15 - Um bom livro espiritual, um bom diretor de consciência (e este Deus pode suscitá-lo, conforme a necessidade, no mais humilde capelão do interior), e avante: fechar os ouvidos para as vozes do demônio e escutar apenas as vozes de Deus, que fala de mil maneiras aos seus fiéis. (L 19). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 11,25-27
"Naquela ocasião, Jesus pronunciou estas palavras: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar."
Meditação:
“(…) Aos ‘puros de coração’ é prometido que verão a Deus face a face e serão semelhantes a Ele . A pureza do coração é condição prévia para a visão.”. (Catecismo da Igreja Católica § 2519)
Após o
“discurso da missão” e o envio dos discípulos ao mundo para continuarem a obra
libertadora de Jesus, Mateus coloca no seu esquema de Evangelho uma seção sobre
as reações e as atitudes que as várias pessoas e grupos tomam frente a Jesus e
à sua proposta de “Reino”.
Nos
versículos anteriores ao texto que nos é hoje proposto, Jesus havia dirigido
uma veemente crítica aos habitantes de algumas cidades situadas à volta do lago
de Tiberíades, porque foram testemunhas da sua proposta de salvação e
mantiveram-se indiferentes.
Estavam
demasiado cheios de si próprios, instalados nas suas certezas, calcificados nos
seus preconceitos e não aceitavam questionar-se, a fim de abrir o coração à
novidade de Deus. Agora, Jesus manifesta-se convicto de que essa proposta
rejeitada pelos habitantes das cidades do lago, encontrará acolhimento entre os
pobres e marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam
pela libertação que Deus tem para lhes oferecer.
Hoje
estamos diante de duas “sentenças” que, provavelmente, foram pronunciados em
ambientes diversos deste que Mateus nos apresenta. A primeira sentença é uma
oração de louvor que Jesus dirige ao Pai, porque Ele escondeu estas coisas aos sábios e
inteligentes e as revelou aos pequeninos.
Os
“sábios e inteligentes” são certamente esses “fariseus” e “doutores da Lei”,
que absolutizavam a Lei, que se consideravam justos e dignos de salvação porque
cumpriam escrupulosamente a Lei, que não estavam dispostos a deixar pôr em
causa esse sistema religioso em que se tinham instalado e que – na sua
perspectiva – lhes garantia automaticamente a salvação.
Os
“pequeninos” são os discípulos, os primeiros a responder positivamente à oferta
do “Reino”; e são também esses pobres e marginalizados, ou seja, os doentes, os
publicanos, as mulheres de má vida, o “povo da terra” que Jesus encontrava
todos os dias pelos caminhos da Galiléia, considerados malditos pela Lei, mas
que acolhiam, com alegria e entusiasmo, a proposta libertadora de Jesus.
A
segunda sentença relaciona-se com a anterior e explica o que é que foi
escondido aos “sábios e
inteligentes” e revelado aos “pequeninos”.
Trata-se,
duma “experiência profunda e íntima” de Deus. Os “sábios e inteligentes”
estavam convencidos de que o conhecimento da Lei lhes dava o conhecimento de
Deus. A Lei era uma espécie de “linha direta” para Deus, através da qual eles
ficavam a conhecer Deus, a sua vontade, os seus projetos para o mundo a para os
homens; por isso, apresentavam-se como detentores da verdade, representantes
legítimos de Deus, capazes de interpretar a vontade e os planos divinos.
Jesus
deixa claro que quem quiser fazer uma experiência profunda e íntima de Deus tem
de aceitar Jesus e segui-lO. Ele é “o Filho” e só Ele tem uma experiência
profunda de intimidade e de comunhão com o Pai. Quem rejeitar Jesus não poderá
“conhecer” Deus: quando muito, encontrará imagens distorcidas de Deus e
aplicá-las-á depois para julgar o mundo e os homens. Mas quem aceitar Jesus e O
seguir, aprenderá a viver em comunhão com Deus, na obediência total aos seus
projetos e na aceitação incondicional dos seus planos.
Na
verdade, os critérios de Deus são bem estranhos, vistos de cá de baixo, com as
lentes do mundo. Nós, homens, admiramos e incensamos os sábios, os
inteligentes, os intelectuais, os ricos, os poderosos, os bonitos e queremos
que sejam eles a dirigir o mundo, a fazer as leis que nos governam, a ditar a
moda ou as idéias, a definir o que é correto ou não é correto.
Deus
diz que as coisas essenciais são muito mais depressa percebidas pelo
“pequeninos”: são eles que estão sempre disponíveis para acolher Deus e os seus
valores e para arriscar nos desafios do “Reino”. Quantas vezes os pobres, os
pequenos, os humildes são ridicularizados, tratados como incapazes, pelos
nossos “iluminados” fazedores de opinião, que tudo sabem e que procuram impor
ao mundo e aos outros as suas visões pessoais e os seus pseudo-valores.
A
Palavra de Deus ensina: a sabedoria e a inteligência não garantem a posse da
verdade; o que garante a posse da verdade é ter um coração aberto a Deus e às
suas propostas.
Como
é que chegamos a Deus? Como percebemos o seu “rosto”? Como fazemos uma
experiência íntima e profunda de Deus? É através da Filosofia? É através de um
discurso racional coerente? É passando todo o tempo disponível na igreja a
mudar as toalhas dos altares? O Evangelho responde: “conhecemos” Deus através
de Jesus. Jesus é “o Filho” que “conhece” o Pai; só quem segue Jesus e procura
viver como Ele pode chegar à comunhão com o Pai.
Há
católicos que, por serem Padres como eu, por terem feito catequese, por irem à
missa ao domingo e por fazerem parte do conselho pastoral da paróquia, acham
que conhecem Deus.
Atenção:
só “conhece” Deus quem é simples e humilde e está disposto a seguir Jesus no
caminho da entrega a Deus e da doação da vida aos homens. É no seguimento de
Jesus – e só aí – que nos tornamos “filhos” de Deus.
Reflexão Apostólica:
Era uma vez...
Certa vez, em uma
manha de inverno, o tempo pouco a pouco tomava novas atitudes. Árvores
balançando, galhos e folhas se desprendiam, poeira e terra começavam a circular
com o vento, (…) Uma pessoa olhando de sua janela imaginou: O frio estava
chegando! Aos poucos o vento aumentava e consigo também o número de folhas
secas. Não tardou muito e a chuva começou a cair. Não era uma chuva muito
forte, mas os ventos a fazia robustecer. Antenas balançavam, telhas voavam, (…)
incrivelmente uma criança, não preocupada com os chuviscos, via naquele tempo
uma oportunidade de soltar sua pipa nova. Enquanto alguns lamentavam as percas,
ele permanecia soberano no meio do vendaval. Amarrou a linha da pipa na grade
da sua casa, correu para dentro de casa e voltou com uma vassoura e mesmo
contra o vento, tentava varrer as folhas que enchiam a calçada.
- Guri bobo! Vai
trabalhar dobrado! Pensou o homem de sua janela!
O vento passou e
com ele a chuva também.
- Nossa quanta
folha na frente de casa! – disse o homem.
E lá estava ele em
frente a sua casa varrendo as folhas que o vento trouxe. Reclamando e
resmungando ia varrendo aquelas folhas, mas algo não estava por todo perdido.
Ele via aquele menino do vendaval ainda varrendo as folhas. E com uma vontade
de sair vitorioso do acontecido, o homem seguiu até o menino e perguntou com
tom de deboche:
- É guri (…), não
adiantou varrer sua casa durante o vendaval, não é? Ainda tem folhas na frente
de sua casa! Se seu desejo era economizar tempo, não deu certo!
- Não moço! Eu não
estava varrendo lá em casa não! Eu estava tentando evitar que elas fossem pra
sua casa, pois ao vê-lo na janela, imaginei que estava preocupado com isso e de
lá o senhor não podia ver o que eu estava vendo. A corrente de ar girava e
levava tudo da rua na direção da sua porta (…) – e continuou:
-Mas isso não
importa agora, pois já acabei! Que ajuda? Disse o menino.
Envergonhado disse
que não era necessário e agradeceu com um sorriso amarelo.
O menino deixou a
vassoura dentro de casa, desamarrou a linha da pipa e voltou a brincar. O homem
virou-se para o garoto e perguntou:
- Porque você não
recolheu a pipa? Você podia tê-la perdido! O menino prontamente respondeu:
- Senhor! Eu tenho
12 anos e ouço muito os conselhos dos meus pais. Meu pai disse que quando
abandonamos o que gostamos em beneficio do outro, Deus nos recompensa! Eu
poderia até perder a pipa, mas não pagaria o bem que fiz; Já minha mãe, que não
estudou muito, diz que mesmo que surja um furação, um vendaval, (…), não podemos
desistir ou abandonar o que gostamos; meu irmão mais velho, diz que eu me
tornaria um bom “soltador” de pipa no dia que conseguisse mantê-la no ar
durante uma chuva (…).
O homem resignou-se
com a sabedoria do menino e disse:
-Quero conhecer sua
família menino, pois tenho 50 e ainda não aprendi nada sobre a vida!
Essa estória deve
penetrar em nosso coração, alem dos nossos ouvidos. Ela tem um
destino certo, ou seja, alguém alguém precise ler ou ouvir isso.
Quando
fala do sofrimento e da força que a Palavra de Deus exerceu em sua vida, são
Paulo escreve ao amigo Timóteo: “Lembra-te de que Jesus Cristo, descendente
de Davi, ressuscitou dentre os mortos, segundo o meu Evangelho. |
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