Natal é o
processo de reconciliação entre Deus e os seres humanos
Nesses
dias que sucedem a comemoração do natal e enquanto esperamos a chegada de 2018,
quero, junto com você concentrar nossas conversas diárias, até a próxima
sexta-feira, na essência da comemoração que pode ser resumida na frase do anjo
Gabriel: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1,28).
Isso porque entendo ser necessário ressaltar que a frase “Alegra-te, cheia
de graça, o Senhor está contigo” anuncia o início do processo de
reconciliação entre Deus e os seres humanos, através da anunciação da chegada
do Salvador, que, sem sombra de dúvidas, foi o acontecimento central da vida de
Maria (Lc 1,26-38).
Porém,
analisando o texto de Lucas, constatamos que a resposta de Maria, o seu “sim”,
não representa apenas um ato de submissão à vontade de Deus, mas um
consentimento ativo, consciente e, principalmente, responsável para um
engajamento pleno no projeto que transformaria o mundo.
Portanto,
a submissão de Maria foi, na verdade, uma “sub missão” de apoio à missão de
Deus, concretizada através do nascimento de Jesus. Até porque não implicou em
anulação dos ideais de Maria, mas sim em prioridade de objetivos de Deus para a
vida daquela jovem. O que vale dizer, que as ações e reações de Maria
demonstram ao mundo o seu amor por Deus e por cada um de nós; um amor que levou
Maria dizer: “a minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra
em Deus, meu Salvador (...) Porque o Senhor fez em mim maravilhas; e Santo é o
seu nome” (Lc 1,46-47 e 49). Por isso Maria é chamada de “bem aventurada”;
Veja
que o diálogo do rechonchudo anjo Gabriel com Maria se articula em três
momentos distintos: A saudação; a mensagem, que é o anúncio da maternidade
messiânica; e, a revelação da divina maternidade no anúncio. Ao mesmo tempo
Maria é: Discípula e modelo de discípulo. Maria acolhe e põe em prática a
Palavra de Deus; por isso de Maria brota a Vida para o mundo. Até porque, para
a vinda do Filho de Deus entre os homens, Deus chama Maria de Nazaré para ser
mãe.
Maria
aparece como aquela que contribui de maneira decisiva para a libertação do povo
de Deus e o cumprimento das profecias. Maria interfere positivamente na nova
criação em Jesus mediante a aceitação da sua tarefa na implementação do projeto
transformador, através da ação do Espírito Santo de Deus. O exemplo de “sim” de
Maria, que foi dado em total anuência da sua responsabilidade em demonstrar
através das palavras e principalmente das ações a sua fé e submissão ao plano
de Deus, mesmo com as dificuldades que estariam por vir. Esse é um verdadeiro
exemplo de atitude que todo ser humano deve ter diante dos desafios colocados
por Deus.
Por
tudo isso, devemos constatar que tudo o que aconteceu é obra do Espírito Santo
de Deus, a quem Lucas mesmo descreve como “o poder ou a força de Deus”. E, ai
estamos diante de um tema que remonta ao Antigo Testamento: O Espírito de Deus
já estava presente com a Sua força nas primeiras páginas da Sagrada Escritura
(Gn 1,2) para realizar a grande obra da criação. Aqui, esse mesmo poder
torna-se novamente presente no momento em que se inicia a nova criação, na qual
Maria, em sua obediência à Palavra, é algo que deve ser inerente ao cristão: A
alegria.
Por
isso, que a alegria é um componente fundamental da nossa relação com Deus; e o
combustível necessário para que possamos caminhar ao lado de Jesus, fazendo dos
Seus preceitos a nossa meta de vida; além de nos transformarmos em
implementadores seniores do Seu projeto para o mundo. A alegria que vem de
Cristo, mesmo diante dos problemas, tribulações, adversidades e, também, de
algumas decepções é o que nos faz reconhecer o caminho certo e nos concede a
ousadia necessária para assumi-lo plenamente. É por isso que no Advento, que é
um tempo de vigilância, de oração, de conversão, devemos estar alegres por um
só motivo: a certeza de que “o Senhor está próximo” (Fl 4,5), isso
porque Deus “amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho Unigênito para
que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo
3,16).
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