenitude. Não é o poder o que
faz feliz, senão o amor. Não é ser superior senão ser igual: Jesus nos chama a
isso. Lamentavelmente dentro do grupo de Jesus há um – Judas – que não está
disposto a seguir este caminho e elegeu o amor ao dinheiro mais que a adesão a
Jesus e a sua mensagem de amor.
Jesus ensinou sobre
a humildade, dizendo que aquele que servia aos outros, era o maior de todos e
que dali em diante deviam lavar humildemente os pés uns aos outros; tocou ainda
na discussão sobre qual deles havia de ser o maior, dizendo muitas coisas que
se encontram também no Evangelho. Ele é o maior exemplo de alguém que serviu a
Deus. Ele próprio afirmava, que não fazia nada por Ele mesmo, a não ser o que o
Pai lhe indicava. Todos, os que temos conhecimento de Deus, sabemos que Jesus
teve que se abnegar a sua vida para pôr em prática o plano do Pai. A abnegação
foi difícil, ele teve que passar por injúrias, vergonha, chicotadas e
crucificação.
Nesta perspectiva, o
gesto de humildade de Jesus é perfeitamente compreensível. Ele agiu como servo,
por ser servo. E, como ele, todos devem agir, pois também são servos. Portanto,
o gesto de Jesus só é incompreensível para quem não pensa como Deus cujo
objetivo principal é que todos possam viver com Ele na eternidade. Contudo,
antes mesmo da vinda de Cristo ao mundo, Ele sabia que nem todos aproveitariam
esta oportunidade. Que muitos iriam desprezar a obra que seu Filho ia fazer na
cruz. No entanto, grande parte das escrituras do velho testamento relatam e
apontam o interesse por parte de Deus, para este plano de salvação mediante
Cristo.
“Quem recebe a
qualquer um que eu enviei, recebe a mim, e quem recebe a mim, recebe aquele que
me enviou”. Jesus e Deus se manifestam em quem acolhe o outro. Não há
melhor expressão de igualdade: receber a um enviado de Jesus é como recebê-lo,
e recebê-lo é como receber a Deus. Se seus enviados põem em prática sua
mensagem de amor, quando estes forem recebidos, estarão refletindo o estilo de
vida de Jesus, e vendo o estilo de vida de Jesus poderão entender melhor que
Deus é também amor e quer a solidariedade e o serviço para experiência de amar
e ser amado. Jesus efetua uma inversão total da concepção tradicional de Deus
e, em conseqüência, de sua relação com o ser humano e das pessoas entre si.
Contra tudo o que ensinava as religiões, Jesus revela que o atributo principal
de Deus não é o poder, senão o amor, doador de vida. E se Deus, o Pai, não
exerce domínio, nenhum poder nem domínio humano está legitimado. De fato, a
idéia de um Deus soberano, com seu trono no céu, fundava o paradigma das
grandezas humanas; os mais poderosos entre os humanos criam ser os que mais se
pareciam com Ele. Mas, com Jesus, Deus deixou seu trono; manifesta-se como amor
ao serviço de cada um (como lavando os pés). A palavra “servir” significa:
estar ao serviço de; consagrar-se ao serviço de; viver como servo.
Nós que nos
consideramos discípulos de Jesus e queremos cumprir o plano de Deus, temos que
ter consciência que a palavra serviço é a base para tudo. Dizer, que se é
discípulo, mas continuar a ter uma vida baseada nas mesma vida antes de se
conhecer e aceitar Jesus, é estar em desacordo com a palavra de Deus, em
renunciar o mundo e as suas paixões. Jesus é claro. Ele deu o exemplo. Perdeu a
sua vida. Todos nós que queremos ser discípulos de Jesus, devemos renunciar as
coisas do mundo e andar em novidade de vida. Devemos servir a Deus com
intensidade, com amor, com vida, renunciando o pecado, murmurações, pensamentos
da velha vida. Neste sentido, a frase final do Evangelho de hoje: "[...] quem
receber aquele que eu enviar estará também me recebendo; e quem me recebe,
recebe aquele que me enviou.", própria dos evangelhos sinóticos,
identifica o missionário com Jesus e o Pai.
"Missão é
partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos
fecha no nosso Eu. É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fossemos
o centro do mundo e da vida. É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno
mundo a que pertencemos: a humanidade é maior. Missão é sempre partir, mas não
devorar quilômetros. É, sobretudo, abrir-se aos outros como irmãos,
descobri-los e encontrá-los. E, se para descobri-los e amá-los, é preciso
atravessar os mares e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do
mundo". (Dom Hélder Câmera)
A Páscoa de Jesus
convida-nos, pois, a renovar nossa condição de povo de Deus. Então, se nós
vamos chamar a gente o povo de Deus, se a gente responde ao chamado de Deus
para ser “o povo de Deus”, temos que apreender a viver em solidariedade uns com
os outros e com todos os povos de Deus em todo o mundo e com a Criação.
Qualquer coisa menor vai, sem dúvida nenhuma, trazer o julgamento de Deus sobre
nós como Nação, como “povo” desobediente. Que Deus tenha misericórdia de nós e
nos mostre o sentido de solidariedade no mundo de hoje. Para isso, é imperativo
que reconheçamos o valor de uma alma humana, para que nunca desistamos de um de
Seus preciosos filhos.
Oração: Ó
Deus, que restaurais a natureza humana, dando-lhe uma dignidade ainda maior,
considerai o mistério do vosso amor, conservando para sempre os dons da vossa
graça naqueles que renovastes pelo sacramento de uma vida: Inculcai em nossos
corações a certeza de que só tu és Senhor, e que entre os seres humanos deve
reinar igualdade e solidariedade, sem opressão.Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
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