31 maio
– Que a
Mãe Santíssima nos guarde sempre debaixo do seu manto! (L 17). São Jose Marello
Maria e Isabel -
Lc 1,39-56
Naqueles
dias, Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma
cidade de Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel
ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel
ficou repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou: “Bendita és tu
entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do
meu Senhor venha me visitar? Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos,
o menino pulou de alegria no meu ventre. Feliz aquela que acreditou, pois o que
lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!”. Maria então disse: “A minha
alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,
porque ele olhou para a humildade de sua serva. Todas as gerações, de agora em
diante, me chamarão feliz, porque o Poderoso fez para mim coisas grandiosas. O
seu nome é santo, e sua misericórdia se estende de geração em geração sobre
aqueles que o temem. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os que tem
planos orgulhosos no coração. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os
humildes. Encheu de bens os famintos, e mandou embora os ricos de mãos vazias.
Acolheu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera
a nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. Maria
ficou três meses com Isabel. Depois, voltou para sua casa.
1º Meditação:
Lucas, em seu evangelho, com as
narrativas de infância de Jesus, deixa perceber a sua origem simples, em uma
casa pobre, na pequena vila de Nazaré, longe de Jerusalém, capital religiosa da
Judeia, e de qualquer outra grande cidade onde se concentram as elites
privilegiadas.
Os quatro evangelhos apresentam a inauguração do ministério de Jesus a partir
do seu encontro com João Batista, do qual recebe o batismo.
Lucas antecipa este encontro já no ventre de suas mães, e evidencia a íntima
relação entre João Batista e Jesus com os paralelos entre as anunciações de
suas concepções e as narrativas de seus nascimentos.
Maria, em seu cântico, manifesta-se solidária com os pequenos e humildes
excluídos. Ela exprime que tem consciência de que a ação de Deus nela, que a
engrandece, se dá em benefício de todos os povos. Ela sabe que não pode separar
uma graça pessoal de um dom em favor da comunidade e do povo.
Em Maria que visita a sua prima Isabel Deus na pessoa de Jesus, Seu Filho
visita o seu povo. Em Maria Deus anuncia a Alegria e serve discretamente a
humanidade inteira:Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.
Maria é portadora da fonte da
alegria e cada cristão é também convidado a sê-lo. A minha alma glorifica o
Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Com estas palavras Maria
reconhece, em primeiro lugar, os dons singulares que Lhe foram concedidos e
enumera depois os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o
género humano.
Não fique ingrata! Glorifica o
Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao
louvor e serviço de Deus e, pela observância dos mandamentos, mostra que está a
pensar sempre no poder da majestade divina.
Exulta em Deus, seu Salvador, o
espírito daquele que se alegra apenas em meditar no seu Criador, de quem espera
a salvação eterna.
Porque fez em mim grandes
coisas o Todo-poderoso, e santo é o seu nome. Maria nada atribui aos seus
méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom d’Aquele que, sendo por
essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e
fracos, em fortes e grandes.
Logo acrescentou: E santo é o
seu nome, para fazer notar aos que a ouviam e mesmo para ensinar a quantos
viessem a conhecer as suas palavras, que, pela fé em Deus e pela invocação do
seu nome, também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira
salvação, segundo a palavra do Profeta: E acontecerá que todo aquele que
invocar o nome do Senhor será salvo. É precisamente o nome a que Maria se
refere ao dizer: E o meu espírito exulta em Deus meu Salvador.
Enquanto a Igreja aguarda a
jubilosa esperança da vida eterna introduz na sua liturgia o costume, belo e
salutar, de cantar todos este hino de Maria na salmodia vespertina, para que o
espírito dos fiéis, ao recordar assiduamente o mistério da Encarnação do
Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se
constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira
santidade.
Como Maria, que da nossa boca
brotem apenas as palavras de gratidão que traduzem o sentir mais profundo do
nosso coração: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em
Deus, meu Salvador»
1º Reflexão Apostólica:
Maria
recebe de Deus um grande presente e uma grande responsabilidade – Ser a mãe de
Jesus. O que se passou na cabeça daquela jovem, na fração de segundos entre a
mensagem do anjo Gabriel e a resposta da mãe escolhida por Deus? Que reação
temos ao sermos pegos de surpresa?
Sim! Tremem-se as pernas, pupilas se dilatam, o corpo se arrepia, nosso tempo
de reação fica comprometido pela descarga de adrenalina na corrente sanguínea,
a freqüência cardíaca dispara, ficamos pálidos e geralmente não conseguimos nem
nos mover, outros apenas fogem.
Numa
situação fisiológica tão desconfortável e peculiar (ainda parece que é a noite)
é que Maria recebe o anúncio. O anjo a acalma, diz que nada há por temer,
recebe o SIM da jovem e parte!
Imagino agora a inquietação dessa serva ao saber o que lhe aconteceu por meio
do Espírito Santo. Imagine alguém que passou numa prova, num concurso, no
vestibular, [...] e que naturalmente quer que apareça, o mais rápido que
possível, alguém para que possa contar a novidade e com ela celebrar. Lembrei
dos meus familiares quando passei no vestibular… Estavam mais felizes do que
eu, mas por que?
Porque olhavam para meu sucesso como se fosse deles. O que eu havia conseguido
era uma vitória, mas para eles era o gol do time favorito numa final de
campeonato. “(…) Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e
ajudou o povo de Israel, seu servo. Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e
a todos os seus descendentes, para sempre”.
Foi assim que Isabel recebeu Maria. Isabel talvez se lembrasse das promessas de
Deus para seu povo, lembrava das vezes em que foram infiéis; olhava para Maria,
sua prima, e talvez pensasse: Ele nos perdoou! “(…) Você é a mais abençoada de
todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou eu
para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me
cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é
abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse”.
Isabel via naquele ventre a prova real que Deus não havia abandonado seu povo
(para o Judeu, o maior bem que podemos querer, é sentir a presença de Deus).
A alegria
de sua prima se firmava, pois em meio ao domínio romano, da opressão, dos
tantos deuses, da falta de fé, alguém conseguiu tocar a Deus, gesto este que
outras santas mulheres, santas, pois tinham fé, conseguiram durante a missão de
Jesus.
Do anúncio ao MAGNIFICAT foram poucos dias. Da possível dúvida que brotava de
um coração humano, da angústia de ser mãe numa terra onde apedrejavam as
adúlteras, de estar noiva de José e de portar em seu ventre a maior declaração
de amor de Deus, foram poucos dias. Isso nos chama atenção ao fato de não
podermos perder tempo. João Evangelista, mesmo tão querido e próximo a Jesus,
levou quase sessenta pra entender do fundo de sua alma que Deus é amor!
Maria com seu “SIM” ensinou ao mundo a perdoar e esquecer o erro de EVA e a
fraqueza de ADÃO. Fez acreditarmos novamente que nunca estamos sozinhos.
Maria foi visionária num tempo onde homens eram pequenos; foi destemida, pois
não sabia as linhas escritas no seu destino. Amou uma criança, a fez homem, o
viu pregar, anunciar, salvar, [...]. Jesus não passou num vestibular, mas creio
que Maria, como mãe, ao vê-lo se tornar grande, se realizou em seu filho.
Santa Maria, mãe de Deus, Rogai por nós!
2º MEDITAÇÃO;
Maria
“proclama que Deus realizou uma tríplice inversão das falsas situações humanas,
para restaurar a humanidade na salvação, obra de Cristo. No campo religioso,
Deus derruba as auto-suficiências humanas; confunde os planos dos que nutrem
pensamentos de soberba, erguem-se contra Deus e oprimem os homens. No campo
político, Deus destrói os injustificáveis desníveis humanos, abate os poderosos
dos tronos e exalta os humildes; repele aqueles que se apoderam indevidamente
dos povos, e aprova os que os servem para promover o bem das pessoas e da
sociedade, sem discriminações… No campo social, Deus transtorna a aristocracia
estabelecida sobre ouro e meios de poder, cumula de bens os necessitados e
despede de mãos vazias os ricos, para instaurar uma verdadeira fraternidade na
sociedade e entre os povos”
O
Evangelho de hoje que costumamos chamar “a visita de Maria a Isabel”. Pertence
aos relatos do nascimento e infância de Jesus. Lucas não pretende, em primeiro
lugar, mostrar como isso aconteceu, mas reler esses acontecimentos à luz da
morte-ressurreição de Jesus, a fim de iluminar a caminhada das primeiras
comunidades cristãs. Não se trata, pois, de curiosidade histórica, mas de
leitura teológica. Dividiremos essa seção em dois momentos: o encontro entre
Maria (grávida de Jesus) e Isabel (grávida de João), e o Canto doMagnificat.
Para
entender o objetivo de Lucas em relatar os eventos ligados à concepção e
nascimento de Jesus, é essencial conhecer algo da sua visão teológica. Para
ele, o importante é acentuar o grande contraste, e ao mesmo tempo a
continuidade, entre a Antiga e a Nova Aliança. A primeira está retratada nos
eventos ligados ao nascimento de João, e tem os seus representantes em Isabel,
Zacarias e João; a segunda está nos relatos do nascimento de Jesus, com as
figuras de Maria, José e Jesus.
Para
Lucas, a Antiga Aliança está esgotada — os seus símbolos são Isabel, estéril e
idosa, Zacarias, sacerdote que não acredita no anúncio do anjo, e o nenê que
será um profeta, figura típica do Antigo Testamento. Em contraste, a Nova
Aliança tem como símbolos a virgem jovem de Nazaré que acredita e cujo filho
será o próprio Filho de Deus. Mais adiante, Lucas enfatiza este contraste nas
figuras de Ana e Simeão, no Templo, especialmente quando Simeão
reza:"Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar o teu servo
partir em paz. Porque
meus olhos viram a tua salvação".
Na
anunciação, o anjo informara Maria a respeito da gravidez de Isabel, com a
garantia de que nada é impossível para Deus. Ao declarar-se serva do Senhor,
ela concebe Jesus e, como sinal de seu serviço, dirige-se apressadamente à casa
de Zacarias, ao encontro e a serviço de Isabel.
A
cena mostra o encontro de duas mães agraciadas com o dom da fecundidade e da
vida (Isabel era estéril e Maria não teve relações com nenhum homem); mostra
também o encontro de duas crianças, o Precursor e o Messias, ambos sob o
dinamismo do Espírito Santo.
Jesus
havia sido concebido por obra do Espírito; João Batista exulta no seio de
Isabel que, cheia do Espírito Santo, proclama Maria bem-aventurada. Mas a cena
mostra, sobretudo, que a Trindade se revela aos pobres e faz deles sua morada
permanente. O Pai havia revelado a Maria o dom feito a Isabel, a marginalizada
porque estéril; o Espírito revela a Isabel que Maria, a serva do Pai, se tornou
“mãe do Senhor”.
Assim
a Trindade entra na casa dos pobres e humilhados que esperam a libertação. Os
nomes das personagens nos ajudam a ver melhor: Jesus (= Deus salva); João (=
Deus é misericórdia); Zacarias (= Deus se lembrou); Isabel (= Deus é
plenitude); Maria (= a amada). Maria se torna, assim, pioneira insuperável de
evangelização, pois leva Jesus-Messias às pessoas.
Duas
são as características mais importantes de Maria no relato da visita a Isabel.
E são exatamente as qualidades do discipulado no Evangelho de Lucas: atenção e
adesão absolutas à palavra de Deus e, como conseqüência disso, serviço
incondicional a quem necessita. Maria é discípula fiel (em relação a Deus) e
solidária (em relação ao próximo).
Por
isso, não devemos reduzir a história de hoje a um relato que pretende mostrar a
caridade de Maria em cuidar da sua parente idosa e grávida. Se a finalidade de
Lucas fosse somente mostrar Maria como modelo de caridade, não teria colocado
versículo 56, que mostra ela deixando Isabel na hora de maior necessidade: "Maria
ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa". Também não é
verossímil que uma moça judia de mais ou menos quatorze anos enfrentasse uma
viagem tão perigosa como a de Galiléia à Judéia!
A
intenção de Lucas é literária e teológica. Ele coloca juntas as duas gestantes,
para que ambas possam louvar a Deus pela sua ação nas suas vidas, e para que
fique claro que o filho de Isabel é o precursor do filho de Maria. Por isso,
Lucas tira Maria de cena antes do nascimento de João, para que cada relato
tenha somente as suas personagens principais: dum lado, Isabel, Zacarias e
João; doutro lado, Maria, José e Jesus.
O
fato que a criança "se agitou" no ventre de Isabel faz recordar algo
semelhante na história de Rebeca, quando Esaú e Jacó "pulavam" no seu
ventre. O contexto, salienta que João reconhece que Jesus é o seu Senhor.
Iluminada pelo o Espírito Santo, Isabel pode interpretar a "agitação"
de João no seu ventre — é porque Maria está carregando o Senhor.
A
expressão de alegria de Isabel ao acolher Maria recorda a surpresa de Davi ao
acolher a Arca (“Como é que a Arca de Javé poderá ser introduzida em minha
casa?”. Em base a esse paralelismo, alguns vêem em Maria a arca da nova
Aliança, por ser ela a mãe do menino que é chamado Santo, Filho de Deus. Mas o
elogio de Isabel a Maria vai além de sua maternidade física.
A
grande bem-aventurança de Maria é ter acreditado que as coisas ditas pelo
Senhor iriam cumprir-se. Isso está em perfeita sintonia com o Evangelho de
Lucas, no qual ela aparece como modelo do discípulo. O próprio Jesus afirma
haver uma bem-aventurança que supera a da maternidade física: “Felizes,
antes, os que ouvem a palavra de Deus e a observam”. Maria, a escrava do
Senhor, merece a bem-aventurança dos ouvintes cristãos a quem Lucas, chama de
servos e servas do Senhor.
As
palavras referentes a Maria: "Você é bendita entre as mulheres,
e bendito é o fruto do seu ventre" fazem lembrar mais duas mulheres
que ajudaram na libertação do seu povo, no Antigo Testamento: Jael e Judite.
Aqui Isabel louva a Maria que traz no seu ventre o libertador definitivo do seu
povo. Vale destacar o motivo pelo qual Isabel chama Maria de
"bem-aventurada": "Bem-aventurada aquela que
acreditou". Maria é bendita em primeira lugar, não por sua maternidade,
mas pela fé - em contraste com Zacarias, que não acreditou.
Assim,
Lucas apresenta Maria principalmente como modelo de fé. Já no relato da
Anunciação, Maria expressou essa fé quando disse: "Faça-se
em mim segundo a tua palavra". Assim, ela aceita, não somente ser a mãe do
Senhor, mas a protagonista da construção duma sociedade de solidariedade e
justiça, tão almejada por Deus.
Por
isso, Lucas faz uma releitura do Canto de Ana e coloca nos lábios de Maria o
canto do Magnificat,
em sintonia com a espiritualidade secular dos Pobres de Javé, que, desprovidos
de qualquer poder, põem a sua esperança em Deus, que "dispersa os soberbos
de coração, derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; aos famintos
enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias".
Longe
de ser uma figura passiva, a Maria deste capítulo é modelo para todos que
assumem a luta em favor duma sociedade alternativa, de partilha, solidariedade
e fraternidade. No Magnificat, Deus realiza a esperança dos pobres.
Algumas
observações preliminares ajudarão a entender melhor o texto. Em primeiro lugar,
devemos perguntar se foi Maria quem pronunciou esse hino de louvor que chamamos
de Magnificat. Alguns manuscritos atribuem esse hino a Isabel. O Magnificat se
inspira fortemente no canto de Ana, mãe de Samuel, depois que Deus a livrou da
humilhação da esterilidade. Nesse sentido, o hino está mais para Isabel do que
para Maria. Porém, a idéia de serva e a expressão “todas as gerações me
chamarão de bem-aventurada” se adaptam melhor a Maria.
Em
segundo lugar, os estudiosos são concordes em afirmar que o Magnificat,
assim como se encontra, não foi composto por Maria. Uma prova disso são os
verbos no passado: agiu com a força de seu braço, dispersou, depôs, exaltou,
cumulou, despediu etc. Esses verbos no passado revelam que o hino é lido à luz
da vida, morte e ressurreição de Jesus. “Deus inverteu o estado de coisas que a
crucifixão havia criado”.
Em
terceiro lugar, trata-se de descobrir quem compôs esse hino. É bem provável que
fosse um hino das primeiras comunidades cristãs, onde se louva a intervenção de
Deus em favor dos pobres, humilhados e famintos, contra os orgulhosos,
poderosos e ricos (característica dos hinos de louvor).
O
contraste de sortes ressalta o poder de Deus e as maravilhas que realiza em
favor dos pobres, coroando suas esperanças. Lucas atribuiu esse hino a Maria
porque ela, mais que todos, expressava os sentimentos e atitudes de
compromisso, esperança e confiança no poder de Deus.
Lucas
foi muito corajoso ao atribuir esse hino a Maria, ressaltando-lhe o valor e a
importância enquanto figura representativa de uma coletividade. Ela, portanto,
é porta-voz qualificada dos discípulos cristãos, dos pobres que anseiam por
libertação. É porta-voz dos oprimidos, pobres, aflitos, viúvas e órfãos.
Opostos a esses estavam os ricos, mas também os orgulhosos e auto-suficientes
que punham suas esperanças nos próprios recursos, não sentindo qualquer
necessidade de Deus.
É
um texto profético. Não no sentido de previsão do futuro, mas no sentido
genuíno da profecia, que pode ser traduzida como denúncia de algo errado e
anúncio de uma transformação. Maria é profetisa porque, movida pelo Espírito,
encarna os ideais dos profetas do Antigo Testamento, do qual também ela faz
parte.
O
espírito do Magnificat combina
com o da comunidade de Jerusalém, na qual provavelmente o hino tomou corpo,
tornando-se canto de louvor pela libertação. Pondo-o nos lábios de Maria, Lucas
atribui a ela um papel importante na história da salvação, “um papel
representativo que, partindo do relato da infância, penetrará no mistério de
Jesus e chegará finalmente à Igreja primitiva”.
O Magnificat,
como os salmos do tipo “hino de louvor”, contém uma introdução onde se louva
Deus; um corpo, que enumera os motivos de louvor, e uma conclusão, que ressalta
por que Deus agiu assim, cumprindo as promessas feitas aos antepassados.
A
introdução vê realizadas as expectativas de Ana e do profeta Habacuc, que
traduzem as esperanças dos pobres (“anawim). Atribuindo a Maria este hino,
Lucas a torna intérprete dos anseios dos humilhados que vêem, finalmente,
realizadas suas esperanças.
O
corpo do Magnificat ressalta
a ação de Deus em favor dos humilhados. Essa ação é descrita como maravilha,
termo que, na Bíblia, marca as grandes intervenções de Deus em vista da
libertação (por exemplo, o êxodo). A maravilha divina é libertar os que sofrem
e esperam nele, exaltando-os e cumulando-os de bens. Os aspectos político e
econômico estão bem representados (poderosos destronados; ricos despedidos de
mãos vazias).
A
conclusão salienta que a ação de Deus em favor dos pobres é fruto da memória de
sua misericórdia, renovando hoje os benefícios e opções feitos no passado,
mantendo assim a fidelidade prometida a Abraão e a seus descendentes.
Podemos
também acrescentar que neste capítulo primeiro, nós encontramos — na Bíblia —
as frases da primeira parte da oração da "Ave Maria": "Ave
Maria" (Lc 1,28), "Cheia de graça" "O Senhor é
convosco"(Lc 1,28), "Bendita sois vós entre as mulheres."
"Bendito o fruto do vosso ventre" (Lc 1,42), que demonstra que,
quando tratado com fundamento bíblico, a figura de Maria não é empecilho para
uma caminhada ecumênica, pois a Escritura a aponta como modelo de fé para todos
nós!
Maria,
casada com um carpinteiro da Galiléia, vive com fidelidade o projeto
vivificante de Deus. Ao saber que sua parenta, Isabel, casada com um sacerdote
do Templo de Jerusalém, estava com uma gravidez mais avançada que a sua, vai
servi-la. Temos o encontro da periférica Galiléia com a elitizada Judéia.
Maria, oriunda da periferia, já vive a dimensão do serviço, característica
dominante na prática de Jesus, que "não veio para ser servido mas para
servir".
A
presença do Reino entre os pobres é destacada por Maria em seu cântico:
"Ele... derrubou os poderosos de seu tronos e exaltou os humildes. Encheu
de bens os famintos e mandou embora os ricos de mãos vazias".
Assumindo
responsavelmente o projeto de Deus, Maria é figura e esperança de quantos
aspiram por liberdade e vida. Ela vem reforçar a confiança dos pobres, ao
mostrar que neles o Poderoso opera maravilhas de libertação. Serva fiel,
bem-aventurada porque acreditou nas promessas, solidária com os necessitados, é
mãe das comunidades que lutam contra os dragões que procuram matar as sementes
do Reino e roubar-lhes as esperanças. Associada intimamente a Jesus por sua
maternidade e mais ainda pela prática da Palavra, participa da vitória de
Cristo, primícia da vida em plenitude.
As
palavras de Maria refletem a alegria do espírito, difícil de exprimir: Meu
espírito se alegrou em Deus, meu Salvador. Porque a verdade profunda, tanto a
respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-se a nós em
Cristo, que é, simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação.
No
arroubo de seu coração, Maria confessa ter-se encontrado no próprio âmago dessa
plenitude de Cristo. Está consciente de que em si está sendo cumprida a
promessa feita aos pais e, em primeiro lugar, em favor de Abraão e de sua
descendência para sempre: que para si, portanto, como Mãe de Cristo, converge
toda a economia salvífica, na qual de geração em geração se manifesta
aquele que, como Deus da Aliança, se lembra de sua misericórdia.
O
“canto de Maria” retrata sua gratidão a Deus e o reconhecimento de ser
escolhida para se tornar a mãe do Salvador. O canto de Maria nos estimula a
lutar pelo mundo novo já iniciado com a ressurreição de Jesus. Esse mundo novo
irá se tornando realidade concreta se formos cidadãos conscientes e
responsáveis.
Martinho
Lutero escreveu um belo comentário do Magnificat de
Maria, em que repetidamente ele se refere à “doce Mãe de Deus” e
exalta a Virgem Maria nestes termos:
“Ela nos ensina como devemos amar e louvar a Deus, com alma despojada e de modo
verdadeiramente conveniente, sem procurar nele o nosso interesse. Ora, ama e
louva a Deus com o coração simples e como convém a quem o louva simplesmente
porque é bom; quem não considera mais que a sua pura bondade e só nela encontra
o seu prazer e a sua alegria. Eis um modo elevado, puro e nobre de louvar : é
bem próprio de um espírito alto e nobre corno o da Virgem. Aqueles que amam com
coração impuro e corrompido, aqueles que, de maneira semelhante à dos
exploradores, procuram em Deus o seu interesse, não amam e não louvam a sua
pura bondade, mas pensam em Si mesmos e só consideram quanto Deus é bom para
eles mesmos. A religiosidade verdadeira, portanto, é louvor a Deus
incondicionado e desinteressado.”
“Maria — escreve a seguir Lutero — não se orgulha da sua dignidade nem da sua
Indignidade, mas unicamente da consideração divina, que é tão superabundante de
bondade e de graça que Deus olhou para uma serva assim tão insignificante e
quis considerá-la com tanta magnificência e tanta honra... Ela não exaltou nem
a virgindade nem a humildade, mas unicamente o olhar divino repleto de
graça.(...) De fato não deve ser louvada a sua pequenez, mas o olhar de Deus”
(Do livro “Maria Mãe dos homens”, p.561).
A
propósito, é interessante lembrar que, além de Lutero, outros mestres da
Reforma, no século XVI, como Calvino e Zuínglio, foram muito fiéis a
Maria deixaram belas expressões de estima e louvor a Maria Santíssima.
Calvino,
em alguns aspectos, foi mais radical. Suprimiu as festas Marianas, aceita
o título “Mãe de Deus” definido pelo Concílio de Éfeso em 431 mas prefere a
expressão “Mãe de Cristo”. Sustenta a perpétua virgindade de Maria, afirmando
que “os irmãos de Jesus” citados em (Mateus 13,55) não são
filhos de Maria, e sim parentes. Professar o contrário, segundo Calvino,
significa “ignorância”, louca sutileza e “abuso da Sagrada Escritura”.
Zuínglio,
o reformador em Zurich, conservou três festas Marianas e a recitação da Ave
Maria durante o culto sagrado. Os seus testemunhos, aos quais outros
se poderiam acrescentar, dão suficientemente a ver como a crença em Maria ocupa
lugar eminente no conjunto das verdades que a fé cristã sempre professou.
E
para nós: O que representa Maria? Em que o Magnificat influencia
em nosso modo de viver o cristianismo hoje?
Que
saibamos estar atentos aos que estão à nossa volta! Que os sofrimentos e as
dificuldades que envolvem as família, façam parte de nossa oração! Confiemos
estas famílias a Maria, para que encontrem em seu caminho as graças da
esperança e da alegria profunda. Que nosso Pai que está nos céus nos guie na sua
Paz!
3º Meditação:
Lucas coloca nos lábios de Maria o que todo
cristão de coração simples deve, não somente proclamar com seus lábios, mas
realizar também através de seu esforço e de sua luta de cada dia; é um convite
a não continuar “engolindo” o conto que uma sociedade tão injusta como a de
Maria – e como a nossa – seja o reflexo de algum desígnio ou querer de Deus.
O que é de fato revolucionário é que o Magnificat revela uma imagem de Deus
absolutamente diferente da imagem de Deus que os opressores constroem. Será,
então, que há um Deus para cada um? Evidentemente que não.
Logo, com a imagem de Deus, que se revela
nos humildes e simples, desmonta-se e se desmascara esse deus criado pelos
poderosos, imposto a todo o povo, e ao qual “amam” porque continuamente bendiz
seus interesses.
Essa é a idéia dos deuses falsos, dos ídolos, que os profetas atacaram tão
veementemente. Não se trata tanto de imagens ou figuras físicas, feitas de
madeira ou pedra, mas sim de uma idéia, uma concepção distorcida de Deus que se
impõe às pessoas como verdadeira e única.
Isabel ficou cheia do Espírito Santo quando
Maria a visitou! Assim sendo, a Mãe de Jesus nos ensina que quando levamos
Jesus para as pessoas, elas também ficam cheias do Espírito, por isso, se alegram
com a nossa chegada.
Às vezes até podemos achar que somos imprescindíveis e muito importantes para o
irmão, todavia, devemos ter consciência de que somos meros canais da graça do
Senhor.
O Espírito Santo é quem realiza a obra do Senhor no nosso coração e é quem nos
faz sair de nós mesmos (as) e ir à busca dos que estão necessitados.
Sem mesmo percebermos nós somos
instrumentos de Deus na vida dos nossos irmãos para que se cumpram os Seus
desígnios e os Seus planos se realizem. Basta que nos ponhamos atentos e
disponíveis, o Senhor nos usa para levarmos consolo, abrigo, alegria e
solidariedade.
Maria soube distinguir isto e não perdeu
tempo, pôs-se a caminho das montanhas esquecendo a glória de ser mãe de Deus se
fez serva, auxiliadora, anunciadora e canal da graça do Espírito Santo. Assim,
ela foi a primeira a levar a alegria de Jesus ao mundo! Maria mesma se auto
afirmou ser bem-aventurada, feliz, cheia de graças!
Somos também bem aventurados (as) se acreditamos nas promessas do Senhor. O Espírito
Santo é quem nos ensina a louvar a Deus e a manifestar gratidão pelos Seus
grandes feitos na nossa vida, por isso, também somos felizes.
Assim como visitou Isabel, transmitindo a ela e a João Batista, o poder do
Espírito, Maria hoje, também nos visita e traz para nós o Seu Menino Jesus,
cheio do Espírito Santo que nos ensina a cantar, a louvar, a bendizer a Deus
com os nossos lábios.
“O Senhor no meio de nós, nos salva”, são palavras que ressoam da profecia de
Sofonias e nos levam a pensar de imediato na pessoa de Maria, que por seu
“sim”, deu uma reviravolta não só em sua vida, mas na história mesma da
humanidade ao aceitar que em seu seio o Senhor se encarnasse.
O Espírito Santo é quem leva Isabel a
reconhecer em Maria a presença de Deus e a exultar de alegria. E é quem move
Maria a cantar um precioso louvor dirigido ao Pai, reconhecendo-o como
cumpridor da promessa a seu povo de libertá-lo e conceder-lhe em seu Filho o sol da
justiça que dispersa aos soberbos e enaltece os humildes.
Hoje, junto com Maria e a partir da
experiência de Deus que inundou como a ninguém seu Coração Imaculado, elevemos
o mais piedoso louvor, porque ele se continua manifestando grande e próximo no
meio dos sofrimentos e dificuldades de seu povo, cumprindo cada dia com sua
promessa de amor pela humanidade. Que seu Santo Espírito nos mova a louvá-lo
como o verdadeiro Salvador que vem ao nosso encontro.
Você também se considera bem aventurado
(a)? Você se sente comprometido (a) com Deus? Você tem usado o Espírito Santo que
mora em você para ir à busca daqueles que precisam ser amados e ajudados?
Imagine-se como Maria visitando hoje alguém que você sabe que está precisando
de amor!
3º Reflexão Apostólica:
Em Maria que visita a sua prima Isabel Deus
na pessoa de Jesus, Seu Filho visita o seu povo. Em Maria Deus anuncia a
Alegria e serve discretamente a humanidade inteira: Porque até o Filho do Homem
não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita
gente.
Maria é portadora da fonte da alegria e
cada cristão é também convidado a sê-lo. A minha alma glorifica o Senhor e o
meu espírito exulta em Deus meu Salvador.
Com estas palavras Maria reconhece, em
primeiro lugar, os dons singulares que Lhe foram concedidos e enumera depois os
benefícios universais com que Deus favorece continuamente o gênero humano.
Não fica ingrata! Glorifica o Senhor a alma
daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e
serviço de Deus e, pela observância dos mandamentos, mostra que está a pensar
sempre no poder da majestade divina.
Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito
daquele que se alegra apenas em meditar no seu Criador, de quem espera a
salvação eterna.
Porque fez em mim grandes coisas o
Todo-poderoso, e santo é o seu nome. Maria nada atribui aos seus méritos, mas
reconhece toda a sua grandeza como dom d’Aquele que, sendo por essência
poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em
fortes e grandes.
Logo acrescentou: E santo é o seu nome,
para fazer notar aos que a ouviam e mesmo para ensinar a quantos viessem a
conhecer as suas palavras, que, pela fé em Deus e pela invocação do seu nome,
também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação,
segundo a palavra do Profeta: E acontecerá que todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo. É precisamente o nome a que Maria se refere ao dizer: E o
meu espírito exulta em Deus meu Salvador.
Enquanto a Igreja aguarda a jubilosa
esperança da vida eterna introduz na sua liturgia o costume, belo e salutar, de
cantar todos este hino de Maria na salmodia vespertina, para que o espírito dos
fiéis, ao recordar assiduamente o mistério da Encarnação do Senhor, se entregue
com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos
da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade.
Rezemos com Maria, hoje: “Minha alma
glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador,
porque olhou para a sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão
bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que
é poderoso e cujo nome é Santo!”
Como Maria, que da nossa boca brotem apenas
as palavras de gratidão que traduzem o sentir mais profundo do nosso coração:
«A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu
Salvador»
Propósito:
Pai,
conduze-me pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se consumou,
sendo exaltada por ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a comunhão
plena contigo.
POSITIVO E REALISTA
Pensar positivamente irá permitir que você faça tudo que o pensar
negativo jamais irá permitir.
É realistico ser
positivo quando a sua vida está abarrotada de problemas muito difíceis? Sim,
com absoluta certeza. Ser positivo não significa ignorar ou evitar problemas.
Ser positivo significa ver aquelas dificuldades da maneira que elas são, e, a
seguir, fazer tudo que é necessário para superá-los. Isso demanda esforço e
compromisso e não é uma tarefa fácil. Porém, é a melhor de todas as outras
opções.
Evidente que é difícil permanecer positivo quando os problemas infestam ao seu
redor, mas é precisamente quando o seu foco positivo pode fazer a maior de
todas as diferenças. Não há necessidade de negar a realidade afim de permanecer
positivamente focado. Com disciplina, diligencia, esforço e compromisso você
pode sim – pela graça de Deus – melhorar o seu momento.
Você não precisa perder o seu foco positivo para ser realistico e certamente
que não é necessário negar a realidade afim de ser positivo. Permaneça realista
e positivo ao mesmo tempo, pois assim você estará mudando o mundo para melhor.