11º DOMINGO DO TEMPO
COMUM
12 Junho - Não nos cansemos de invocar o
Espírito Santo e de suplicar-lhe, sem cessar, que venha morar em nós e em nós
fixar duradoura morada. (S 348). São Jose Marello
Lucas 7,36-8,3
"Um fariseu convidou Jesus para
jantar. Jesus foi até a casa dele e sentou-se para comer. Naquela cidade morava
uma mulher de má fama. Ela soube que Jesus estava jantando na casa do fariseu.
Então pegou um frasco feito de alabastro, cheio de perfume, e ficou aos pés de
Jesus, por trás. Ela chorava e as suas lágrimas molhavam os pés dele. Então ela
os enxugou com os seus próprios cabelos. Ela beijava os pés de Jesus e
derramava o perfume neles. Quando o fariseu viu isso, pensou assim: "Se
este homem fosse, de fato, um profeta, saberia quem é esta mulher que está
tocando nele e a vida de pecado que ela leva."
Jesus então disse ao fariseu:
- Simão, tenho uma coisa para lhe dizer:
- Fale, Mestre! - respondeu Simão.
Jesus disse:
- Dois homens tinham uma dívida com um homem que costumava emprestar dinheiro. Um deles devia quinhentas moedas de prata, e o outro, cinqüenta, mas nenhum dos dois podia pagar ao homem que havia emprestado. Então ele perdoou a dívida de cada um. Qual deles vai estimá-lo mais?
- Eu acho que é aquele que foi mais perdoado! - respondeu Simão.
- Você está certo! - disse Jesus.
Então virou-se para a mulher e disse a Simão:
- Você está vendo esta mulher? Quando entrei, você não me ofereceu água para lavar os pés, porém ela os lavou com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Você não me beijou quando cheguei; ela, porém, não pára de beijar os meus pés desde que entrei. Você não pôs azeite perfumado na minha cabeça, porém ela derramou perfume nos meus pés. Eu afirmo a você, então, que o grande amor que ela mostrou prova que os seus muitos pecados já foram perdoados. Mas onde pouco é perdoado, pouco amor é mostrado.
Então Jesus disse à mulher:
- Os seus pecados estão perdoados.
Os que estavam sentados à mesa começaram a perguntar:
- Que homem é esse que até perdoa pecados?
Mas Jesus disse à mulher:
- A sua fé salvou você. Vá em paz.
Joana, mulher de Cuza, que era alto funcionário do governo de Herodes; Susana e muitas outras mulheres que, com os seus próprios recursos, ajudavam Jesus e os seus discípulos."
Jesus então disse ao fariseu:
- Simão, tenho uma coisa para lhe dizer:
- Fale, Mestre! - respondeu Simão.
Jesus disse:
- Dois homens tinham uma dívida com um homem que costumava emprestar dinheiro. Um deles devia quinhentas moedas de prata, e o outro, cinqüenta, mas nenhum dos dois podia pagar ao homem que havia emprestado. Então ele perdoou a dívida de cada um. Qual deles vai estimá-lo mais?
- Eu acho que é aquele que foi mais perdoado! - respondeu Simão.
- Você está certo! - disse Jesus.
Então virou-se para a mulher e disse a Simão:
- Você está vendo esta mulher? Quando entrei, você não me ofereceu água para lavar os pés, porém ela os lavou com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Você não me beijou quando cheguei; ela, porém, não pára de beijar os meus pés desde que entrei. Você não pôs azeite perfumado na minha cabeça, porém ela derramou perfume nos meus pés. Eu afirmo a você, então, que o grande amor que ela mostrou prova que os seus muitos pecados já foram perdoados. Mas onde pouco é perdoado, pouco amor é mostrado.
Então Jesus disse à mulher:
- Os seus pecados estão perdoados.
Os que estavam sentados à mesa começaram a perguntar:
- Que homem é esse que até perdoa pecados?
Mas Jesus disse à mulher:
- A sua fé salvou você. Vá em paz.
Joana, mulher de Cuza, que era alto funcionário do governo de Herodes; Susana e muitas outras mulheres que, com os seus próprios recursos, ajudavam Jesus e os seus discípulos."
Meditação:
Na antiguidade,
as prostitutas eram consideradas escravas; socialmente não existiam. Contudo,
nessa tarde, uma prostituta escuta a palavra de absolvição e de canonização,
porque fez um gesto sacramental, expressou sua decisão de mudar de vida. Assim se
coloca em sintonia com o evangelho.
No evangelho,
uma mulher se atreve a quebrar o protocolo de uma refeição cuidadosamente
preparada. A arrogante intrometida, não somente infringe as leis da boa
educação, como também comete uma infração de tipo religioso: um ser impuro não
deve manchar a casa de um homem socialmente puro (fariseu).
Por um momento, Cristo perde sua dignidade de profeta aos olhos de seu anfitrião: “Se este homem fosse profeta, saberia quem é esta mulher que o está tocando, e o que ela é: uma pecadora”.
Por um momento, Cristo perde sua dignidade de profeta aos olhos de seu anfitrião: “Se este homem fosse profeta, saberia quem é esta mulher que o está tocando, e o que ela é: uma pecadora”.
Diante da
situação que se apresenta, Jesus utiliza o recurso dos sábios: o método
socrático de incluir a conclusão correta a partir de argumentos corretos. Em
vez de corrigir a seu anfitrião, convida-o a sair de sua ignorância e
reconhecer que o verdadeiro pecador é ele: o fariseu que se acredita puro.
O fariseu que convida Jesus para uma refeição é uma pessoa influente na cidade. Por ser fariseu (palavra que significa "separado"), adquiriu status de piedoso e cumpridor da Lei.
O fariseu que convida Jesus para uma refeição é uma pessoa influente na cidade. Por ser fariseu (palavra que significa "separado"), adquiriu status de piedoso e cumpridor da Lei.
Em circunstâncias
normais, jamais teria admitido a presença de uma prostituta dentro do seu lar,
pois ela é pessoa ritualmente impura. É, portanto, hóspede indesejada.
O hóspede
desejado é Jesus. Mas o fariseu se escandaliza pelo fato de o Mestre se deixar
tocar, perfumar e beijar por quem fazia dessa "arte" seu ganha-pão.
Para o fariseu, Jesus estaria aceitando o jogo perigoso da prostituta,
entendendo os gestos dela como sedução descarada.
Dois hóspedes
haviam entrado em sua casa, cada qual com sua fama: um era o profeta; o outro,
a prostituta; ele, convidado; ela, nem sequer tolerada, mas
"convidada", pela prática de Jesus, a experimentar o amor do Pai.
Naquele tempo, era costume, durante os banquetes, propor enigmas para distração dos convidados e das pessoas que, embora não fossem convidadas, apareciam para "apreciar" o grande acontecimento. Coisa de orientais e, da parte do fariseu, ostentação de poder.
Naquele tempo, era costume, durante os banquetes, propor enigmas para distração dos convidados e das pessoas que, embora não fossem convidadas, apareciam para "apreciar" o grande acontecimento. Coisa de orientais e, da parte do fariseu, ostentação de poder.
Jesus tomou a
iniciativa, mostrando que está bem à vontade, e provoca a "piedade"
de Simão com uma questão em forma de historieta (vv. 40-43).
A conclusão é
muito evidente, apesar da cautela ("acho que…") do fariseu: aquele ao
qual foi perdoado mais demonstrará maior gratidão.
O fariseu se
descuidara dos principais gestos de acolhida: oferecer água para lavar os pés,
o beijo de boas-vindas, o óleo derramado sobre a cabeça do hóspede (vv. 44-46).
A prostituta fez
tudo isso porque "acolheu" em sua vida aquele que manifesta a
misericórdia de Deus e não discrimina as pessoas.
O que ela está
fazendo são gestos de gratidão pelo fato de Jesus ter-se solidarizado com os
marginalizados e pecadores, convivendo com eles (cf. 7,34). Mas o pecado de
Simão não consiste em ter esquecido as regras de bem acolher as pessoas. É mais
grave. Ele não é capaz de acolher Jesus enquanto revelação da misericórdia de
Deus para com os marginalizados. Ele se julga "separado" e
"piedoso". Mas sua piedade não condiz com a proposta de Jesus. Crê
não precisar do perdão de Deus. E por assim crer, não o obtém.
Por isso, a
expressão: "A quem se perdoa pouco também mostra pouco amor" (v.
47b), soa desta forma: "Quem não sente necessidade de ser perdoado, não é
perdoado, e se torna exemplo clássico de ingratidão e fechamento ao amor de
Deus".
Nesse sentido,
todos são, perante Deus, igualmente devedores de uma dívida impagável. Mas o
que é impossível do ponto de vista humano, é possível por causa do amor
gratuito de Deus. E a resposta das pessoas só pode ser a gratidão que responde
ao amor gratuito.
A exclamação dos
convidados revela quem é Jesus: "Quem é este que até perdoa pecados?"
(v. 49). Jesus é aquele que veio inaugurar o "ano de graça do Senhor"
(4,19), e, a partir desse fato, todos são convidados. Os que se consideram
"separados", "justos" ou "piedosos" se
auto-excluem da salvação e do perdão gratuitos de Deus (cf. a parábola do
fariseu e do publicano, Lc 18,9-14).
A prostituta — à qual Jesus diz: "Seus pecados estão perdoados… Sua fé a salvou. Vá em paz!" (7,48.50) — é símbolo de todos os marginalizados que, com ele, constroem a nova sociedade.
A prostituta — à qual Jesus diz: "Seus pecados estão perdoados… Sua fé a salvou. Vá em paz!" (7,48.50) — é símbolo de todos os marginalizados que, com ele, constroem a nova sociedade.
Para a
mentalidade daqueles tempos (e quem sabe para a nossa também), era escandaloso
um mestre ser auxiliado por mulheres — e que tipo de mulheres! — no anúncio de
suas propostas. A proposta de Jesus é a Boa Nova do Reino de Deus nas
cidades e nos campos, ou seja, para todos (8,1).
As mulheres que
ajudam Jesus são pessoas reintegradas em sua dignidade ("…haviam sido
curadas de maus espíritos e doenças", v. 2) e, sobretudo, mulheres nas
quais Jesus descobriu grandes potencialidades em vista do Reino de Deus.
Ajudando a Jesus
e aos discípulos com os bens que possuíam, essas mulheres revelam um dos
pilares sobre os quais, segundo Lucas, o Reino se constrói: a partilha.
De fato, o Jesus
de Lucas valoriza muito a economia de sobrevivência presente nas aldeias, baseada
na troca e na partilha. A esmola — muito cara a Lucas (cf. 11,41; 12,33) — não
consiste em dar uns trocados a quem necessita; pelo contrário, é a partilha de
tudo o que se é e se tem. E aí o Reino lança raízes.
O episódio da pecadora perdoada, que só se encontra no evangelho de Lucas (7,36-50), sempre inquietou os estudiosos: os gestos da prostituta (v. 38) provocaram o perdão de Jesus, ou são sinais de gratidão pelo perdão recebido?
O episódio da pecadora perdoada, que só se encontra no evangelho de Lucas (7,36-50), sempre inquietou os estudiosos: os gestos da prostituta (v. 38) provocaram o perdão de Jesus, ou são sinais de gratidão pelo perdão recebido?
A maioria dos
estudiosos crê que a pecadora agiu assim porque percebeu em Jesus a
misericórdia do Deus que perdoa. De fato, o amor de Deus precede o amor humano.
O evangelho
afirma que "Deus perdoa porque ama; nós amamos porque fomos
perdoados". Para ser coerente com a prática de Jesus, nossa pastoral deve
direcionar-se decididamente ao encontro dos excluídos. Que lugar ocupam na
celebração eucarística e na comunidade? Somos capazes de reintegrá-los para que
sejam agentes na construção do Reino?
Deus ama e, por
isso, perdoa. Nós, porque nos sentimos perdoados, respondemos com gestos de
amor e gratidão. De fato, o programa libertador de Jesus consiste, entre outras
coisas, em proclamar "o ano de graça do Senhor" (cf. 4,19) para os
pobres e marginalizados.
Que outra coisa pode significar
as palavras de Cristo: “Teus pecados estão perdoados?” É o mesmo que dizer: “Maria, és uma santa”.
Reflexão Apostólica:
No domingo de hoje, o evangelho
de Lucas nos oferece um belíssimo quadro que ilustra a misericórdia de Deus
manifestada em Jesus.
A pintura tem como pano de fundo
uma refeição, na qual novamente a personagem central é Jesus, mas são
desenhadas diferentes atitudes para com ele.
Mas antes Jesus fora à casa de um
fariseu, aceitou ser seu hospede. É uma das poucas vezes que o evangelho mostra
esta proximidade, o que nos revela que o Senhor não faz distinção de pessoas,
ele oferece sua amizade e sua proposta de vida a todos.
No quadro, irrompe a figura de
uma mulher, que se, no início é chamada de pecadora, o gesto dela para com
Jesus a revela mais como uma mulher apaixonada.
A descrição que Lucas faz da
expressão de amor dessa mulher para Jesus nos traz logo à memória a cena de
Betânia do evangelho de João, onde Maria antes da Páscoa unge seu amigo com
perfume.
Sem dúvida, nas duas comunidades
evangélicas tanto a lucana como a joanina conheciam o amor e respeito de Jesus
pelas mulheres e a vida nova que nelas desencadeava.
Nesta história, o evangelista
Lucas ilumina esta relação de Jesus com a mulher com o dom da misericórdia, uma
das cores preferidas de sua narrativa.
Diante do transbordamento de amor
dessa mulher a Jesus, a atitude do fariseu fica como reservada e até um pouco
fria e distante.
Jesus percebe claramente a
diferença e com suas palavras desvela qual é a diferença radical entre a mulher
e Simão. Não se trata de personalidades diferentes uma mais efusiva e outra
mais tímida, ou diferenças de gênero!
Não, a diversas atitudes são
expressão de um reconhecimento ou não da pessoa de Jesus como o Messias, o
Ungido de Deus.
Para Lucas, Jesus é o pregador da
libertação, da graça, da misericórdia. O que Jesus proclamou de si mesmo na
sinagoga de Nazaré se reflete em todas as suas palavras e ações. Aceitá-lo ou
rejeitá-lo é o desafio que Lucas lança para os ouvintes de todos os
tempos.
Se Simão acreditasse que seu
convidado é o “consagrado pela unção” (4,18), aquele que é um profeta (4,24) o
teria acolhido com mais cordialidade e carinho.
A mulher certamente já
experienciou o amor libertador do profeta de Nazaré, por isso agora lhe
retribui publicamente seu agradecimento.
Jesus se apresenta novamente hoje
como o Ungido de Deus. Qual é nossa atitude, nos parecemos mais com Simão ou
com a mulher?
A gratuidade da misericórdia de
Deus na vida das pessoas liberta o amor, devolve a dignidade e abre novas
perspectivas de futuro. É o que acontece com essa mulher e tantas outras e
outros que se converteram assim em amigas e amigos de Jesus.
Na origem do discipulado de
Jesus, está a experiência do Amor que desencadeia o seguimento de sua pessoa. É
por isso que, na continuação desta perícope, o evangelista nos apresenta Jesus,
continuando sua missão acompanhado por mulheres e por homens.
Seguir Jesus é o único caminho
para conhecê-lo cada dia mais, crescer na amizade com Ele e juntos levar
adiante sua causa de libertação dos pobres e oprimidos de todos os tempos,
continuar proclamando a boa nova da misericórdia de Deus, porque o ano de graça
do Senhor se estende até nós!
Propósito:
Espírito
de hospitalidade, abre meu coração para acolher Jesus, e manifestar-lhe toda a
minha gratidão pelo amor que ele tem por mim. Senhor, que a luz do vosso
Espírito ilumine os nossos corações, para que tomemos consciência de sermos
pecadores, e nos abra a acolher o vosso amor no perdão.
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