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agosto - Quando a mortificação nos custar, digamos a nós mesmos: o Paraíso é
sublime! (S175) São Jose Marello
Mateus 18,15-20
Se ele te
ouvir, tu ganharás o teu irmão.
Naquele tempo, Jesus disse
a seus discípulos: 15 Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo,
mas em particular, à sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. 16
Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a
questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17 Se ele não
vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado
como se fosse um pagão ou um pecador público. 18 Em verdade vos digo, tudo o
que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra
será desligado no céu. 19 De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de
acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isto vos será
concedido por meu Pai que está nos céus. 20 Pois onde dois ou três estiverem
reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles.'
REFLEXÃO
A lição do Evangelho de
hoje tem algumas entrelinhas interessantes para aplicarmos na nossa prática
diária... Jesus diz: _*“Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas
EM PARTICULAR, À SÓS CONTIGO!” Jesus não diz pra falarmos da
ofensa daquela pessoa para outras pessoas, ou para ficarmos ressentidos com
aquela pessoa e guardarmos a mágoa que temos por ela por tempo indeterminado...
O que Jesus nos pede exige de nós um esforço enorme...
Ele nos propõe, hoje, Unidade
na vida e na oração, por isso nos exorta a que sejamos pessoas coerentes nas
nossas atitudes de relacionamentos, prudentes nos julgamentos, com a
consciência de que o céu é testemunha das nossas ações na terra. Ele nos afirma
que seremos atendidos na nossa oração em comum quando tivermos unidade uns com
os outros nas nossas reivindicações. A Sua primeira exortação é para que não
condenemos ninguém somente pelas aparências, sem avaliar os seus motivos. Ele
mesmo nos ensina os passos para que possamos ajudar ao nosso irmão quando ele
erra. Ninguém tem direito a se omitir, muito pelo contrário, todos nós somos
convidados por Deus a nos manifestarmos com amor a fim de esclarecer certas
situações. Enquanto não tivermos a consciência do que se passa com os nossos
irmãos, não poderemos desistir deles, mesmo que seja preciso pedir o auxílio de
pessoas e até mesmo da Igreja. Deus nos colocou aqui na terra como
colaboradores da sua obra e o nosso irmão é criação de Deus, necessitado de
salvação, de misericórdia e de compreensão.
O fato de sermos “irmãos”,
não nos isenta da possibilidade de enfrentarmos divergências nos
relacionamentos da família da fé, pois a irmandade não elimina a nossa
individualidade: temos diferenças de criação, formação, visão, doutrina,
teologia, liturgia, estratégia e outras que, sem desejarmos, colocam-nos na
situação de ofendidos por algum de nossos irmãos. Por isso, como o pastor que
procura a ovelha perdida, a justiça do Reino não se cansa e tenta outra forma
de aproximar quem errou: se ele não lhe der ouvidos, tome consigo mais uma ou
duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou
três testemunhas. À primeira vista, tem-se a impressão de que estaríamos
fazendo um cerco em torno de quem errou. Mas essa atitude pode ser vista sob a
ótica da justiça do Reino, que tem como princípio fazer de tudo para que o
irmão não se perca. E se isso não der certo, toda a comunidade é chamada a se
pronunciar: caso não dê ouvidos, comunique à Igreja. E se, depois de esgotados
todos os recursos, depois de ter dado a quem errou a oportunidade de ouvir o
parecer de toda a comunidade é que a pessoa, por decisão de todos, é excluída:
se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou
um cobrador de impostos. Mesmo nesse caso a comunidade deve manter-se em
atitude prudente, dando uma chance em longo prazo a fim de que a pessoa se
arrependa e volte a ela. Antes de condenar ou excluir alguém, é preciso
aprender a justiça do Reino. E ter consciência de que os passos aconselhados
por Jesus não são normas rígidas, e sim um modo de agir que tempera com justiça
as relações entre pessoas. Em outras palavras, é preciso ser criativo no
esforço de recuperar quem erra e se afasta da comunidade. E o espírito que anima
essa tarefa não é o da exclusão, mas o da busca para reintegrar.
Tomar decisão de incluir
ou excluir pessoas da comunidade não é tarefa fácil, como pretendiam e faziam
os chefes de sinagoga daquele tempo. É necessário que tenhamos sempre em conta
a advertência de Jesus: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei
e a dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu. Para tanto, Ele dá
algumas indicações, que passam pela necessidade das pessoas se reunirem em nome
dele, a fim de, mediante a oração, chegarem a um consenso: se dois de vocês
estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir, isto lhes
será concedido por meu Pai que está no céu. Pois onde dois ou três estiverem
reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles.
É urgente que a comunidade
esteja sempre ligada à Cristo pelo fato de na comunidade existirem tensões
entre os diversos grupos e problemas de convivência: há irmãos que se julgam
superiores aos outros e que querem ocupar os primeiros lugares; há irmãos que
tomam atitudes prepotentes e que escandalizam os pobres e os débeis; há irmãos
que magoam e ofendem outros membros da comunidade; há irmãos que têm
dificuldade em perdoar as falhas e os erros dos outros. Somente estando em
permanente sintonia com Jesus que nos convida à simplicidade e humildade, ao
acolhimento dos pequenos, dos pobres e dos excluídos, ao perdão e ao amor que
conseguiremos vencer. Aliás, com Jesus e pela força da oração tudo pode ser
mudado. Só assim seremos uma comunidade verdadeiramente família de irmãos, que
vive em harmonia, que dá atenção aos pequenos e aos débeis, que escuta os
apelos e os conselhos do Pai e que vive no amor do Filho, animada pelo Espírito
Santo.
Ninguém pode viver a fé de
qualquer modo ou abandoná-la quando passar por aflições. As primeiras
comunidades cristãs enfrentavam algumas dificuldades de correção fraterna, onde
os mais humildes eram vítimas da falta de tolerância. E Jesus vem ensinar o
jeito de nos reconciliar com os outros e ajudá-los a se reconciliar. Esse é o
caminho que todos nós e nossa comunidade devemos percorrer. Não existe
comunidade sem diversidade, nem diversidade sem divergência. Quando esta for
detectada, os passos pessoais e comunitários precisam ser responsavelmente
tomados na certeza de que é possível construir uma convergência em Deus que
proporciona: unidade para ligar como discípulos da comunidade de Jesus somos
autorizados a ligar a “terra ao céu”, tudo fazendo para que a vontade de Deus
prevaleça sobre a vontade do homem; unidade para acordar a autoridade que deve
estar associada a uma espiritualidade que nos impulsiona a estabelecer
parcerias de oração e acordos sobre dificuldades no relacionamento para as
quais creremos sinceramente que o Pai seja capaz de sanar. Isto exige de nós a
unidade para experimentar a presença de Jesus. Construído e vivenciado o acordo
terapêutico pela oração, Jesus assegura a Sua presença em nosso meio.
A experiência cristã
evidencia que, muitas vezes, não temos nenhum controle sobre o que fazem
conosco, mas temos o controle sobre como reagiremos ao que nos foi feito.
Percorrer o caminho que vai da tristeza da ofensa para a experiência da
plenitude da presença restauradora de Jesus, este é o grande desafio da
comunhão da Igreja que precisamos buscar diligentemente! Assim haverá harmonia
e paz, concórdia e vida abundante entre nós.
Portanto, a lição que fica
pra hoje é essa: pensar nas pessoas que nos ofenderam (o que não é difícil...)
e analisar, com muita misericórdia, uma forma de se chegar até ela e conversar
sobre isso, sem acusações, mas na intenção de abrir os olhos daquela pessoa
para algo que talvez ela esteja fazendo sem perceber...
ORAÇÃO
Espírito de seriedade,
livra-nos da leviandade e, afastar da comunidade os membros que erraram. Pelo
contrário, que o façamos após a devida ponderação e discernimento diante do
Senhor. Amém
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