08 - Quando se deve corrigir alguém, é
preciso antes invocar o Espírito Santo, em
seguida dizer com fineza a coisa, de
maneira que se saiba que não é o amor próprio que nos motiva, e sim o desejo de
que todos sirvam fielmente a Deus. (S 196). São Jose Marello
João 20,19-23
"Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da
semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos
judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: "A paz esteja
convosco". Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então,
se alegraram por verem o Senhor. Jesus disse, de novo: "A paz esteja
convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio". Então, soprou sobre
eles e falou: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados,
serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos"."
Meditação:
Meditação:
Durante estes cinqüenta dias, em diferentes tons e com insistência pedagógica quase repetitiva, o evangelho de João e o livro dos Atos dos Apóstolos (At 2,1-11) nos prepararam para viver com intensidade espiritual, pessoal e comunitária, este momento culminante de nossa fé.
Pentecostes
era uma festa do judaísmo, com raízes no antigo Israel e nas tradições
agrícolas de Canaã, associada à colheita do trigo, bem como as festas dos
Ázimos e da Páscoa.
A
associação do dom do Espírito à festa judaica de Pentecostes é feita
exclusivamente por Lucas e foi incorporada na tradição das igrejas cristãs.
Assim
como Jesus não veio ao mundo para condená-lo, assim também não cabe à
comunidade missionária a condenação. É à palavra anunciada que cabe o
julgamento. Porém, à missão cabe o anúncio da prática da justiça, a qual tira o
pecado do mundo e instaura o amor.
O
Espírito é a plenitude do amor. O fruto do amor é a união. Pelos atos de
comunicação, misericórdia, perdão, solidariedade, partilha, serviço, nos unimos
em um só corpo.
Um
só corpo, com diversos membros, com diversidade de funções e carismas. Um só
corpo, com membros sadios, que usufruem os bens deste mundo, e com membros
doentes, excluídos, pobres, sofrendo privações. A vida deste corpo deve irradiar-se
ao corpo todo, comunicando vida plena a todos seus membros.
A
Ressurreição do Senhor é o centro de tudo o que podemos celebrar. É o centro da
nossa fé. O começo e o fim da nossa existência.
Se falarmos do
nascimento do Senhor, estaremos já nos preparando para este momento de
Ressurreição. Se mencionarmos a sua morte, será para aderirmos à sua
Ressurreição. Da Encarnação à Ressurreição, o Mistério é o mesmo. É preciso
abertura de coração para acolher e viver este Mistério na fé.
O
evangelista João inicia sua narrativa expondo a situação da comunidade. “Ao
anoitecer, do primeiro dia da semana, estando trancadas as portas do lugar onde
se encontravam os discípulos…”.
Ele
realça a situação de insegurança própria de quem perde as referências e que não
sabe mais a quem recorrer. “Jesus aparece e se coloca no meio deles”.
Os
discípulos ficaram contentes por ver o Senhor, e recuperam a paz e a confiança.
Eles redescobrem o Mestre como centro de referência: d'Ele recebem as
coordenadas que os levam a superar o medo e a incerteza.
Diante
dos “sinais de suas mãos e do lado”, que evocam o amor total expresso na cruz,
os discípulos sentem que nem o sofrimento, nem a morte, nem a violência do
mundo poderão detê-los.
E
Jesus prossegue: “Como o Pai me enviou, assim também envio vocês”. Vivificados
pelo sopro do Espírito do Ressuscitado, os discípulos constituem a comunidade
da nova Aliança e são enviados a testemunhar ao mundo, em gestos e palavras, a
vida que o Pai deseja oferecer a toda a humanidade.
Assim,
quem aceitar a proposta do perdão dos pecados, será integrado na comunidade de
Jesus que, animada pelo Espírito Santo, será mediadora da oferta do amor
misericordioso do Pai.
A
nova comunidade, por palavras e ações, tem a missão de criar as condições para
que o Espírito seja acolhido pelos corações humanos.
Assim,
a comunidade gerada do sopro do Espírito do Ressuscitado se transformará numa
comunidade reconciliadora e testemunha do amor gratuito e generoso do Pai.
É
bom lembrar que na celebração do Pentecostes, cumpre-se a promessa de Jesus aos
discípulos: “O Advogado, que eu
mandarei para vocês de junto do Pai, é o Espírito da Verdade que procede do
Pai. Quando ele vier dará testemunho de mim e vocês também darão testemunho de
mim” (15, 26-27a).
Reconhecer
esta presença de Deus, que se fez um conosco, nos impulsiona a testemunhar e
testemunhando anunciar que Ele esteve morto, mas agora vive. Que foi por nós,
pregado numa Cruz, mas que para nossa salvação, ressuscita glorioso. Vem de
Deus para nos trazer Deus. Volta para Deus para nos levar consigo até Deus.
“Se
eu não for para junto do Pai, não poderei enviar-lhes o Dom do Pai”. Se eu não
voltar para o meu Pai, não poderei levá-los para junto do meu Pai.
É
necessária esta passagem. Fez-se necessária a sua morte. Foi uma realidade este
evento, é necessária total acolhida da nossa parte para recebermos o Dom do
Pai.
O
Espírito Santo nos é oferecido para que vivamos no hoje da nossa história a
alegria plena, pela certeza de que já fomos salvos pelo Cristo de Deus.
Para
nós cristãos, Pentecostes é a plenitude da Páscoa e o dia do nascimento da
Igreja com a missão de dar continuidade à obra do Ressuscitado no curso dos
séculos, em meio à diversidade dos povos, animada pelo dom do Espírito enviado
sobre as comunidades dos discípulos pelo Pai e pelo Filho glorificado.
À
luz de Pentecostes, o anúncio do Evangelho consistirá sempre numa proposta de
vida, vivida na reciprocidade, na escuta e na busca sincera da verdade, que
abre horizontes ao diálogo, respeitoso e amigo, com cada pessoa e cada povo:
com a presença do Espírito Santo, o mundo inteiro é renovado!
Quanto
mistério nos envolve, quanta presença de Deus nos foi manifestada durante estes
dias jubilosos! É da Cruz que nasce a Igreja.
Do
lado aberto do Senhor somos todos purificados, mas é do Espírito que o Pai nos
envia, que temos força, coragem e entusiasmo para testemunhar este grandioso
mistério. É Pentecostes o novo marco da nossa história pessoal e eclesial. É
pelo Espírito Santo que nascemos para Deus.
Através
do Espírito de Cristo, somos configurados a Ele e nos empenhamos no caminho da
virtude. É o Espírito Santo que como Dom do Pai, transforma nossa tristeza em
perfeita alegria, que nos oferece a vitória através da Cruz. “Se com Ele
morremos, com Ele ressuscitaremos”.
Somos
hoje Maria, que acolhe o anúncio e imediatamente se coloca a serviço de quem
necessita do nosso auxílio. Somos Maria Madalena, que tem o coração
transformado pelo amor do seu Senhor, para no amor Dele transformar em alegria
a tristeza de nossos irmãos. Somos Isabel, geradora de vida mesmo na velhice,
quando nosso coração se abre para acolher a novidade da salvação que nos é
oferecia. Somos ainda Zacarias, mergulhado num profundo e misterioso silêncio
para compreender a realidade visível de um Deus invisível. Somos por fim,
Igreja viva, sustentada e orientada pela ação do Espírito de Deus.
O
Dom de Deus que vai nos transformar e nos fará testemunhar que Cristo vive
entre nós, é a alegria de pertencermos do Corpo Místico de Cristo, que vive e reina
para sempre, aquecendo o nosso coração a caminho do novo Emaús, que nos leva a
partilhar o pão do céu.
Pela
alegria de servir, pelo júbilo de um encontro com o Senhor, pela certeza de sua
presença transformadora e pelo mergulho da fé no Mistério de Deus, vamos
anunciar pela nossa vida, que Cristo ressuscitou e vive entre nós. Que somos
outros “Cristos” testemunhando a graça, o amor e o Dom de Deus no mistério de
Pentecostes.
Reflexão Apostólica:
Todos
os carismas, dons e ministérios estão em função do crescimento da Igreja. A
ação do Espírito qualifica a missão da Igreja no mundo e não somente na
santificação individual. O Espírito articula interiormente a missão de Jesus e
a missão da Igreja.
O quarto evangelho apresenta duas cenas contrastantes. Em primeiro lugar, os discípulos fechados em uma casa, cheios de medo e ao anoitecer. Em segundo lugar, a presença de Jesus que lhes comunica a paz, mostra-lhes suas feridas como sinal de sua presença real. Eles enchem-se de alegria e Jesus lhes comunica o Espírito que os qualifica para a missão.
O medo, a obscuridade e o fechamento da “casa interior” se transformam agora, com a presença de Jesus, em paz, alegria e envio missionário.
O quarto evangelho apresenta duas cenas contrastantes. Em primeiro lugar, os discípulos fechados em uma casa, cheios de medo e ao anoitecer. Em segundo lugar, a presença de Jesus que lhes comunica a paz, mostra-lhes suas feridas como sinal de sua presença real. Eles enchem-se de alegria e Jesus lhes comunica o Espírito que os qualifica para a missão.
O medo, a obscuridade e o fechamento da “casa interior” se transformam agora, com a presença de Jesus, em paz, alegria e envio missionário.
São
sinais tangíveis da ação misteriosa e transformante do Espírito no interior dos
crentes e da comunidade. Ressurreição, ascensão, irrupção do Espírito e missão
eclesial aparecem aqui intimamente articulados. Não são momentos isolados, mas
simultâneos, progressivos e dinamizadores na comunidade crente.
Jesus cumpre suas promessas. Ele prometeu a seus discípulos que logo voltaria, que não os deixaria sozinhos. Disse-lhes que o Espírito Santo de Deus os assistiria para que entendessem tudo o que ele lhes havia anunciado. Assim se faz. Agora lhes comunica o Espírito que tudo cria e renova tudo. Jesus sopra sobre eles como Deus soprou para criar o ser humano. Eles são as pessoas novas da criação restaurada pela entrega amorosa de Jesus.
A violência, a injustiça, a miséria e a corrupção em todos os âmbitos da sociedade, nos enchem de medo, desalento e desesperança.
Jesus cumpre suas promessas. Ele prometeu a seus discípulos que logo voltaria, que não os deixaria sozinhos. Disse-lhes que o Espírito Santo de Deus os assistiria para que entendessem tudo o que ele lhes havia anunciado. Assim se faz. Agora lhes comunica o Espírito que tudo cria e renova tudo. Jesus sopra sobre eles como Deus soprou para criar o ser humano. Eles são as pessoas novas da criação restaurada pela entrega amorosa de Jesus.
A violência, a injustiça, a miséria e a corrupção em todos os âmbitos da sociedade, nos enchem de medo, desalento e desesperança.
Não
vemos saída e preferimos o fechamento em nós mesmos, em nossos assuntos
individuais e esquecemos do grande assunto de Jesus. Então é quando ele
irrompe em nosso interior, ultrapassa as portas do coração e ilumina o
entendimento para que compreendamos que não nos abandonou.
Ele continua presente na vida do crente e no seio da comunidade. Continua agindo através de muitas pessoas e organizações que se comprometem totalmente para seguir lutando contra toda forma de pecado que desumaniza e aliena o ser humano.
Ele continua presente na vida do crente e no seio da comunidade. Continua agindo através de muitas pessoas e organizações que se comprometem totalmente para seguir lutando contra toda forma de pecado que desumaniza e aliena o ser humano.
O
Espírito de Deus continua agindo na historia ainda que aparentemente não o
percebamos. Não é necessário fazer tanto ruído para dizer que o Espírito está
agindo. Muitas vezes não o sentimos porque age em forma muito simples através
de gestos que podem passar desapercebidos.
Que sinais da presença dinamizadora do Espírito de Deus podemos perceber em nossa vida pessoal, familiar e comunitária? Conhecemos pessoas que agem sob a ação do Espírito? Por que? Que podemos fazer para descobrir e fortalecer os dons e ministérios que o Espírito continua suscitando em pessoas e comunidades?
No evangelho de João é o próprio Jesus quem comunica o Espírito a seus discípulos. O evangelista põe especial atenção para descrever a situação dos discípulos: portas fechadas, medo, dúvida, paralisia interior, inércia exterior.
Que sinais da presença dinamizadora do Espírito de Deus podemos perceber em nossa vida pessoal, familiar e comunitária? Conhecemos pessoas que agem sob a ação do Espírito? Por que? Que podemos fazer para descobrir e fortalecer os dons e ministérios que o Espírito continua suscitando em pessoas e comunidades?
No evangelho de João é o próprio Jesus quem comunica o Espírito a seus discípulos. O evangelista põe especial atenção para descrever a situação dos discípulos: portas fechadas, medo, dúvida, paralisia interior, inércia exterior.
A
presença do Ressuscitado transforma o medo em prazer e alegria, devolve a paz
aos corações atribulados e qualifica para transmitir esta experiência mediante
o perdão e a reconciliação. O Espírito nos dá paz, comunhão, justiça, alegria,
perdão, reconciliação e a luz para compreender a verdade.
Também nós podemos
participar desta experiência se deixarmos que o Espírito de Jesus nos encha e
nos impulsione a testemunhar a proximidade do reino com coragem e alegria.
Propósito:
Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai da Gloria: ilumina nosso olhar interior para que, vendo o que esperamos pelo teu chamado, e entendendo a grande e gloriosa herança que reservas aos seus santos, compreendamos com que extraordinária força age em favor dos que crêem. Senhor Jesus, que eu seja cada dia revestido pela força do Espírito Santo, que me capacita para exercer, sem descanso, minha tarefa de evangelizador.
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