22 abril - As forças internas da Igreja se
multiplicam na razão inversa dos recursos externos. (L 19). São Jose Marello
João 3,16-21
"Porque Deus amou o mundo
tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra,
mas tenha a vida eterna. Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não
para julgá-lo.
- Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus. E é assim que o julgamento é feito: Deus mandou a luz ao mundo, mas as pessoas preferiram a escuridão porque fazem o que é mau. Pois todos os que fazem o mal odeiam a luz e fogem dela, para que ninguém veja as coisas más que eles fazem. Mas os que vivem de acordo com a verdade procuram a luz, a fim de que possa ser visto claramente que as suas ações são feitas de acordo com a vontade de Deus."
- Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus. E é assim que o julgamento é feito: Deus mandou a luz ao mundo, mas as pessoas preferiram a escuridão porque fazem o que é mau. Pois todos os que fazem o mal odeiam a luz e fogem dela, para que ninguém veja as coisas más que eles fazem. Mas os que vivem de acordo com a verdade procuram a luz, a fim de que possa ser visto claramente que as suas ações são feitas de acordo com a vontade de Deus."
COMENTÁRIO
Como
é grande a misericórdia de Deus! Mesmo a homens mergulhados nas trevas do seu
egoísmo, Ele envia seu próprio Filho para salvá-los, como até o entrega à morte
por eles. Mas é pequena a fé dos homens no Nome do Filho único de Deus! Nenhum
outro nome tem maior poder para salvar, e no entanto são tantos os que recorrem
ao poder do mal.
No
Evangelho de hoje (João 3,16-21), Jesus, em sua profunda conversa com
Nicodemos, faz-lhe avaliar a grandiosidade do amor de Deus pelo mundo:
enviar-lhe seu próprio Filho. A missão do Filho como enviado do Pai é resgatar
o ser humano, oferecer-lhe uma alternativa de vida em momentos em que a última
palavra parecia ser dada pela morte, a não-vida.
De
acordo com isto, a salvação de cada pessoa consiste em crer em Jesus; e esta
profissão de fé implica abandonar todo estilo de vida contrário ao projeto do
amor do Pai; ajuda a criar desse modo alternativas de vida em ambientes onde
imperam a mentira, o ódio, o egoísmo, enfim, tudo o que se ajusta ao projeto da
morte.
Neste
texto do evangelho de João, temos o seu tema central: Deus enviou seu Filho
único, Jesus, para comunicar a vida eterna a todos que crerem nele. Esta
passagem diz como o amor de Deus está sendo enviado ao mundo por meio de Jesus.
Vamos entender a condição que tornou isso necessário: estamos sob a condenação
do pecado. Sejamos claros: Deus não nos condena; nós já estamos condenados! O
desejo de nosso Senhor é nos tirar da condenação; sendo assim, ele enviou Jesus
como a luz do mundo. O problema é que o pecado parece prazeroso, e as pessoas
correm da luz, pois não querem parar de pecar.
Este
parágrafo do Evangelho tem sido com freqüência mal interpretado. Nele se mostra
a imagem de um Deus, capaz de entregar seu Filho único à morte para que a
humanidade consiga a vida verdadeira e definitiva. Que pai estaria disposto a
isto? Nos perguntamos. Não.
A
morte de Jesus não é, em nenhum momento, resultado expresso da vontade e Deus,
mas da escuridão humana, do sistema judeu e, em especial, dos sumos sacerdotes
do partido dos saduceus que, aliados com o poder político romano e com a
cumplicidade do povo, condenaram injustamente um justo. A morte não foi vontade
de Deus, senão o resultado da liberdade humana – recebida certamente de Deus -
que decidiu amar as trevas a luz. Essa liberdade humana que, cheia do amor
divino, decide com freqüência condenar o justo e libertar o injusto.
Esse
justo que é descrito no Salmo 22 – salmo que o evangelista Marcos coloca na
boca de Jesus na cruz - como um miserável, não humano, vergonha do povo,
desprezo das pessoas; que ao vê-lo se todos escondem, fazendo faces de desprezo
e balançando a cabeça.
Esse
justo – que existem em grande quantidade em nosso mundo moderno – se sente
encurralado por uma “tropa de novilhos, por toros de Basã, que abrem a boca
contra ele, como leões que esquartejam e rugem".
Esse
justo que se sente como água derramada que para nada serve, com os ossos
desconjuntados é incapaz de mover se por si mesmo, como cera que se derrete,
com a garganta seca como uma telha, com a língua pegada ao paladar, apertado
contra o pó da morte.
Esse
justo que se sente encurralado por uma cambada de cães, cercado por uma faixa
de mal-feitores que lhe ferem as mãos e os pés, podendo contar todos os seus
ossos, que lhe olham triunfante enquanto repartem suas vestes.
A
escuridão hoje tem às vezes nome de religião que fanatiza, de injustiça social
que marginaliza, de dinheiro que priva a imensa maioria dos seres da terra de
uma vida digna. Deus não quer isso, pois isto é o que leva a morte de muita
gente hoje.
Diz-se
que um dia alguém procurou saber a opinião dos crentes sobre qual poderia ser a
página ou a passagem mais significativa da Bíblia. Houve muitas opiniões sobre
as mais variadas passagens da Escritura, nas quais vinham ressaltado o
compromisso de Deus com seus filhos, sua fidelidade às promessas, sua
misericórdia e amor infinitos... Finalmente foi esta passagem de Jo 3,16 a escolhida como a mais
profunda e bela, já que está aí condensado tudo o que desde antigamente se
viveu e se esperou: o amor eterno de Deus e sua manifestação definitiva: “Deus
amou tanto o mundo, que deu seu Filho unigênito, para que não morra todo aquele
que nele crer, mas tenha a vida eterna”.
A
fé em Jesus estrutura, então, todo um projeto de vida; um ideal no qual se vão
gastando pouco a pouco nossas forças e energias, mas que tem como resultado o
ganho da verdadeira e definitiva vida oferecida por Jesus, a que nos permite
sentirmo-nos e nos reconhecermos como verdadeiros homens e mulheres; a que nos
faz cada dia mais conscientes de nossa dignidade, de nosso próprio valor como
pessoa e daquilo que, como tal, representamos para Deus.
Nem
a fé e, sobretudo, o testemunho sobre a ressurreição de Jesus são questões
inócuas, assim como tampouco o foram nem a pregação, nem as ações de Jesus; a prova
é o desenlace final de seu ministério público e as situações posteriores que
seus discípulos devem também em seu ministério apostólico. A pregação e
exercício de uma fé inócua não ocasiona problemas, nem de cárcere, nem suscita
a inveja daqueles que se sentem amados e senhores dentro de um sistema.
A
presença de Jesus é acalentadora e motiva os discípulos a dar continuidade à
obra por Ele iniciada. Mesmo nos momentos de crise, não há como ignorar Sua
presença amorosa.
O
amor infinito do Pai é, pois, um desafio para nós, o amor não pode ser
correspondido senão com o amor; eis o grande desafio para uma sociedade cada
vez mais afundada em ódio e divisão: nossas atitudes e estilo de vida é uma
sistemática recusa à luz que nos foi dada; contudo, sempre é possível a
conversão, sempre é possível redirecionar nosso caminho, nossa vida, para
inserir-nos no “novo caminho”, na “nova vida” que nos foi proposta por Jesus e
que seus discípulos testemunham.
O
discípulo de Jesus Cristo é uma pessoa comprometida com seu Mestre e sua vida
está necessariamente sintonizada com os planos de Deus e em submissão aos seus
propósitos. Deus não impõe o seu plano de salvação a ninguém. O livre-arbítrio
concedido por ocasião da criação da humanidade é irrevogável.
Cabe
a nós, Igreja, pedir a Deus para que a luz do Cristo ressuscitado dissipe as
trevas dos homens, para que vejam suas obras más e delas se convertam.
Existe
algo que Deus, em seu amor, queira expor na sua vida e que você ainda tenta
esconder?
Oração: Ó Deus de bondade, instrui-nos, por teu Espírito,
a respeito da pessoa e da missão de Jesus, e levai-nos a aderir ao teu Filho,
sempre com maior radicalidade. Pai, aperfeiçoai em nós o sublime diálogo, para
que passemos dos afetos terrenos aos desejos do céu. Por Cristo, nosso Senhor.
Amém!
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