2º DOMINGO DA QUARESMA
08 março - Pediremos a São José que obtenha
para todos nós a graça de conhecer e seguir a divina vontade (L 278). SÃO JOSÉ
MARELLO
Mateus 17,1-9
Naquele tempo, 1Jesus tomou consigo
Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta
montanha. 2E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou
como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3Nisto
apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus.
4Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 5Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”
6Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. 7Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”.
8Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
Meditação:
4Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 5Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”
6Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. 7Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”.
8Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
Meditação:
Esse segundo Domingo da Quaresma é
tradicionalmente dedicado à Transfiguração de Jesus no monte santo. Duas
perguntas podem nos ocorrer: O que foi a "Transfiguração"? E para
quê?
Tudo o que temos notícia sobre esse
episódio é o que os Evangelistas narraram, com suas limitações. Vale lembrar
que o Evangelho de Lucas foi o mais rico em detalhes, pois ainda disse sobre
qual assunto Jesus conversava com Moisés e Elias: a morte de cruz a qual Ele
iria padecer.
A narrativa da transfiguração, nos três evangelistas sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, é apresentada logo após o anúncio de Jesus sobre os sofrimentos que o esperam em Jerusalém, seguindo-se a repreensão a Pedro que, tomado pela idéia do messias poderoso de Israel, não entende a proposta de Jesus.
A narrativa da transfiguração, nos três evangelistas sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, é apresentada logo após o anúncio de Jesus sobre os sofrimentos que o esperam em Jerusalém, seguindo-se a repreensão a Pedro que, tomado pela idéia do messias poderoso de Israel, não entende a proposta de Jesus.
Estão aí envolvidos dois aspectos: o
sofrimento e a glória. Não se trata de sugerir que o sofrimento é o preço a ser
pago para atingir a glória, como em uma barganha.
A transfiguração é a maravilhosa
confirmação de que em Jesus a condição humana é gloriosa, mesmo que seja
vulnerável ao sofrimento e à morte, que são passageiros.
O realce da dignidade humana, na
transfiguração é um apelo aos discípulos a reconhecerem a verdadeira identidade
de Jesus e põe em maior evidência o crime hediondo daqueles que planejam matar
Jesus.
Esta manifestação gloriosa de Jesus se
articula com a manifestação por ocasião do seu batismo por João Batista, ambas
com o caráter de uma teofania, isto é, com manifestações de sinais e vozes
celestiais extraordinárias.
Nas duas é feita a proclamação: "Este
é meu Filho amado, em quem me comprazo", sendo que na transfiguração é
feito o acréscimo: "Ouvi-o!". O Filho amado é o homem Jesus, nascido
de Maria, concebido do Espírito Santo, revestido de eternidade em sua
humanidade, e nele temos a revelação do reconhecimento da grandiosidade da
condição humana, assumida por Deus na encarnação de seu Filho.
O cenário, uma alta montanha, e a presença
de Moisés e Elias correspondem a uma reapresentação da revelação de Deus.
Moisés e Elias subiram à montanha, o Sinai, um para receber a Lei e o outro,
para consolidar sua missão profética. Agora ambos vêm a Jesus, transfigurado,
para confirmá-lo como a revelação suprema de Deus.
Jesus, o simples e humilde homem de Nazaré,
na realidade é participante da natureza divina. Em nossa herança cultural
encontramos marcas profundas de culto ao poder. Somos levados a discriminar as
pessoas, selecionando-as pelos critérios de boa aparência, posses, prestígio, e
poder.
Comumente são desprezadas as pessoas de
condição humilde e destituídas de poder. Subvertendo estes critérios de
valores, Deus se revela como aquele que se faz presente e se identifica com os
pobres e excluídos.
Este homem Jesus, simples, frágil e
vulnerável, é o Filho de Deu presente no tempo, mas já inserido na eternidade,
em comunhão de amor com o Pai. A glória manifestada na transfiguração é a
transparência do amor e da liberdade com que Jesus sempre se relacionou com
seus discípulos e com o povo, no dia a dia.
Cada discípulo de Jesus é chamado a
participar desta glória por sua adesão ao projeto de Deus revelado em Jesus. Jesus nos
convida ao desapego dos atrativos e valores de um mundo seduzido pelo poder e
pelo dinheiro.
Somos chamados a assumir a partilha, a
solidariedade e a comunhão no amor e na misericórdia com nosso próximo, pelo
que entramos em comunhão com Deus.
O Deus de amor revelado por Jesus leva a
uma revisão da imagem de Deus apresentada no Primeiro Testamento, como um deus
que abençoa alguns a amaldiçoa a outros.
Todos, sem discriminações, somos acolhidos
como filhos de Deus, em Jesus, e somos chamados a viver, com alegria, o mundo
novo de fraternidade, justiça e Paz, na vida plena e revestidos de
imortalidade, pela graça de Deus.
Mas, e o "rosto brilhante como o
sol"? E as "vestes mais brancas do que a melhor lavadeira poderia
alvejar"? Se os três discípulos que presenciaram a cena foram fiéis na
descrição do que viram, a única conclusão que podemos chegar é de que o Céu se
abriu, e Jesus tomou conhecimento de todo o plano que seu Pai tinha para Ele.
No dia do Batismo de Jesus, a voz do Pai disse: "Este é o meu filho muito amado, no qual eu ponho a minha afeição." E hoje, na Transfiguração, a voz disse: "Este é o meu filho amado, no qual pus todo o meu agrado. Ouvi-o." É uma ORDEM direta do Pai. Sem intermediários. E mesmo assim, Jesus só permitiu que esse episódio fosse revelado às outras pessoas, após a sua ressurreição!
A cena da Transfiguração tem uma razão de ser, para os três discípulos que subiram com Jesus ao monte. Seria impossível duvidar da divindade de Jesus, após ter presenciado uma cena como aquela!
No dia do Batismo de Jesus, a voz do Pai disse: "Este é o meu filho muito amado, no qual eu ponho a minha afeição." E hoje, na Transfiguração, a voz disse: "Este é o meu filho amado, no qual pus todo o meu agrado. Ouvi-o." É uma ORDEM direta do Pai. Sem intermediários. E mesmo assim, Jesus só permitiu que esse episódio fosse revelado às outras pessoas, após a sua ressurreição!
A cena da Transfiguração tem uma razão de ser, para os três discípulos que subiram com Jesus ao monte. Seria impossível duvidar da divindade de Jesus, após ter presenciado uma cena como aquela!
Seria uma grande desobediência contra o
Deus Todo-Poderoso se eles não seguissem aquela ordem direta:
"Ouvi-o!" Essa é a ordem que nós também devemos seguir, para que
possamos, um dia, ressuscitar e subir aos Céus transfigurados, mais limpos do
que já estivemos algum dia nessa terra... O Pai nem chegou a dizer que
deveríamos "seguir Jesus", pois já está implícito que quem o ouve, de
verdade, vai seguir O CAMINHO, A VERDADE e A VIDA.
Reflexão Apostólica:
A radical transformação do mundo
atual parece ter deixado na sombra o sentido da vida, porque se tornou incapaz
de escutar “a voz do silêncio suave” (1Rs 19,12), que ressoa das profundezas da
história. Daí decorre a dificuldade radical de enxergar qualquer outra dimensão
da realidade que esteja acima ou por dentro da experiência humana.
Não é mais capaz de ler os
sinais da presença de Deus na história, dando a impressão de que a realidade
seja algo inconsistente e sem valor, e que, no fim das contas, a história
humana não passa de uma tremenda ilusão. No entanto, olhando mais em
profundidade, a experiência da tristeza e da angústia e a agitação da vida
moderna, tão repleta de conflitos, exprimem uma exigência de sentido e um
desejo de serenidade e de paz.
O episódio evangélico da Transfiguração
revela exatamente esta dimensão e pode ser um autêntico sinal de esperança
também para o nosso tempo. Não se trata simplesmente de um “olhar” diferente do
jeito comum de considerar as coisas, mas está em jogo uma “visão penetrante” de
algo que pode mudar radicalmente a vida e o seu sentido.
A partir das manifestações
divinas do Antigo Testamento, Mateus apresenta uma cena repleta de luz: - o
rosto de Jesus resplandece como o sol, suas vestes são brancas como a luz, a
nuvem também é luminosa. Os discípulos, diante de tão intensa luminosidade,
caem com o rosto no chão, assustados, e necessitam do “toque e da palavra” de
Jesus para se levantarem e superarem o susto.
O recurso pedagógico utilizado
por Jesus, narrado tanto por Mateus como por Lucas (9,28-36), é para indicar
que não existe glória sem sofrimento, “experiência de Deus” sem padecimento,
nem ressurreição sem cruz. Assim deseja indicar o narrador através da
manifestação ou pronunciamento do Pai: “Este é meu Filho querido, meu predileto.
Escutem-no”.
Não se trata de que no plano
divino estejam incluídos como requisito indispensável a dor, o sofrimento, os
padecimentos e a morte. Se assim fosse, estaríamos falando de um Deus
sanguinário e cruel, que exige o sangue, em primeiro lugar de seu filho, e em
geral de seus adoradores.
Nisso deve-se ter muito cuidado
e ser muito claro na pastoral de nossas comunidades, já que essa argumentação
tem sido a maneira implícita que se tem utilizado para justificar tanta
injustiça e dor que angustiam os pobres e oprimidos da terra. A dor e a morte
não fazem parte do plano divino, cujo principal objetivo é a vida. Como poderia
haver duas situações contraditórias ao mesmo tempo?
As situações de anti vida são
as “armas” dos inimigos do projeto de Justiça e Vida proposto por Jesus. E o
pior é que os que utilizam essas armas são muitas vezes “fiéis” que reagem com
perseguição, ódio e rejeição precisamente em nome de Deus.
É óbvio que não será em nome do
Deus bíblico da liberdade e da vida, do Deus de Jesus, mas em nome do deus que
o ódio e o egoísmo vão criando à sua própria imagem e semelhança e que por
desgraça tem multidões de seguidores.
Aí reside a raiz do conflito
constante de Jesus com aqueles que se acreditavam defensores da religião e de
Deus. Estes, como seus “defensores” de todos os tempos, não podiam senão
utilizar violência, rejeição, dogmatismo, excomunhão, perseguição e eliminação
ou desaparecimento.
Daí que a ressurreição não pode
ser vista de maneira tão simples e reduzida como o triunfo ou a demonstração do
poder do Deus de Jesus sobre os que o perseguiram e o crucificaram, ou como o
cumprimento de uma “segunda parte” de um suposto plano divino. Não.
A ressurreição de Jesus é, de
novo, a ratificação por parte do Pai de que a opção de vida de Jesus está na
mesma linha com a opção de vida do projeto divino.
Propósito:
Ó Deus Pai, Mãe, Sabedoria
eterna, visão infinita, intuição total: dá-nos profundidade no olhar, força no
coração, luz nos olhas da alma, para que sejamos capazes de transformar a
realidade e contemplar tua glória já agora, em nossa peregrinação terrestre
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