27 AGOSTO - Vontade: este é o nosso lema; mas aquela vontade íntegra, eficaz, infalível, que, no dizer de Dante, "... tenne Lorenzo in su la grada, e fece Muzio alla sua man severo: manteve Lourenço sobre a grade ardente e fez Múcio castigar a própria mão”! (L 9).
Leitura do santo Evangelho segundo
São Lucas 7,11-17
"Em seguida, Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão foram com ele. Quando ele estava chegando perto do portão da cidade, ia saindo um enterro. O defunto era filho único de uma viúva, e muita gente da cidade ia com ela. Quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela e disse:
- Não chore.
Então ele chegou mais
perto e tocou no caixão. E os que o estavam carregando pararam. Então Jesus
disse:
- Moço, eu ordeno a
você: levante-se!
O moço sentou-se no
caixão e começou a falar, e Jesus o entregou à mãe. Todos ficaram com muito
medo e louvavam a Deus, dizendo:
- Que grande profeta
apareceu entre nós! Deus veio salvar o seu povo!
Essas notícias a respeito
de Jesus se espalharam por todo o país e pelas regiões vizinhas."
Meditação:
Com a expressão "em seguida", Lucas articula a cura do
servo do centurião com esta cura do filho da viúva. Uma grande multidão com
Jesus e seus discípulos aproxima-se de uma cidade amuralhada. Ao chegarem à
porta, encontram outra grande multidão que sai da cidade para enterrar um
morto. É a corrente da vida que vem inundar a cidade dos mortos.
Esta narrativa de milagre diferencia-se da cura do servo do centurião romano, que a antecede. No caso do centurião a cura do servo resultou da "tão grande fé" por ele manifestada.
O Evangelho de hoje nos oferece uma cena digna de um filme. Um grupo formado por Jesus, seus discípulos e a multidão que os segue entra numa cidade onde encontram um outro grupo, que acompanham um mulher viúva levando a enterrar seu filho único.
O encontro acontece às portas da cidade de Naim. O episódio coloca em destaque
a trágica situação da mulher. Já era viúva, agora perde também o seu filho único
e com ele a possibilidade de se sustentar, isto é, a sua própria vida agora
fica
A cena evoca outros episódios presentes no AT, como são os casos famosos de Elias e Eliseu (1Rs 17,17-24 e 2Rs 4,32-37). Viúvas e órfãos são categorias necessitadas que no AT reclamam atenção especial. O salmo 68,6 declara sobre Deus: “pai de órfãos, protetor de viúvas”.
Não é então de admirar a reação de Jesus quando encontra aquela situação.
Jesus, o portador da vida, tem algo a oferecer para transformar aquela
situação.
Ao ver a dor daquela mulher, o evangelho relata, que Jesus sentiu compaixão (o verbo grego dá um sentido visceral ao sentimento que Jesus nutre pela situação da viúva, não é algo superficial, mas lhe vem do interior).
Interessante é também o convite que Jesus faz à mulher: “não chores”, como se fosse possível para a mulher evitar o
choro numa situação trágica como aquela, mas é já um antecipar daquilo que está
para acontecer.
O gesto seguinte de Jesus é ainda mais “perigoso”, depois de pedir
para uma mulher sofredora que não chore, agora Jesus vai tocar no corpo
do morto.
Que mestre era aquele que não sabia que não devia tocar em corpos mortos? Não sabia que ficaria impuro ao tocar? Nada disso parece importar a Jesus, o que ele deseja é dar a vida.
As palavras de Jesus são decididas: “Jovem, eu te digo,
levanta-te!” A resposta, do antes morto, também é decidida, imediatamente se
levanta e começa a falar. O espanto apodera-se dos presentes! Não era para
menos.
Diante da atitude de compaixão de Jesus, neste milagre de ressurreição, vemos a
exclamação do povo: “Deus visitou o seu povo”.
Jesus é “um grande profeta”, não apenas porque transmite a Palavra de Deus e anuncia o reino com
palavras, mas sobretudo porque veio realizar o reino pela ressurreição,
oferecendo a sua vida. O comentário do povo evoca a promessa de Dt 18,15,
imediatamente lhe reconhecem o título de profeta.
Jesus veio criar, oferecer à humanidade a alegria de uma vida aberta com todo o
sentido. Percebemos ainda todo o caráter de sinal presente no milagre.
A ressurreição do filho da viúva testemunha Jesus que há-de vir, cuja vida triunfa plenamente sobre a morte. Significa que para nós, hoje como então, Deus vai ao encontro de todos os que vivem sem esperança, para lhes oferecer vida, vida plena. Significa ainda que, seguindo Jesus, temos que ter em nós a mesma atitude, ir ao encontro daqueles que sofrem.
Assim, podemos viver a nossa vida como se fosse cortejo fúnebre, sem esperança,
chorando, lamentando-se o tempo todo; ou então fazemos da nossa vida um caminho
de esperança, de ressurreição, de transformação do choro e da morte em sentido
de vida. A escolha é nossa! Mas como discípulos missionários de Jesus a escolha
certa parece ficar clara qual é!
O milagre relatado neste texto, assim como o dos versículos
anteriores, respondem à pergunta de João de Batista a Jesus: “és Tu que hás-de vir ou devemos esperar outro?” Jesus oferece a salvação (Lc
7,1-10) e mostra o verdadeiro triunfo da vida (Lc 7,11-17). Não é o relato em
si que é o mais importante, mas o sentido que nos transmite.
“Devemos alimentar uma confiança tão grande que vá
até ao
milagre; uma confiança que nos torne audaciosos e até mesmo ‘prepotentes’. Deus não se ofende com isso”.
Que a
meditação deste Evangelho nos ajude a termos sempre Fé e Confiança naquele que
é o Senhor de nossas vidas.
Reflexão Apostólica:
O texto de hoje é
caracterizado pela compaixão. Pois tudo nasce de um sentimento espontâneo do
Senhor como homem mas senhor da vida.
Não é pedido, não exige a fé, é o Senhor que tem compaixão dos órfãos e é o que faz justiça às viúvas. E de repente Jesus levanta a voz para a viúva e diz: não chores.
O autor da vida usa o verbo no
presente do imperativo para dizer que deve parar de chorar uma vez que não mais
vai existir motivo para esse lamento e dor.
Quem tem Jesus, deixa de sofrer a morte. E os sofrimentos do tempo presente não têm nada haver com gloria que se ha-de revelar no final dos tempos quando tudo se consumar em todos, dirá São Paulo. Portanto, trata-se de uma palavra de consolação, que prepara uma intervenção, que evitará a causa do pranto.
No Evangelho de hoje, vemos como Jesus atua sem ser pedido, unicamente pela sua
compaixão, como ser humano. Ter piedade dos que sofrem é um exercício aprovado
pela atuação de Jesus até tal ponto que opera um milagre com poderes fora do
comum. Oxalá esta seja a nossa atitude perante nossos irmãos!
Podemos dizer este Evangelho tem uma mensagem muito forte para quem
está abatido, depressivo. Jesus sentiu compaixão da mãe viúva, que perdeu seu
filho único, e trouxe o menino de volta à vida. Não foi uma ressurreição, foi
uma reanimação. Este é um termo bem sugestivo...
Se você passou pela fase de adolescência já teve, no mínimo, uma crise de
depressão. Grande parte das mulheres, pelo menos uma vez por mês sente aquela
vontade de se isolar do mundo, que só quem passa por isso é quem sabe...
Quem já perdeu algo ou alguém que gostava muito... Quem nunca teve esse
alguém... Quem se sente um nada, e acha que a sua presença não faz diferença no
mundo... Quem já chegou até a pensar em tirar a própria vida por não ver mais
sentido nessa vida...
A mensagem de Jesus é para você: "JOVEM, EU TE ORDENO,
LEVANTA-TE!"
Jesus quer lhe devolver para a sua mãe, para o seu lar, para uma vida nova!
Encare esse dia de hoje como sendo o primeiro dia de uma nova fase da sua vida.
Jesus não está pedindo, Ele está ORDENANDO!
Qual é o pecado da sua vida? O que te prende ao que passou? Mude seu ponto de vista... Onde você vê apenas dificuldades e barreiras, passe a ver desafios, que devem ser encarados como oportunidades de crescer.
É normal que haja um tempo de adaptação e recolhimento após a perda de alguém
importante... Às vezes é difícil sair de um buraco sozinho... e saber que você
está lá, dando suporte, que vai saber ouvir e aconselhar, é tudo o que essa
pessoa precisa...
Detalhe: ninguém pediu a Jesus que Ele reanimasse o jovem, a iniciativa foi
dele. Quem está em depressão não costuma pedir ajuda, espera que a ajuda
apareça...
Propósito:
Pai,
torna-me sensível ao sofrimento e à dor de cada pessoa que encontro no meu
caminho. Que a minha compaixão se demonstre com gestos concretos.
Pelo
modo como reage diante das situações, você pode aliviar ou agravar as
dificuldades.
Quando está livre do medo e da ansiedade, consegue receber as orientações que
lhe são dadas por Deus.
Nesses momentos, sentimos sua proteção e bondade.
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