26 agosto - Nós contra nós mesmos: o
"eu" bom que combate o "eu" mau; o "eu" de um
instante, mas de um instante sublime, que se levanta para combater o
"eu" de todas as horas, o "eu" do passado, o "eu"
do velho sistema: é o "eu" que quer uma vez por todas, mas que se
multiplica a cada instante naquele ato de vontade eficaz. (L 9).SÃO JOSE
MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 23,27-32
"- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus,
hipócritas! Pois vocês são como túmulos pintados de branco, que por fora
parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de podridão.
Por fora vocês parecem boas pessoas, mas por dentro estão cheios de mentiras e
pecados.
- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês fazem túmulos bonitos para os profetas e enfeitam os monumentos das pessoas que viveram de modo correto. E dizem: "Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos feito o que eles fizeram, não teríamos matado os profetas." Assim vocês confirmam que são descendentes daqueles que mataram os profetas. Portanto, vão e terminem o que eles começaram!"
- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês fazem túmulos bonitos para os profetas e enfeitam os monumentos das pessoas que viveram de modo correto. E dizem: "Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos feito o que eles fizeram, não teríamos matado os profetas." Assim vocês confirmam que são descendentes daqueles que mataram os profetas. Portanto, vão e terminem o que eles começaram!"
Meditação:
Mateus recolhe em sete a expressão: "Ai
de vós", usada por Jesus, para introduzir as acusações
dirigidas contra os escribas e fariseus. No Evangelho de hoje, temos os dois
últimos “ai de vós” da seqüência. A repetição explícita, “ai de vós, escribas e
fariseus hipócritas…”, mostra-nos a contundência da censura. Na ocasião das
grandes festas, os sepulcros eram caiados para evitar algum contato
involuntário de alguém que, assim, se tornaria impuro.
A indignação de Jesus contra os mestres da
Lei e fariseus é tão grande, que Ele os compara a “sepulcros caiados”, pois têm
a aparência exterior de um túmulo recém pintado de branco que tenta esconder
uma realidade interior cheia de podridão. São eles aqueles que aparentando ser
boas pessoas, escondem uma realidade de mentiras, pecados e nada comprometida
com os preceitos morais.
Depois Jesus fala das edificações
(sepulcros e sacrários), que ficam ao redor de Jerusalém, para os profetas
martirizados. Ele acusa escribas e fariseus de serem descendentes (física e
espiritualmente) dos responsáveis por esses martírios.
É desta forma, expressando seus “ais”, que
Jesus mostra sua mágoa pela forma como escribas e fariseus fazem mau uso de sua
liderança religiosa que deveria estar a serviço da comunidade e não servindo
para exaltação e interesse próprio.
Este são os mesmos perigos que permeiam
nossas comunidades, ainda hoje, e que prejudicam a vida espiritual de muitos.
Certamente Jesus diria novamente um “ai”, se participasse das comunidades de
agora.
Jesus continua a nos interpelar assim como
fez com os mestres da Lei e os fariseus a respeito da sinceridade nas nossas
“boas ações”.
A franqueza e a transparência devem ser um
princípio básico nas nossas atitudes. O nosso coração deve dar o ritmo para as
nossas realizações, do contrário, por mais esforço exterior que façamos as
nossas obras denotarão sinal de morte e não de vida.
Seremos como sepulcros caiados, por fora,
impecáveis, por dentro cheios de imundície. Assim também, em relação às
palavras que pronunciamos, aos elogios fáceis e cheios de hipocrisia que
emitimos com o intuito de agradar a alguém, enquanto o nosso coração, muitas
vezes, até critica e reprova.
A verdade e a justiça devem permear as
nossas atitudes, nem que doa. Jesus foi transparente e sincero quando disse:
“Ai de vós, hipócritas”!
Será que somos nós, hoje, os mestres
da Lei e os fariseus, falsos e cínicos? Como está a sua justiça? Ela é
verdadeira? O que será que você poderá estar vivendo, só de fachada? Você gosta
de criticar as falhas dos outros achando que não cairia no mesmo erro? Você
costuma fazer alguma coisa somente para parecer “bonzinho - boazinha”? Você
costuma refletir sobre as conseqüências das suas ações? Você tem costume de
elogiar as pessoas somente para agradá-las?
Se a sua conduta não for diferente da dos
mestres e doutores da Lei saiba que Jesus está dirigindo para você estas
palavras: Ai de você fariseu, hipócrita e doutor ou doutora da Lei!
Uma nova manifestação do conflito entre
fariseus e Jesus é apresentada no evangelho de hoje. Volta a crítica de fundo
dos fanáticos proclamadores do cumprimento da lei; eles, como sepulcros
caiados, estão cheios de corrupção e podridão.
Por outro lado, as comunidades cristãs daquele tempo sofriam uma dura perseguição por parte das instituições judaicas, que viam no cristianismo uma ameaça para a legitimidade de seus aparatos de domínio.
O fato de proclamar Jesus como Messias, o enviado, relativizava o absolutismo das grandes instituições, como o Templo, a Lei, o Culto e o Sinédrio. O projeto de Jesus constituía uma novidade alternativa, que colocava a dignidade da pessoa no centro das atenções, por ser amada e preferida por Deus.
Essa vida estava acima de toda lei, o que quer dizer que o confronto entre Jesus e a lei vai muito além de um assunto de obediência; trata-se de um assunto ético, em que a discussão central está no lugar que ocupa a vida humana. Hoje enfrentamos múltiplas instituições que, em nome dos interesses do povo, tiram-lhe a própria vida.
Hoje, mais que nunca, estamos precisando de vozes proféticas que se levantem e clamem pela paz, pela justiça e pela solidariedade, em um mundo que paradoxalmente se afoga, entre a complexidade das leis criadas para simplificar a vida.
Por outro lado, as comunidades cristãs daquele tempo sofriam uma dura perseguição por parte das instituições judaicas, que viam no cristianismo uma ameaça para a legitimidade de seus aparatos de domínio.
O fato de proclamar Jesus como Messias, o enviado, relativizava o absolutismo das grandes instituições, como o Templo, a Lei, o Culto e o Sinédrio. O projeto de Jesus constituía uma novidade alternativa, que colocava a dignidade da pessoa no centro das atenções, por ser amada e preferida por Deus.
Essa vida estava acima de toda lei, o que quer dizer que o confronto entre Jesus e a lei vai muito além de um assunto de obediência; trata-se de um assunto ético, em que a discussão central está no lugar que ocupa a vida humana. Hoje enfrentamos múltiplas instituições que, em nome dos interesses do povo, tiram-lhe a própria vida.
Hoje, mais que nunca, estamos precisando de vozes proféticas que se levantem e clamem pela paz, pela justiça e pela solidariedade, em um mundo que paradoxalmente se afoga, entre a complexidade das leis criadas para simplificar a vida.
A atitude do cristão diante da vida há de
fundamentar-se no mandamento do amor, que se realiza plenamente baseado
na justiça, na liberdade e na verdade, e se manifesta na compaixão, eixos
principais na construção do reino de Deus no mundo. O cristão não pode
desdobrar-se para viver em duas dimensões divergentes ou desintegradas entre
seus princípios e sua conduta.
Devemos sempre estar alertas em relação à
nossa vivência da fé porque, se não nos cuidarmos, podemos criar um abismo
muito grande entre o que falamos e o que vivemos ou, pior ainda, podemos viver
uma religiosidade de aparências, uma religiosidade ritual em detrimento de uma
real vivência de fé, de uma resposta pessoal aos apelos que nos são feitos para
que assumamos os compromissos do nosso batismo a partir de uma vida
verdadeiramente profética que denuncie os contra valores do mundo e anuncie a
verdade dos valores que foram pregados por Jesus Cristo. Deste modo, a nossa
vida religiosa não será simplesmente ritual, mas também compromisso.
Propósito:
Senhor,
arranca o meu coração de pedra, este coração duro e incircunciso. Dá-me um
coração novo, um coração de carne, um coração puro (Ez 36, 26). Tu, que
purificas os corações, que amas os corações puros, toma posse do meu coração e
vem fazer nele a tua morada. Pai, torna-me de tal modo transparente que meu
íntimo possa ser revelado por meus gestos e atitudes. Livra-me de ser como um
sepulcro caiado!
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