27 julho - De nossa parte, façamos sempre a balança pender
para o lado da autoridade, e poderemos esperar que Deus, autoridade suprema, de
mil modos e em coisas de ordem mais elevada, fará com que a mesma balança penda
em favor da nossa causa, sem que outros percebam e, às vezes, até a seu
contragosto. (L 225). SÃO JOSE MARELLO
Mateus 13,31-35
"Jesus contou outra parábola. Ele disse ao povo:
- O Reino do Céu é como uma semente de mostarda, que um homem pega e semeia na
sua terra. Ela é a menor de todas as sementes; mas, quando cresce, torna-se a
maior de todas as plantas. Ela até chega a ser uma árvore, de modo que os
passarinhos vêm e fazem ninhos nos seus ramos.
Jesus contou mais esta parábola para o povo:
- O Reino do Céu é como o fermento que uma mulher pega e mistura em três
medidas de farinha, até que ele se espalhe por toda a massa. Jesus usava
parábolas para dizer tudo isso ao povo. Ele não dizia nada a eles sem ser por
meio de parábolas. Isso aconteceu para se cumprir o que o profeta tinha dito:
"Usarei parábolas quando falar com esse povo e explicarei coisas
desconhecidas desde a criação do mundo.""
Meditação:
Mais uma vez Jesus recorre ao uso das parábolas, definidas como história terrestre, possível de acontecer, com sentido celestial.
Em várias delas o mestre ora usa os verbos no passado, ora no presente e ora ainda no futuro mas em todos os casos com a mesma finalidade: falar ao fundo do nosso ser, alheios ao que ocorre na superfície da nossa vida ou no fluir dos acontecimentos que nos rodeiam. Dirigidas quer aos eruditos quer aos ignorantes; quer aos modernos quer aos antiquados.
As parábolas desafiam a ordem estabelecida, as estruturas sociais e os sistemas de contra valores. Desmascaram a vida injusta cotidiana. São um espelho. Através delas, o ouvinte vê a si próprio como é, e não como pretende ser.
Elas forçam o ouvinte a reavaliar as pautas do próprio comportamento, pensamento e emoções. Sacodem-nos, induzindo-nos a reformar-nos e a renovar-nos.
Tiram-nos do engano a respeito de nós mesmos e da falta de verdadeiros propósitos. Dizem-nos o que se deve e o que não se deve aceitar. Manifestam a fidelidade definitiva de Deus que é amor e, como tal, resposta para todos os conflitos humanos.
Hoje Mateus nos apresenta duas parábolas que fazem parte do conjunto de sete
presentes no capítulo 13 de seu Evangelho.
A intenção fundamental de Jesus é salientar a presença pouco percebida do Reino
de Deus no mundo, porém real, efetiva e em processo de crescimento.
O grão de mostarda semeado e o fermento na massa são expressões do Reino de Deus, realmente presente no mundo, na sua dimensão de humildade e simplicidade. Não como afirmação de poder, com ostentações de construções, rituais ou roupagens, mas pela transformação dos corações e das relações pessoais, no amor e na justiça, fundamentos do mundo novo querido pelo Pai.
Em chocante contraste, vemos o país mais rico e poderoso do mundo que fala em nome da civilização cristã, contudo se destaca pela idolatria do dinheiro e por sua capacidade destrutiva.
Jesus nos desperta para percebermos a presença do Reino nas multidões dos filhos de Deus, empobrecidos e excluídos, nas suas adversidades e privações, mas também em suas alegrias e esperanças, onde o amor, como um fermento na massa, está presente.
Fazendo um resumo diríamos que as duas parábolas são elaboradas a partir de
imagens do ambiente familiar: um homem em seu campo e uma mulher em sua casa
preparando o pão.
Na primeira parábola são relativizadas as esperanças messiânicas de Israel como poderoso centro das nações, tomando-se como referência o pequeno grão de mostarda plantado por um camponês.
Na segunda, com a mulher que coloca o discreto fermento na massa de farinha, levedando-a, temos o fermento do amor, que se diferencia do fermento da hipocrisia dos fariseus, sobre o qual Jesus adverte seus discípulos (Lc 12,1).
Portanto, em ambas, revela-se o Reino de Deus, realmente presente no mundo, na
sua dimensão de humildade e simplicidade. Não como afirmação de poder, mas pela
transformação dos corações e das relações pessoais, no amor e na justiça,
fundamentos da nova sociedade possível.
Reflexão Apostólica:
A nossa vida de fé é um processo de
maturação espiritual que encontra seu início nas águas do Batismo e deve
crescer durante toda nossa vida apesar de todas as dificuldades que marcam a
existência humana.
Este crescimento deve acontecer constantemente. Deve ser uma busca cada vez maior da perfeição, conforme nos diz o próprio Jesus: “Sede perfeitos como vosso Pai que está nos céus é perfeito”.
O modelo para nós de perfeição é o próprio Jesus, e é por isso que São Paulo nos exorta ao crescimento até atingirmos a estatura de Cristo. O amor nos leva ao crescimento, já que a caridade é o vínculo da perfeição e quem ama permanece em Deus.
Existem em nossa caminhada (profissional, sentimental, espiritual) decisões a serem tomadas e dentre elas: Aonde quero chegar? Até onde posso ir? Pronto! Vou comprar um livro de auto-ajuda! (risos)
Um amigo meu disse recentemente que os livros de auto-ajuda na verdade não se
adaptam a todas as pessoas, e sim a uma parcela pequena que consegue
transformar aquelas palavras, expressões e contextos motivacionais em coisas
palpáveis e aplicáveis no dia a dia. “O monge e o Executivo”, “Quem mexeu no
meu queijo”, “Pais brilhantes, filhos fascinantes”, dentre outros, são exemplos
de livros que nos revelam coisas que no fundo já sabemos, mas não dão respostas
as perguntas acima citadas. Mas por quê? Pois isso cabe a nós mesmos
decidirmos!
Até quando e até onde desejo crescer? “(…) Ela é a menor de todas as
sementes; mas, quando cresce, torna-se a maior de todas as plantas. Ela até
chega a ser uma árvore…”.
Reafirmando: Em qualquer uma das esferas (profissional, sentimental,
espiritual) é preciso, em um determinado momento, decidir até onde quero, devo
e como crescer. Um bom jardineiro que conheço diz que não devemos temer a poda.
Ficamos receosos em cortar algo que nos impede de crescer imaginando que nos
fará falta hoje no futuro e que no fim, apegados a ele, crescemos o suficiente
para virar um simples arbusto. Dizia ele também, que para engrossar e ganhar
volume era necessário cortar as folhas mais novas (olhos da planta) por um
período, mas se o objetivo fosse se impor, se destacar, aparecer sobre as
demais, que cortássemos os galhos mais baixos e se deixasse as folhas novas.
Usando a analogia: Querendo passar num vestibular, num concurso, arrumar um bom
emprego, terminar bem os estudos, crescer na espiritualidade, na fé, na
esperança, (…) não podemos temer as podas. Precisamos ser mais robustos, não
balançar com os ventos, (…); precisamos abandonar as vaidades, as pressões de moda,
tendências, egoísmos, (…). Precisamos de galhos (postura) fortes.
São Gregório, segundo São Tomás de Aquino, dizia que “(…) sobre esses galhos descansam as almas dos justos, que se elevam dos pensamentos mundanos com as asas das virtudes e respiram longe dessas fadigas, recebendo as palavras e consolos sobrenaturais”. O que torna minha decisão acertada ou não, é a sabedoria que vem de algo maior que nós mesmos.
Um ponto importante a ser acrescido: A mulher do evangelho de hoje, segundo
santo Agostinho representa a sabedoria e as três medidas são os três graus de
caridade, representados como: “(1) Com todo o coração, (2) com toda a alma e
(3) com toda a inteligência”.
Sendo assim, o adubo dessa mostarda
depende de quanto me empenho de coração, de espírito e do esforço com que busco
meus objetivos. Não adianta reclamar que nos faltam oportunidades, chances, (…)
e que alguns são privilegiados em detrimento a outros.
Sabemos que pessoas em vários campos sociais, econômicos e profissionais têm sido “vergonhosamente” favorecidas estando até, aos olhos do mundo, altas, mas no que diz a construção do reino de Deus, são sementes que nem chegaram a germinar e se não germina ainda não permitiu que o céu nascesse em si. “(…) O Reino do Céu é como uma semente de mostarda…”.
Crescer robusto é a palavra de ordem. Isso se inclui até mesmo quando falamos
ou trabalhamos para Deus. Além de uma semente bem germinada é preciso aceitar
as podas (correção, estudo, aprofundamento, disciplina e muito joelho dobrado).
Se Deus quiser, e eu me empenhar em três medidas, poderei me tornar uma árvore
e então darei frutos, abrigo e transmitirei a paz.
Propósito: Descobrir os sinais do Reino, no meio em que
vivo.
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