02
julho – Vós
estareis no mundo, porém vossos ouvidos não prestarão atenção às vozes e às
conversas do mundo, às blasfêmias e às impiedades dos homens, mas já ouvirão os
cantos dos anjos que vos chamam a si; mesmo que ouçam essas vozes, será apenas
para vos oferecer como vítimas
de reparação ao amor desprezado de Jesus. (S 354). São
Jose Marello
SÃO PEDRO E
SÃO PAULO APÓSTOLOS
Leitura do
santo Evangelho segundo São Mateus 16,13-19
"Jesus foi à região de Cesaréia
de Filipe e ali perguntou aos discípulos: "Quem dizem as pessoas ser o
Filho do Homem?" Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista;
outros, Elias; outros ainda, Jeremias ou algum dos profetas". "E
vós", retomou Jesus, "quem dizeis que eu sou?" Simão Pedro
respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus então
declarou: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e
sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te
digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do
Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o
que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra
será desligado nos céus". "
Meditação:
O
texto de hoje pertence a uma seção maior, que provavelmente se prolonga até o
v. 28. É dentro desse contexto que Pedro recebe a revelação de que Jesus é o
Messias.
Contudo,
o que Pedro vê em Jesus não é fruto de especulação, pois Jesus é o Messias
plenamente humano, a ponto de enfrentar a morte. Pedro, pedra sobre a qual
Jesus edificará a sua Igreja, torna-se pedra de tropeço (Satanás), porque não
pensa as coisas de Deus; ao contrário, está agarrado à mentalidade da sociedade
estabelecida, que espera um Messias glorioso e poderoso e, por isso mesmo,
rejeitará Jesus, levando-o à morte (vv. 21-23).
Esta
narrativa da "confissão de Pedro" se completa e encontra seu sentido
pleno com a narrativa seguinte sobre o primeiro "anúncio da paixão",
com o diálogo conflitivo entre Jesus e Pedro.
Estas
narrativas são encontradas nos três evangelhos sinóticos, Marcos, Mateus, e
Lucas, porém com destaques próprios em cada um destes evangelistas.
Marcos, que é o primeiro dos evangelhos canônicos a ser escrito, situa a
passagem narrada no momento em que Jesus encerra seu ministério entre os
gentios da Galiléia e das regiões vizinhas, iniciando o caminho para Jerusalém,
em ambiente de exclusividade judaica, onde se dará o confronto final com os
chefes de Israel.
Marcos
se preocupa em mostrar que Jesus rejeita o título messiânico, indicativo de
ambição e poder, afirmando-se como o simples e humilde humano, cheio do amor de
Deus e comunicador deste amor que dura para sempre.
Um
sinal de seu despojamento é a sua vulnerabilidade à morte programada pelos
chefes do Templo e das sinagogas. Lucas, por sua vez, despreocupa-se com a
situação temporal e geográfica do episódio narrado, colocando-o em um momento
de oração de Jesus, e conclui sua narrativa, como Marcos, registrando a
rejeição sumária de Jesus ao título messiânico.
No texto de Mateus, acima, encontramos duas de suas características dominantes.
Mateus acentua a dimensão messiânica de Jesus e já apresenta sinais da
instituição eclesial nascente.
Mateus
escreve na década de 80, quando os discípulos de Jesus oriundos do judaísmo
estavam sendo expulsos das sinagogas que até então freqüentavam. Mateus
pretende convencer estes discípulos de que em Jesus se realizavam suas
esperanças messiânicas moldadas sob a antiga tradição de Israel. Daí o
acentuado caráter messiânico atribuído a Jesus por Mateus.
Os
cristãos, afastados das sinagogas, começam a estruturar-se em uma instituição
religiosa própria, na qual a figura de referência é Pedro, já martirizado em
Roma.
Ele
foi um discípulo de Jesus de grandes contrastes, de altas e baixas, de grandes
acertos e grandes mancadas. Mas, uma coisa que temos que admirar em Pedro –
apesar das suas falhas e tropeços, ele sempre continuou crescendo, amadurecendo
e progredindo. Tudo isso se deu em sua vida porque ele continuava com Jesus.
Na
ocasião em que Jesus perguntou aos discípulos quem “os outros” diziam que ele
era, Mateus registra que pelo menos alguns deles falaram. “Eles responderam”
diz Mateus. Ou seja, pelo menos dois ou três ou mais comentaram.
O
que se percebe pelos comentários dos discípulos é que havia uma certa confusão
a respeito da pessoa de Jesus. O povo estava dividido. Uns diziam uma coisa,
outros outra.
A
situação naquela época é parecida com o mundo de hoje. Há quem diga que Jesus
era um grande homem, até um profeta.
Outros
grupos dizem que ele era um espírito elevado, no último estágio de
desenvolvimento. Outros afirmam que ele nada mais era que um ser humano comum,
só que super-dotado de inteligência e carisma.
Quando
Jesus pergunta aos discípulos quem eles diziam que Jesus era, logo Pedro se
destaca com a resposta. Note que a pergunta foi dirigida ao grupo “E vocês”?
Jesus pergunta. Mas, Pedro responde logo, como se fosse por todos. A resposta
de Pedro, talvez precipitada, contudo é certeira – “Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo”.
Vemos
em Pedro uma disposição de adiantar-se, e confessar uma verdade que não está
nem um pouco de acordo com a opinião popular, e até em choque com a posição
oficial dos líderes religiosos da época.
Que
ousadia e coragem. Que convicção e fé Pedro tinha. Quem não queria ousadia e fé
assim? Quem não queria ficar no lugar de Pedro e ouvir as palavras de elogio e
confirmação do Mestre? Mas, logo em seguida, vemos Pedro mais uma vez
falando, só que desta vez para sua própria vergonha.
“Desde
aquele momento Jesus começou a explicar aos seus discípulos que era necessário
que ele fosse para Jerusalém e sofresse muitas coisas nas mãos dos líderes
religiosos, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse
no terceiro dia.
Então
Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: ‘Nunca, Senhor!
Isso nunca te acontecerá!’ Jesus virou-se e disse a Pedro: ‘Para trás de mim,
Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, e não pensa nas coisas de Deus,
mas nas dos homens’.” (Mt 16,21-23)
Num
momento Pedro podia confessar a Jesus como o enviado de Deus, e logo em seguida
mostrar que nada entendia da sua missão como Messias.
Ao
insistir que Jesus não podia ir à cruz, Pedro negava aquilo que fazia de Jesus
o Cristo. Se Jesus tivesse seguido o entendimento de Pedro, não só Pedro, mas,
toda a raça humana teria sido perdida.
Que
falta de entendimento! Que ignorância dos propósitos de Deus! Aquele, cuja fé
foi chamado uma Pedra para edificar a igreja, foi taxado de pedra de tropeço.
O
discípulo mais simples hoje entende o que Pedro quis discutir com o próprio
Jesus. Como é que isso podia suceder? Como é que um homem de uma fé tão forte e
firme podia ao mesmo tempo não compreender a missão do Messias e o plano de
Deus para a salvação?
O
fato é que qualquer discípulo é capaz de não entender algum aspecto da vontade
de Deus. O próprio Pedro mais tarde escreveu que há ensinamentos na Bíblia
difíceis de entender (2Pd 3,16).
Quem
pode afirmar que entende tudo que a Bíblia ensina? Vemos em Pedro que até um
discípulo bem chegado a Jesus era capaz de confundir as coisas. E nós hoje?
O
importante a apreender desta história é que precisamos da fé que Pedro tinha.
Mas, ninguém é discípulo por compreender tudo, e sim por confiar unicamente e
completamente em Jesus.
Com
a repreensão de Jesus, Pedro, sem dúvida deve ter ficado constrangido,
envergonhado e humilhado. Mas, ele não deixou de seguir Jesus.
Este
é o ponto mais importante da história, a fé dele em Jesus era muito maior que a
fé dele no seu próprio conhecimento, sabedoria ou entendimento das Escrituras.
A
fé de Pedro estava depositada totalmente em Jesus. Entendendo ou não o presente
ou o futuro, compreendendo ou não as próprias Escrituras, Pedro sabia que o
mais importante era confiar em Jesus e continuar com Ele.
Pouco
tempo depois, Jesus demonstrou o quão grande é a fé de um discípulo. Apesar da
falha de Pedro e da repreensão dura que Jesus lhe deu, seis dias depois Jesus o
chamou para um dos momentos mais marcantes da sua vida aqui na terra.
"Seis
dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou,
em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto
resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis
que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele." (Mt 17,1-3)
Naquela
ocasião, se lemos um pouco adiante, Pedro cometeu outro gafe ao sugerir que
fossem feitas tendas para Jesus, Moisés e Elias.
O
importante da lição é visto logo no início. O discípulo que se viu como pedra
de tropeço uma semana antes, agora se viu ao lado de Jesus num dos momentos
mais extraordinários da sua vida aqui na terra – e a convite pessoal do
Mestre.
Jesus
se importa com o nosso entendimento, com a nossa compreensão da vontade de
Deus. E, como discípulos verdadeiros, devemos sempre buscar conhecer e obedecer
cada vez mais a Palavra de Deus.
O
mais importante, o mais crucial em tudo é algo que o próprio Deus nos dá – fé
em Jesus. Creia em Jesus, confie em Jesus e continue com Jesus até o fim. Disso
aí, você nunca vai se arrepender.
Embora no Novo Testamento se perceba conflitos entre Pedro e Paulo (Gl
2,11-14), a liturgia os reúne em uma só festa. Pedro é lembrado pelo seu
testemunho corajoso diante da perseguição e Paulo, por seu empenho missionário
em territórios da diáspora judaica
A
Igreja celebra Pedro e Paulo no mesmo dia porque trabalharam na unidade da fé e
na diversidade de modalidades. Sua força apostólica está na fé em Jesus. Pedro
e Paulo não se diferem pelo apego à tradição ou inovação, mas pelo campo. Ambos
têm a tradição que preserva e a inovação que assume caminhos novos. Ambos vivem
da fé.
Unidos
pelo martírio recebem igual veneração. Sofrem por causa do Evangelho. Herodes
prende Pedro e Paulo está preso em Roma com a consciência de ter combatido o
bom combate e guardado e fé. Ambos sabem que o Senhor esteve sempre com eles.
O
ensinamento desta festa é a abertura à tradição e o acolhimento da novidade
para ser fiel. Eles são colunas da Igreja, mas também dão rumos. Há tendência
de voltar à tradição pela tradição ou ir à novidade pela novidade.
Como
Pe. Vitor Coelho dizia: "A Igreja não é de bronze, pois enferruja. É uma
árvore que cresce porque tem ramos novos e permanece porque tem tronco.".
Celebrando
S. Pedro e S. Paulo nós celebramos a ação de Deus em Jesus para implantar o seu
Reino no mundo. Ele usou duas luvas de briga: uma grosseira, Pedro, e outra
mais caprichada, Paulo. Por que essa diferença?
Os
dois implantaram a Igreja de Deus em dois mundos diferentes, mundo judeu e
mundo pagão. Missão diferente, mas o mesmo fim. Diferente é o modo de
compreender a fé. Isso enriquece.
O
judaísmo tende ao ritualismo; o paganismo tende a um modo mais livre de vida. A
Igreja se enriquece com esses dois modos de entender.
Eles
se fundam na fé. Pedro e Paulo vivem Jesus. Mesmo passando na boca do leão,
foram salvos e preservados. Deram a vida por Jesus. Eles falavam grosso e
tinham o que dizer sobre Deus. Eu e você, o que temos feito no que toca a nossa
fé em Deus?
A
fé professada por Pedro se dá em um momento crucial da vida de Jesus, e O anima
a seguir rumo à Paixão. Pedro recebe uma bem-aventurança: “Feliz és tu Simão,
pois não foi um ser humano que te revelou isso, mas meu Pai que está nos céus”.
Tem o dom de ser pedra de alicerce sobre a qual Jesus constrói a Igreja e lhe
dá o poder de ligar e desligar (Mt 16,17-19).
Paulo
reconhece a ação do Espírito: “Combati o bom combate, completei a corrida,
guardei a fé” (2Tm 4,7).
Deram a vida pela Igreja e por Cristo.
Rezamos
no prefácio: “Unidos pela coroa do martírio, recebem igual veneração”. Eles têm
consciência durante sua vida de que a perseguição que sofrem é por causa do Evangelho.
Herodes
desencadeou a perseguição sobre a Igreja; Matou Tiago e prendeu Pedro para
apresentá-lo ao povo e ser morto. Ele foi libertado da prisão por um anjo (At
12,1-11).
Paulo
tem consciência do fim: “Já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se
o momento de minha partida” (2Tm 4,8).
Os dois têm a experiência de que são protegidos pelo Senhor: “O Senhor esteve a
meu lado e me deu forças” (v. 17); Pedro reconhece: “Agora sei que o Senhor
enviou seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o povo
judeu esperava” (v.11).
O
ensinamento desta festa à Igreja é a abertura à tradição e ao acolhimento da
novidade para ser fiel. A Igreja tem que se voltar sempre para o dinamismo
destes dois homens que deram a vida pelo evangelho. Eles nos ensinam.
Não
podemos ficar na superficialidade e celebrar sem refletir o que os fez grandes.
Eles não só são colunas da fé, mas também dão rumos para seu futuro.
Vivemos
tempos nos quais há tendências de voltar à tradição pela tradição e à novidade
pela novidade. Mas devemos partir da fé que professamos em cada celebração.
Reflexão Apostólica:
O reconhecimento de Jesus não é fruto de especulação ou
de teorias sobre ele, e sim de vivência do seu projeto (prática da justiça).
É com pessoas que o confessam, como Pedro, que nasce a comunidade (v. 18a).
Essa confissão é forte como a rocha. No entanto, não é fácil confessar.
Jesus mostra que a comunidade cresce e adquire corpo em meio aos conflitos (as
portas do inferno ou “o poder da morte”), nos quais forças hostis procuram
derrubar o projeto de Deus.
Assim como nós, Jesus teve a necessidade de saber quem era Ele para as pessoas,
e, principalmente, para aqueles que com Ele conviviam.
Ter conhecimento de quem somos nós para o outro e principalmente para aquelas
pessoas que nos cercam é muito importante para a nossa realização pessoal.
Cada um de nós tem uma missão muito especial aos olhos de Deus. Somos Seus
instrumentos na concretização do Seu Plano de Salvação.
Simão foi aquele que, inspirado pelo Espírito Santo, apontou a verdadeira
identidade de Jesus. Foi então que Jesus o conscientizou da sua missão aqui na
terra, dando-lhe poder e autoridade para ser chefe da Igreja fundada por Jesus
Cristo.
“Tu és Pedro”, no nome, a missão. Você também diante de Deus tem um nome que
designa uma missão muito especial. O que poderá significar? Pergunte ao
Espírito Santo!
“Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus.” Quanta responsabilidade
está embutida nesta afirmação! Precisamos estar atentos ao que ligamos, mas
também ao que não ligamos, àquilo ou àqueles que afastamos de nós, que
recusamos e até desprezamos na nossa vida.
Como andam seus relacionamentos? Como está se dedicando
aos que estão mais próximos? Quão forte tem sido o elo que une você a eles? Dá
às pessoas o seu devido valor?
Jesus deu a Pedro as chaves dos céus e deu-lhe também uma ordem: tudo o que
ligares na terra será ligado nos céus e tudo o que desligares na terra será
desligado nos céus. Com estas palavras, Ele passou para Pedro a
responsabilidade da missão e do compromisso de ser seu discípulo, assim como a
cada um de nós que foi chamado a segui-Lo também.
O que podemos ligar aqui e que também pode ser ligado aos céus? Você
sabia que tudo o que você fizer na terra, terá também repercussão no céu? O
rancor? O ressentimento? O ódio? A vingança? Esses sentimentos pertencem aos
céus?
Dê a você mesmo (a) um nome que designe uma virtude, uma
qualidade, ou uma maneira de ser. Pense nisso e viva com mais amor! Esse, sim,
é o sentimento que você pode ligar aos céus! Ame mais, sorria mais, abrace
mais, viva mais!
Que cada um de nós saiba, como Pedro, professar a sua fé no Cristo Filho do
Deus vivo, nada e alguém poderá prevalecer sobre nós.
Propósito:
Pai, consolida minha fé, a exemplo dos apóstolos Pedro e
Paulo que, em meio às provações, souberam dar, com o seus martírios,
testemunho consumado de adesão a Jesus.
__._,_.___
SIMPLES REFLEXO
Genuinamente espere o melhor dos outros
e eles irão fazer o que puderem para atngir a sua expectativa. Ouça com
interesse e atenção, busque entender as pessoas e aquilo que você disser será
muito melhor compreendido.
Apesar de você não poder
jamais ter controle sobre as ações das pessoas, a realidade é que você pode ter
uma significativa influência sobre a maneira como elas respondem a você.
Estabeleça um tom positivo e as pessoas ao seu redor irão captar esse tom.
Seja respeitoso e você será também respeitado. Seja honesto, verdadeiro e você
aumentará em muito as chances das pessoas serem também verdadeiras com você.
O mundo é um lugar muito mais bonito quando você decide também ser bonito. Vá
uma milha extra e brilhe uma luz positiva – a luz de Deus – e essa luz irá
refletir em cheio, em cima de você.