06 setembro - Devemos demonstrar, também exteriormente, a
santa alegria que Deus derrama em nosso coração, conservando sempre um aspecto
agradável e sereno. Desse modo procuraremos a felicidade para nós e para os
outros e, ao mesmo tempo, poderemos avançar a passos largos no caminho da
perfeição. (S 238). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo
São Mateus 18,15-20
""Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele
a sós! Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma
contigo mais uma ou duas pessoas, de modo que toda questão seja decidida sob a
palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à
igreja. Se nem mesmo à igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou
um publicano. Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no
céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Eu vos digo mais
isto: se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que
quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde dois ou três
estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles." "
Meditação:
A
liturgia deste dia nos convida a refletir sobre nossa corresponsabilidade
comunitária. A fé é uma resposta pessoal, porém é vivida no seio de uma
comunidade. Por isso, todos somos responsáveis pela vida de cada irmão.
O
evangelho de Mateus se caracteriza por ser uma apresentação de Jesus, suas
palavras e seus feitos, adaptada às comunidades de discípulos que vieram do
judaísmo.
O
evangelho de Mateus apresenta a passagem comumente denominada de correção
fraterna. O texto revela os conflitos internos que vivia a comunidade mateana.
Estamos,
pois, diante de uma página de caráter catequético que pretende freqüentar e
resolver o problema dos conflitos comunitários. O pecado não é somente de ordem
individual ou moral. Trata-se aqui de faltas graves contra a comunidade.
O
evangelista pretende assinalar as coisas importantes: não se trata de cair no
descomprometimento total que conduza ao caos comunitário. Porém tampouco se
trata de um rigorismo tal que ninguém possa falhar ou cometer algum equívoco.
O
evangelista estabelece o meio termo. Trata-se de resolver os assuntos
complicados nas relações interpessoais seguindo a pedagogia de Jesus.
Não
se trata aqui de um processo jurídico. O evangelista quer deixar claro que se
trata, antes de tudo, de salvar o transgressor, de não condená-lo nem expulsá-lo
sem mais. É um processo pedagógico que tenta, por todos os meios, salvar a
pessoa.
Agora,
se a pessoa resiste, se não aceita o convite, se não dá sinais de
arrependimento... então sim a comunidade se vê obrigada a expulsar a pessoa de
seu seio. Ao não aceitar a oferta de perdão a pessoa mesma se exclui da
comunhão.
Nosso
compromisso como cristãos é lutar pela verdade. Nossas famílias e comunidades
cristãs devem ser, antes de tudo, lugares de reconciliação e de vivencia da
verdade.
Exigir
respeito pelas pessoas que se equivocam, mas que querem se redimir do seu erro
é um imperativo evangélico. Tampouco se trata de cair em atitudes descomprometidas
ou que respaldem a impunidade. Porém, antes de tudo, o compromisso com a
justiça, a verdade e a reconciliação é uma atitude profética.
Assim,
Mateus tem em vista manter a harmonia na comunidade. Em geral, há uma tendência
de simplesmente excluir alguém que é considerado problemático.
Conflitos,
sensibilidades feridas e ofensas são comuns neste convívio. Contudo deve-se
procurar superá-los com a mudança dos comportamentos que provocam estes
conflitos, sem defecções. Com seu texto, Mateus desenvolve, para sua
comunidade, um simples dito tradicional de Jesus, que será mencionado por
Lucas.
Em
Lucas, de maneira singela, a questão envolve apenas duas pessoas, ficando em
evidência a prática do perdão. Em Mateus temos a ampliação do dito colhido na tradição
das primeiras comunidades, dando-lhe um caráter de regra de procedimento para
suas comunidades. Existem semelhanças entre esta abordagem de Mateus e a
prática da comunidade dos essênios de Qumran.
Conforme
Mateus, a prática do perdão, na comunidade, se dá em três estágios. O diálogo
entre os dois irmãos envolvidos, a ampliação do diálogo envolvendo duas ou três
testemunhas e, finalmente, a questão debatida pela igreja (comunidade).
Percebe-se uma metodologia formalizada
A
presença de Deus, Jesus, se dá na comunidade que vive o amor misericordioso,
vigilante para a reconciliação e a comunhão. "O amor é o cumprimento perfeito
da Lei".
O fato de sermos “irmãos”, não nos isenta da possibilidade de enfrentarmos
divergências nos relacionamentos da família da fé, pois a irmandade não elimina
a nossa individualidade: temos diferenças de criação, formação, visão,
doutrina, teologia, liturgia, estratégia e outras que, sem desejarmos,
colocam-nos na situação de ofendidos por algum de nossos irmãos.
Por
isso, como o pastor que procura a ovelha perdida, a justiça do Reino não se
cansa e tenta outra forma de aproximar quem errou: se ele não lhe der ouvidos,
tome consigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida
sob a palavra de duas ou três testemunhas.
À primeira vista, tem-se a impressão de que estaríamos fazendo um cerco em
torno de quem errou. Mas essa atitude pode ser vista sob a ótica da justiça do
Reino, que tem como princípio fazer de tudo para que o irmão não se perca.
Se
isso não der certo, toda a comunidade é chamada a se pronunciar: caso não dê
ouvidos, comunique à Igreja. E se, depois de esgotados todos os recursos,
depois de ter dado a quem errou a oportunidade de ouvir o parecer de toda a
comunidade é que a pessoa, por decisão de todos, é excluída: se nem mesmo à
Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou um cobrador de
impostos.
Mesmo
nesse caso a comunidade deve manter-se em atitude prudente, dando uma chance em
longo prazo a fim de que a pessoa se arrependa e volte a ela.
Antes de condenar ou excluir alguém, é preciso aprender a justiça do Reino. E
ter consciência de que os passos aconselhados por Jesus não são normas rígidas,
e sim um modo de agir que tempera com justiça as relações entre pessoas.
Em
outras palavras, é preciso ser criativo no esforço de recuperar quem erra e se
afasta da comunidade. E o espírito que anima essa tarefa não é o da exclusão,
mas o da busca para reintegrar.
Tomar decisão de incluir ou excluir pessoas da comunidade não é tarefa fácil,
como pretendiam e faziam os chefes de sinagoga daquele tempo.
É
necessário que tenhamos sempre em conta a advertência de Jesus: se a justiça de
vocês não superar a dos doutores da Lei e a dos fariseus, vocês não entrarão no
Reino do Céu.
Para tanto, Ele dá algumas indicações, que passam pela necessidade das pessoas
se reunirem em nome dele, a fim de, mediante a oração, chegarem a um consenso:
se dois de vocês estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram
pedir, isto lhes será concedido por meu Pai que está no céu. Pois onde dois ou
três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles.
É
urgente que a comunidade esteja sempre ligada à Cristo pelo fato de na
comunidade existirem tensões entre os diversos grupos e problemas de
convivência: há irmãos que se julgam superiores aos outros e que querem ocupar
os primeiros lugares; há irmãos que tomam atitudes prepotentes e que
escandalizam os pobres e os débeis; há irmãos que magoam e ofendem outros
membros da comunidade; há irmãos que têm dificuldade em perdoar as falhas e os
erros dos outros.
Somente
estando em permanente sintonia com Jesus que nos convida à simplicidade e
humildade, ao acolhimento dos pequenos, dos pobres e dos excluídos, ao perdão e
ao amor que conseguiremos vencer.
Aliás, com Jesus e pela força da oração tudo pode ser mudado. Só assim seremos
uma comunidade verdadeiramente família de irmãos, que vive em harmonia, que dá
atenção aos pequenos e aos débeis, que escuta os apelos e os conselhos do Pai e
que vive no amor do Filho, animada pelo Espírito Santo.
Ninguém pode viver a fé de qualquer modo ou abandoná-la quando passar por
aflições. As primeiras comunidades cristãs enfrentavam algumas dificuldades de
correção fraterna, onde os mais humildes eram vítimas da falta de tolerância.
Jesus
vem ensinar o jeito de nos reconciliar com os outros e ajudá-los a se
reconciliar. Esse é o caminho que todos nós e nossa comunidade devemos
percorrer. Não existe comunidade sem diversidade, nem diversidade sem divergência.
Quando esta for detectada, os passos pessoais e comunitários precisam ser
responsavelmente tomados na certeza de que é possível construir uma
convergência em Deus que proporciona: unidade para ligar como discípulos da comunidade
de Jesus somos autorizados a ligar a “terra ao céu”, tudo fazendo para que a
vontade de Deus prevaleça sobre a vontade do homem; unidade para acordar a
autoridade que deve estar associada a uma espiritualidade que nos impulsiona a
estabelecer parcerias de oração e acordos sobre dificuldades no relacionamento
para as quais creremos sinceramente que o Pai seja capaz de sanar.
Isto
exige de nós a unidade para experimentar a presença de Jesus. Construído e
vivenciado o acordo terapêutico pela oração, Jesus assegura a Sua presença em
nosso meio.
A experiência cristã evidencia que, muitas vezes, não temos nenhum controle
sobre o que fazem conosco, mas temos o controle sobre como reagiremos ao que
nos foi feito.
Percorrer
o caminho que vai da tristeza da ofensa para a experiência da plenitude da
presença restauradora de Jesus, este é o grande desafio da comunhão da Igreja
que precisamos buscar diligentemente! Assim haverá harmonia e paz, concórdia e
vida abundante entre nós.
Reflexão Apostólica:
A
lição do Evangelho de hoje tem algumas entrelinhas interessantes para
aplicarmos na nossa prática diária... Jesus diz: “Se teu irmão pecar contra ti,
vai corrigi-lo, mas EM PARTICULAR, À SÓS CONTIGO!”
Jesus não diz pra falarmos da ofensa daquela pessoa para outras pessoas, ou
para ficarmos ressentidos com aquela pessoa e guardarmos a mágoa que temos por
ela por tempo indeterminado...
O
que Jesus nos pede exige de nós um esforço enorme... Imagine quantas pessoas já
fizeram algo que nos sentimos de alguma forma ofendidos, e qual foi a nossa
atitude na maioria das vezes? Ir até ela e conversar em particular? Ou
guardamos aquela ofensa em um grande arquivo na nossa memória, com o nome
daquela pessoa... Limitando as possibilidades de uma boa amizade e de um aprendizado
mútuo... Ou será que nós usamos aquela ofensa como uma verdadeira arma contra
aquela pessoa, para mostrar o quanto ela é má, e o quanto fomos ofendidos por
ela...
Chegar
para uma pessoa e conversar sobre algo que nos ofendeu pode parecer algo distante
da nossa realidade... Mas é exatamente isso o que Jesus nos pede.
Muitas vezes, a pessoa que nos ofende está dentro da nossa casa, e nem sabe o
quanto está nos ofendendo, porque nós nunca chegamos para dizer a ela.. É uma
pessoa com a qual convivemos diariamente no trabalho ou no estudo, e essa mágoa
que guardamos dela nos corrói aos poucos...
Para quebrar essa barreira é preciso despir-se do orgulho, esse sentimento que
aparentemente nos livra de uma situação desagradável, mas que nos afasta das
pessoas...
Não
podemos imaginar uma pessoa religiosa passar muito tempo magoada com quem quer
que seja. Ao invés de ficar magoada, ela pode simplesmente perdoar e esquecer a
ofensa, ou chegar até a pessoa e se permitir um momento de aproximação e de
aprendizado que pode dar alicerce a uma grande amizade.
Portanto,
a lição que fica pra hoje é essa: pensar nas pessoas que nos ofenderam (o que
não é difícil...) e analisar, com muita misericórdia, uma forma de se chegar
até ela e conversar sobre isso, sem acusações, mas na intenção de abrir os
olhos daquela pessoa para algo que talvez ela esteja fazendo sem perceber...
Como vivemos os valores da verdade, da justiça, da reparação e da reconciliação
no interior de nossas comunidades? Que atitudes assumimos diante dos meios de
comunicação que manipulam e distorcem a verdade? Sentimos corresponsabilidade
pela sorte de nossos irmãos?
O
evangelho de hoje fala também da comunidade como sujeito de perdão: "Tudo
que vocês ligarem na terra será ligado no céu...".
Pode ser uma oportunidade interessante para falar, tanto da grave crise que
atravessa este sacramento na prática geral da Igreja, como da possibilidade e
legitimidade da reconciliação comunitária.
Propósito:
Ó
Deus, insondável mistério, a quem ousamos chamar de Pai e Mãe de tudo que
existe, como força suprema da vida, que organiza o caos e promove a
convergência de tudo para novas formas de ser e de vida. Dá-nos imitar tua magnanimidade
e tua tolerância, que tudo concorra finalmente para o bem. Dá-nos o espírito de
compreensão e liberdade, para que saibamos sempre perdoar e resgatar para o bem
a todos os nossos irmãos. Que a presença de teu Filho ressuscitado na
comunidade cristã seja um incentivo para que nós busquemos pautar nossa ação
pela tua santa vontade.
++++
Todos nós queremos viver em paz.
Queremos viver em paz interior. Queremos viver em paz com os nossos familiares.
Mas nem sempre o “querer viver em paz” é suficiente. Por quê? Nós somos
imperfeitos. Todos cometemos erros. Especialmente quando se trata de
relacionar- se com os outros. Você quer encontrar paz? Você quer aprender como
ter paz interior e com o próximo? O Salmista Davi afirma: “Somente em Deus eu
encontro paz” (Salmo 62.1). As pessoas procuram em muitos lugares a paz.
Infelizmente não encontram, pois a maioria esquece de procurar em Deus a paz
que tantos buscam. Deus oferece a você, de graça, a verdadeira paz. Confie
nele. Ele enviou Jesus Cristo para dar a você a verdadeira paz. Jesus fez as
pazes entre a humanidade e Deus. Quem está em paz com Deus também estará em paz
consigo mesmo e com o próximo. A Bíblia é o manual da paz. Ela ensina o caminho
da paz: Jesus Cristo. Você quer a paz? Cristo te dá a paz hoje e sempre.