Evangelho:
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 11,25-27
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 11,25-27
"Naquela ocasião, Jesus pronunciou estas
palavras: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste
estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai,
assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o
Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o
Filho o quiser revelar."
Meditação:
Meditação:
“(…) Aos ‘puros de coração’ é prometido que verão a Deus
face a face e serão semelhantes a Ele . A pureza do coração é condição prévia
para a visão.”. (Catecismo da Igreja Católica § 2519)
Após o “discurso
da missão” e o envio dos discípulos ao mundo para continuarem a obra
libertadora de Jesus, Mateus coloca no seu esquema de Evangelho uma seção sobre
as reações e as atitudes que as várias pessoas e grupos tomam frente a Jesus e
à sua proposta de “Reino”.
Nos versículos anteriores ao texto que nos é hoje proposto,
Jesus havia dirigido uma veemente crítica aos habitantes de algumas cidades
situadas à volta do lago de Tiberíades, porque foram testemunhas da sua
proposta de salvação e mantiveram-se indiferentes.
Estavam demasiado cheios de si próprios, instalados nas
suas certezas, calcificados nos seus preconceitos e não aceitavam
questionar-se, a fim de abrir o coração à novidade de Deus.
Agora, Jesus manifesta-se convicto de que essa proposta
rejeitada pelos habitantes das cidades do lago, encontrará acolhimento entre os
pobres e marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam
pela libertação que Deus tem para lhes oferecer.
Hoje estamos diante de duas “sentenças” que, provavelmente,
foram pronunciados em ambientes diversos deste que Mateus nos apresenta.
A primeira sentença é uma oração de louvor que Jesus dirige
ao Pai, porque Ele escondeu estas coisas aos sábios e inteligentes e as
revelou aos pequeninos.
Os “sábios e inteligentes” são certamente esses “fariseus”
e “doutores da Lei”, que absolutizavam a Lei, que se consideravam justos e
dignos de salvação porque cumpriam escrupulosamente a Lei, que não estavam
dispostos a deixar pôr em causa esse sistema religioso em que se tinham
instalado e que – na sua perspectiva – lhes garantia automaticamente a
salvação.
Os “pequeninos” são os discípulos, os primeiros a responder
positivamente à oferta do “Reino”; e são também esses pobres e marginalizados,
ou seja, os doentes, os publicanos, as mulheres de má vida, o “povo da terra”
que Jesus encontrava todos os dias pelos caminhos da Galiléia, considerados
malditos pela Lei, mas que acolhiam, com alegria e entusiasmo, a proposta
libertadora de Jesus.
A segunda sentença relaciona-se com a anterior e explica o
que é que foi escondido aos “sábios e inteligentes” e revelado aos
“pequeninos”.
Trata-se, duma “experiência profunda e íntima” de Deus. Os
“sábios e inteligentes” estavam convencidos de que o conhecimento da Lei lhes
dava o conhecimento de Deus.
A Lei era uma espécie de “linha direta” para Deus, através
da qual eles ficavam a conhecer Deus, a sua vontade, os seus projetos para o
mundo a para os homens; por isso, apresentavam-se como detentores da verdade,
representantes legítimos de Deus, capazes de interpretar a vontade e os planos
divinos.
Jesus deixa claro que quem quiser fazer uma experiência
profunda e íntima de Deus tem de aceitar Jesus e segui-lO. Ele é “o Filho” e só
Ele tem uma experiência profunda de intimidade e de comunhão com o Pai.
Quem rejeitar Jesus não poderá “conhecer” Deus: quando
muito, encontrará imagens distorcidas de Deus e aplicá-las-á depois para julgar
o mundo e os homens. Mas quem aceitar Jesus e O seguir, aprenderá a viver em
comunhão com Deus, na obediência total aos seus projetos e na aceitação
incondicional dos seus planos.
Na verdade, os critérios de Deus são bem estranhos, vistos
de cá de baixo, com as lentes do mundo. Nós, homens, admiramos e incensamos os
sábios, os inteligentes, os intelectuais, os ricos, os poderosos, os bonitos e
queremos que sejam eles a dirigir o mundo, a fazer as leis que nos governam, a
ditar a moda ou as idéias, a definir o que é correto ou não é correto.
Deus diz que as coisas essenciais são muito mais depressa
percebidas pelo “pequeninos”: são eles que estão sempre disponíveis para
acolher Deus e os seus valores e para arriscar nos desafios do “Reino”.
Quantas vezes os pobres, os pequenos, os humildes são
ridicularizados, tratados como incapazes, pelos nossos “iluminados” fazedores
de opinião, que tudo sabem e que procuram impor ao mundo e aos outros as suas
visões pessoais e os seus pseudo-valores.
A Palavra de Deus ensina: a sabedoria e a inteligência não
garantem a posse da verdade; o que garante a posse da verdade é ter um coração
aberto a Deus e às suas propostas.
Como é que chegamos a Deus? Como percebemos o seu “rosto”?
Como fazemos uma experiência íntima e profunda de Deus? É através da Filosofia?
É através de um discurso racional coerente? É passando todo o tempo disponível
na igreja a mudar as toalhas dos altares?
O Evangelho responde: “conhecemos” Deus através de Jesus.
Jesus é “o Filho” que “conhece” o Pai; só quem segue Jesus e procura viver como
Ele pode chegar à comunhão com o Pai.
Há católicos que, por serem Padres como eu, por terem feito
catequese, por irem à missa ao domingo e por fazerem parte do conselho pastoral
da paróquia, acham que conhecem Deus.
Atenção: só “conhece” Deus quem é simples e humilde e está
disposto a seguir Jesus no caminho da entrega a Deus e da doação da vida aos
homens. É no seguimento de Jesus – e só aí – que nos tornamos “filhos” de Deus.
Reflexão Apostólica:
Era uma vez...
Certa vez, em uma manha de
inverno, o tempo pouco a pouco tomava novas atitudes. Árvores balançando,
galhos e folhas se desprendiam, poeira e terra começavam a circular com o
vento, (…) Uma pessoa olhando de sua janela imaginou: O frio estava chegando!
Aos poucos o vento aumentava
e consigo também o número de folhas secas. Não tardou muito e a chuva começou a
cair. Não era uma chuva muito forte, mas os ventos a fazia robustecer. Antenas
balançavam, telhas voavam, (…) incrivelmente uma criança, não preocupada com os
chuviscos, via naquele tempo uma oportunidade de soltar sua pipa nova. Enquanto
alguns lamentavam as percas, ele permanecia soberano no meio do vendaval.
Amarrou a linha da pipa na
grade da sua casa, correu para dentro de casa e voltou com uma vassoura e mesmo
contra o vento, tentava varrer as folhas que enchiam a calçada.
- Guri bobo! Vai trabalhar
dobrado! Pensou o homem de sua janela!
O vento passou e com ele a
chuva também.
- Nossa quanta folha na
frente de casa! – disse o homem.
E lá estava ele em frente a
sua casa varrendo as folhas que o vento trouxe. Reclamando e resmungando ia
varrendo aquelas folhas, mas algo não estava por todo perdido. Ele via aquele
menino do vendaval ainda varrendo as folhas. E com uma vontade de sair
vitorioso do acontecido, o homem seguiu até o menino e perguntou com tom de
deboche:
- É guri (…), não adiantou
varrer sua casa durante o vendaval, não é? Ainda tem folhas na frente de sua
casa! Se seu desejo era economizar tempo, não deu certo!
- Não moço! Eu não estava
varrendo lá em casa não! Eu estava tentando evitar que elas fossem pra sua
casa, pois ao vê-lo na janela, imaginei que estava preocupado com isso e de lá
o senhor não podia ver o que eu estava vendo. A corrente de ar girava e levava
tudo da rua na direção da sua porta (…) – e continuou:
-Mas isso não importa agora,
pois já acabei! Que ajuda? Disse o menino.
Envergonhado disse que não
era necessário e agradeceu com um sorriso amarelo.
O menino deixou a vassoura
dentro de casa, desamarrou a linha da pipa e voltou a brincar. O homem virou-se
para o garoto e perguntou:
- Porque você não recolheu a
pipa? Você podia tê-la perdido! O menino prontamente respondeu:
- Senhor! Eu tenho 12 anos e
ouço muito os conselhos dos meus pais. Meu pai disse que quando abandonamos o
que gostamos em beneficio do outro, Deus nos recompensa! Eu poderia até perder
a pipa, mas não pagaria o bem que fiz; Já minha mãe, que não estudou muito, diz
que mesmo que surja um furação, um vendaval, (…), não podemos desistir ou
abandonar o que gostamos; meu irmão mais velho, diz que eu me tornaria um bom
“soltador” de pipa no dia que conseguisse mantê-la no ar durante uma chuva (…).
O homem resignou-se com a
sabedoria do menino e disse:
-Quero conhecer sua família
menino, pois tenho 50 e ainda não aprendi nada sobre a vida!
Essa estória deve penetrar
em nosso coração, alem dos nossos ouvidos. Ela tem um destino certo,
ou seja, alguém alguém precise ler ou ouvir isso.
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