II
DOMINGO DA QUARESMA
Domingo
dia 24 de fevereiro Ano "B"
Jesus
transfigurado
Transfiguração é uma mudança que pode ser para melhor, ou para pior. Pode ser
bonita, e atraente, ou feia e repugnante. Hoje, estamos festejando a mudança
no rosto de Jesus que o tornou luminoso como o sol e que ficou conhecida como
“Transfiguração”. Transfigurar significa mudar a figura ou a feição, significa
mudança nas expressões faciais. Imaginemos o brilho no olhar no rosto de uma
mulher grávida transfigurado pela felicidade de carregar em seu corpo, uma nova
vida. Do mesmo modo, lembremos o nosso rosto transfigurado quando após a
confissão, recebemos o Cristo eucarístico pela comunhão. Vemos também, esse
esplendor, no rosto de uma adolescente apaixonada. E o que caracteriza o
semblante de todos eles é o brilho no olhar. E o amor é que faz iluminar e
brilhar a expressão das pessoas transfiguradas.
Mas infelizmente, nem sempre a transfiguração é motivo de felicidade. Pois nos
rosto a mãe que chora ao perder o seu filho vítima da violência generalizada, a
transformação no rosto daquele irmão que perdeu tudo o que tinha tendo sua casa
destruída pelas enchentes decorrentes da chuva, a transformação no rosto da moça
quando levou um fora do namorado, ou a mudança brusca do semblante da mulher ou
do homem que teve o seu casamento desfeito pela separação... Por outro lado,
podemos comparar as expressões faciais de um homem santo com as expressões do
rosto de um homem mau, daquele que não reconhece Jesus e vive fora dos seus
caminhos. São rostos diametralmente diferentes, são feições totalmente
opostas. Em um vemos a pureza, enquanto no outro está espelhado o
mal.
Isso acontece por que embaixo da camada epitelial do nosso rosto, existe uma
fina camada gordurosa que ao passar do tempo vai moldando as nossas expressões
faciais de acordo com os nossos pensamentos dominantes, vai se emoldurando de
acordo com o que acreditamos e vivemos. Assim, temos o nosso semblante
emoldurado de acordo com o que somos: Se somos bons, nosso semblante é bonito e
agradável. Confira no rosto, no olhar de uma criança inocente. Porém, se somos
maus, se seguimos a satanás em vez do Evangelho, o nosso semblante é assustador!
A transfiguração foi uma teofania (visão,
manifestação de Deus ao mundo.) Daquela nuvem saiu uma voz que disse: "Este é o
meu Filho Amado... Escutai-o!"
Será que temos escutado a voz de Deus? Será que temos escutado Deus que nos fala
pelas leituras da missa, pela boca do celebrante em sua homilia, pelos
acontecimentos do nosso dia a dia? Ah! estamos escutando Deus! Pelo menos
temos tentado escutá-lo?
Mas não basta somente escutar, ouvir a voz de Deus que nos chama, nos repreende,
nos conforta, nos alegra, nos faz companhia... temos de por em prática. É
preciso viver a voz de Deus que nos chega de diversos modos, é necessário e
indispensável não só escutar como praticar com fé, esperança e muita
caridade.
No monte tabor Jesus deu uma pequena mostra de como Ele ficaria depois da
ressurreição. Transfigurado, com um esplendor maravilhoso em seu rosto, em todo
o seu ser de forma visível aos olhos daqueles privilegiados que presenciaram tão
maravilhosa visão. "Quando Jesus se manifestar, seremos
semelhantes a Ele" (1Jo 3,2). Isso quer dizer que um dia quando acontecer a
nossa ressurreição dos mortos, seremos um pouquinho semelhante a Jesus
ressuscitado.
A meta da história humana é atingir a transfiguração... E nos tempos de Quaresma
temos de nos preparar para nos transformar em novas criaturas. Precisamos nos
transformar para poder transformar o mundo.
Irmãos. O nosso objetivo é sermos transfigurados pela conversão e pela graça de
Deus por meio de Jesus. Assim, a transfiguração será sempre para nós uma
vocação, um ponto de chegada a ser atingido, porém, nesta vida, não
conseguiremos plenamente essa mudança. Por isso devemos lutar por ela
diariamente, a cada instante da nossa vida. Vencendo as tentações, corrigindo o
nosso relacionamento com os nossos irmãos, rezando, meditando, e enquanto
trabalhamos pela sobrevivência, devemos nos cuidar para atingir e manter a nossa
transformação facial, a qual vem da alma purificada. Nunca estaremos prontos,
acabados, pois a nossa conversão, a manutenção da nossa transfiguração deve ser
diária, constante, e persistente. Precisamos tomar muito cuidado, para que no
último instante da nossa vida, estejamos transfigurados, resplandecentes, dignos
de sermos conduzidos à transfiguração Eterna. Pois é preciso estar de pé quando
vier o Senhor .
As leituras de hoje nos convidam a acompanhar Jesus neste espetáculo inédito e
único da transfiguração, a fim de não desfalecermos em nossa fé, e de não termos
a nossa face desfigurada pelo pecado, mais sim, a fim de sermos exemplo de
justiça, pureza, conversão, diante dos homens, das mulheres, e principalmente
diante das crianças. Para isso é bom termos diante dos olhos esta imagem que
aconteceu no Monte Tabor, diante dos discípulos João, Tiago e Pedro, que foram
as privilegiadas testemunhas deste fato extraordinário, mistério da nossa
fé.
E a medida que ouvimos, cremos, praticamos e anunciamos a palavra, estaremos a
cada dia mais preparados para colocar a veste branca da nossa transfiguração,
por que hoje somos convidados a ouvir a voz que saiu daquela nuvem:
“Escutai-o”. Escutar, acreditar, viver e ensinar pelo exemplo e pela
palavra...
Como vimos, a transfiguração foi uma antecipação da ressurreição de Jesus. Uma
mostra de como Ele seria transformado depois de ressuscitar. Um exemplo para
nós. Pois precisamos primeiro nos transformar para podemos transformar as
pessoas que nos cercam e para que um dia possamos merecer a glória eterna, junto
com aquelas pessoas as quais Deus colocou em nosso caminho para que as
transformássemos em novas criaturas modificadas em seus semblantes pela
conversão constante, incentivada pela nossa ação
catequética.
Este é o II Domingo da Quaresma, e o Evangelho nos mostra Jesus rezando na
companhia de Pedro, Tiago e João. Mais uma vez Ele se afastou da multidão para
um lugar distante e permaneceu em oração. Você
já rezou hoje?
Irmãos. Neste domingo em que festejamos aquele momento especial no qual Jesus
foi transfigurado diante dos discípulos, também nós somos convidados por Deus a
escutar o que Ele tem para nos comunicar, a contemplar o brilho em seu rosto, e
partir para a ação de transformar o mundo.
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