22 agosto– Como os fluidos, o homem
pode elevar-se, pois tanto se pode quanto se quer, e tanto se quer quanto se
sabe. (L 9). São Jose Marello
João
6,60-69
"Muitos seguidores de Jesus ouviram isso e reclamaram:
- O que ele ensina é
muito difícil! Quem pode aceitar esses ensinamentos?
Não disseram nada a
Jesus, mas ele sabia que eles estavam resmungando contra ele. Por isso
perguntou:
- Vocês querem me
abandonar por causa disso? E o que aconteceria se vocês vissem o Filho do Homem
subir para onde estava antes? O Espírito de Deus é quem dá a vida, mas o ser
humano não pode fazer isso. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida,
mas mesmo assim alguns de vocês não crêem.
Jesus disse isso
porque já sabia desde o começo quem eram os que não iam crer nele e sabia
também quem ia traí-lo.
Jesus continuou:
- Foi por esse motivo
que eu disse a vocês que só pode vir a mim a pessoa que for trazida pelo Pai.
Por causa disso
muitos seguidores de Jesus o abandonaram e não o acompanhavam mais. Então ele
perguntou aos doze discípulos:
- Será que vocês
também querem ir embora?
Simão Pedro
respondeu:
- Quem é que nós
vamos seguir? O senhor tem as palavras que dão vida eterna! E nós cremos e
sabemos que o senhor é o Santo que Deus enviou."
Meditação:
As palavras de Jesus "são Espírito e são vida". Ir a Jesus, por dom
do Pai, é viver o amor e a unidade em todas as situações de nossa vida, em
comunhão com todos, principalmente com os mais fracos e excluídos, conscientes
de que somos todos membros do corpo de Cristo (segunda leitura).
A revelação de Jesus como o pão descido do céu e de sua carne dada como
alimento para a vida do mundo provocou incompreensão e murmurações entre os
judeus (Jo 6,41.52).
Muitos de seus discípulos também, sem entender, abandonaram Jesus. Ante esta atitude do povo, Jesus fazendo um pequeno comentário, pergunta aos seus discípulos: Acaso também vós quereis partir? Pelo que nos parece o abandono foi geral. O lugar ficou praticamente vazio e então era o momento de Jesus animar aos que restavam e que Ele tinha escolhido a dedo: os 12 apóstolos. Se a resposta fosse negativa, a pergunta pareceria uma exclusão de todos que deixando Jesus foram embora. Jesus praticamente lhes diz: Vós também sois do tipo pusilânime e covarde que na dificuldade desanima e foge? Também hoje e agora Jesus faz a mesma pergunta. Gostaria que não só não se esquecesse da resposta de Pedro como fizesse sua: Senhor, a quem iremos? Só Tu tens Palavras de vida eterna. Veja que a resposta de Pedro tem como sujeito a quem interpelar a palavra Senhor. Evidentemente, não é o mesmo Senhor do ressuscitado, que recebeu o poder. Mas indica que as Palavras de Jesus têm autoridade, poder e a capacidade de salvar as nossas vidas e por isso nos devemos submeter a elas. É preciso que, como Pedro, você tenha a consciência de que não existe em nenhum lugar do mundo outro nome no qual possa ser salvo, senão no nome e poder de Jesus. Suas são palavras que contem verdade eterna, a única que propriamente pode ser declarada como verdade. É por esta certeza que eu e você temos que acreditar. Pedro nos mostra que Ele é o Ungido, o Filho do Deus.
Afirmar que é o Filho do Deus vivo, é um ato de fé inusitado entre os
discípulos de Jesus, não por aclamá-lo Messias, mas por declará-lo Filho de
Deus, aceitando que o Pai é Deus. Assim, Pedro estava disposto a admitir e
acreditar nessas palavras que eram palavras de vida.
Por outro lado, Jesus pede uma resposta clara a seus apóstolos e Pedro, em nome
de todos, dá a única possível para um seguidor de Jesus. Este é o Ungido do
Senhor e como Filho sabe perfeitamente a vontade do Pai, cujo seguimento é a
verdadeira vida.
Para os homens de fora as palavras de Jesus constituem um fracasso. Os homens
as escutam não com o espírito de obediência a quem fala da experiência como
viva, mas com o critério de uma razão humana que se julga independente e
absoluta: É o critério de Tomé: Se não vejo não creio. Jesus é o vidente que
nos declara existirem matizes nas cores e nós somos os cegos que não podem
captá-los. Negá-los porque não os podemos experimentar é cerrar-se ao mistério
que sempre existe na grande verdade divina.
Vemos que Jesus se intitula o filho do homem como um caso particular de ser
membro da família humana. Isto significa que ele pode ser visto e ouvido como
um homem; mas com a particularidade de ser representante da divindade, ou seja,
a face humana de Deus. Ele sabe como conduzir a humanidade e seu exemplo é paradigma
de todos os que desejam viver suas vidas em conformidade com os planos e
desígnios de Deus. Até dirá aprendei de mim que sou pacífico e humilde em
minhas ambições e propósitos.
Em nossos dias a Palavra de Jesus tem uma resposta negativa: a incredulidade
porque é palavra difícil, e exige uma submissão prática da vida não só no modo
de pensar mas também no modo de atuar. Ou pode ter uma resposta positiva como a
dada por Pedro: é a fé. Mas uma fé, não no homem sábio, brilhante, mas na
testemunha que conta o que viveu no seio de Deus. A sua palavra está
corroborada por obras admiráveis. Se nestas não acreditamos, desaparece o Filho
de Deus e só fica o homem Jesus, admirável em palavras e condutas, mas
puramente humano de quem podemos tomar as palavras que nos convêm e descartar
as palavras difíceis que atrapalham o nosso ideal ou a nossa maneira de vida.
Jamais será vida para nós.
Que Simão Pedro interceda por nós para que diante de tantos profetas da
falsidade reconheça nas palavras de Jesus, a Vida, a Verdade e o Caminho que
nos conduz a Deus no nosso Pai e digamos: A QUEM IREMOS SENHOR, SÓ TU TENS
PALAVRAS DE VIDA ETERNA.
Reflexão Apostólica:
No nosso relacionamento com Deus, mais do que entendê-lo é importante aceitá-lo. Deus age à sua maneira, nem sempre o entendemos, mas é preciso sempre aceitá-lo. Os discípulos eram muitos. Ao ouvirem o discurso da Eucaristia, ficaram reduzidos e, no monte Calvário, ficaram ainda mais diminuídos. Mas Jesus manteve firme a sua doutrina. Nós podemos criar uma parábola para retratar o relacionamento de Deus para conosco hoje:
Um pai extremoso convidou a sua filhinha de nove anos para ir ver com ele o
castelo maravilhoso que ele tinha feito para ela. Mas, no caminho, ele se
escondeu. Sua filha, desamparada, ficou-o procurando aflita, julgando-se
inteiramente entregue à sua sorte. Só quando as primeiras lágrimas apontaram e
antes que as suas forças fraquejassem, Ele apareceu de surpresa e levou-a para
morar com Ele.
Na parábola, o pai extremoso é Deus. A filha de nove anos é cada um de nós.
Cada um de nós por mais adulto que seja, por mais inteligente e sabido, mesmo
um Einstein com a sua agudíssima inteligência, não passa de uma criança frente
a Deus. Às vezes. Ele se emparelha de nós com desvelos de um pai extremoso,
mas, surpreendentemente, falta-nos em determinados momentos para que tenhamos
nossos méritos. Mas o que Ele deseja e quer é que nunca o deixemos de
procurá-lo.
Ao refletir essa passagem do Evangelho, me veio à memória tantas experiências
que já tive com o Senhor e acabei respondendo como Pedro: “A quem iremos, Senhor? Tu tens
palavras de vida eterna.Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo
de Deus”.
Nosso Deus é o Deus da liberdade. Ele nos salva, cura, liberta e ama, sem
exigir nada em troca. Essa Palavra nos faz refletir se estamos com o Senhor só
quando entendemos o que Ele está fazendo, ou por que realmente reconhecemos que
Ele, e só Ele é o Senhor da vida. E isso precisa ser uma reflexão pessoal.
Lembrei-me de tantas pessoas que caminharam comigo e abandonaram o caminho.
Viviam as mesmas experiências que eu, iam aos mesmos lugares, mas não deixaram
de lado o entendimento humano para aceitar a realidade espiritual. Você também
deve conhecer pessoas assim. E nós, precisamos todos os dias clamar o Espírito
que nos mantenha nessa realidade espiritual, senão também abandonaremos o
Senhor. Devíamos nos fazer todos os dias a mesma pergunta que o Senhor fez aos
apóstolos:
“Também quero ir embora?”. Com certeza, o Espírito nos trará à memória tantas
experiências marcantes com o Senhor e nossa resposta será sempre a mesma: “A
quem irei, Senhor? Tu (Só Tu) tens palavras de vida eterna. Se queremos ser no
mundo sinal do Reino, precisamos ser do Reino, todos os dias.
O Reino de Deus não é deste mundo, sabemos disso, por isso precisamos, ainda
estando neste mundo, viver as realidades deste Reino. Viver no Espírito, pelo
Espírito e pedir que reconheçamos o Senhor todos os dias e aprofundar mais
ainda em nós mesmo, para vermos em que base está firmada a nossa fé.
Será que eu me firmo na experiência do outro? E se esse outro desistir pelo caminho, também desistirei? Quantas pessoas deste Evangelho queriam continuar seguindo Jesus, mas porque aqueles que o acompanhavam desistiram, desistiu também. Nosso Deus nos dá a liberdade para conhecê-Lo e para decidir por ficar.
Afinal, como tem sido seu relacionamento com o Senhor?
Propósito: Compreender as palavras de Jesus e aderir a elas, para acolher a salvação.
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