04 FEVEREIRO - Os músculos se retesam, o coração pulsa, o espírito se (eleva) expande nas asas da oração, no horizonte do futuro; combateremos, arrastando esta pobre carne na luta sanguinolenta, sem que a boca pronuncie palavras de lamúria ou o pé se arrede minimamente do caminho do martírio! (L 23). São Jose Marello
Marcos 6,7-13
Naquele tempo, Jesus chamou os doze e
começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros.
Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem
pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e
que não levassem duas túnicas. E Jesus disse ainda: “Quando entrardes numa
casa, ficai ali até vossa partida. Se em algum lugar não vos receberem, nem
quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho
contra eles!” Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem.
Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.
Meditação:
No Evangelho de hoje, temos um claro chamado de
Jesus às Missões: Ele chamou os doze discípulos e os enviou dois a dois. Enviou
para quê? Para curar, para anunciar a boa nova, para que se arrependessem de
seus pecados.
É esta a Missão de todo Cristão, espalhar ao mundo
o Amor de Cristo por nós, é dizer a todos que seus pecados têm perdão, bastam
se arrepender. Jesus deu AUTORIDADE para que eles saíssem e "expulsassem
os espíritos maus" e Ele nos dá autoridade para expulsá-los também, e
entendamos como maus espíritos todos os sentimentos de tristeza, ódio, mágoa,
pecado, ou seja, tudo aquilo que nos leva a morte espiritual.
Para tanto, faz-se necessário que sejamos
despojados, que não tenhamos apego à matéria, status, conforto, ao contrário,
sejamos livres no Amor, para que a mensagem seja passada inteiramente. A missão
não nos leva ao desapego, mas antes exige isto de nós, pois se não for desta
forma não vamos conseguir levar a Cristo verdadeiramente.
Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus: pedir mudança radical
da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos
demônios), restaurar a vida humana(curas). Os discípulos devem estar livres,
ter bom senso e estar conscientes de que a missão vai provocar choque com os
que não querem transformações.
O chamado e conseqüentemente o envio é uma tarefa que
não se pode realizar no individualismo. O chamado é pessoal, a resposta também,
mas o ministério, o serviço deve ser entendido numa dimensão comunitária. Pois
a igreja é mistério de comunhão. E para que os apóstolos entendessem isso, Ele
os envia em missão, dois a dois, colocando como centro vida em comunidade na
ação missionária. Este foi o espírito do Concílio Vaticano II: A missão na
Igreja-comunhão.
A comunhão entre os fiéis em seus vários estados e
estilos de vida faz com que a Igreja se sinta por dentro da missão de Jesus.
Para Marcos no Evangelho de hoje a missão dos Doze,
portanto da Igreja hoje, é a mesma missão de Jesus. Cristo nos envia a pregar o
Evangelho, a penitência, expulsar os demônios e a curar todas as enfermidades.
Ele nos pede ao nos enviar, a comunhão, simbolizada
pelo envio de dois
Ele ainda nos adverte: Assim como as palavras de
Jesus não foram bem acolhidas até pelos próprios parentes, assim também os Doze
na missão encontrarão dificuldades. Como não acolheram nem escutaram a Jesus,
assim algumas vezes também não escutarão aos Doze. Os doze somos nós. Mas é
preciso não perder o fôlego. É preciso que tenhamos bem presente que com Cristo
e em Cristo nós somos mais do que vencedores.
Segundo João Paulo II na Exortação Apostólica Redemptoris
Missio, a missão confiada à Igreja está muito longe de ser atingida. Estas
palavras podem ser pronunciadas em cada geração e em cada época histórica,
porque é necessário estar sempre começando.
A única coisa que nesta hora de Deus não podemos fazer
é cruzarmos os braços, estar sem fazer nada. Seria uma postura irresponsável e
indigna de um bom cristão!
Livres para a missão. Para sermos “missionários”
precisamos ser livres. Livres para aceitar esta dimensão própria da vocação
cristã. Livres para responder a Deus com generosidade, sem laços de instintos e
paixões egoístas; livres para seguir docilmente as luzes e os movimentos do
Espírito Santo dentro de nós mesmos.
Precisamos ser livres de todo apego aos bens e
meios materiais, para nos apresentarmos com o evangelho puro, sem alterações,
livres de todo orgulho e ânsia de poder, com a consciência clara de que somos
servidores do homem.
Precisamos estar equipados somente com um grande
amor a Jesus Cristo, nosso modelo; equipados com o Evangelho feito vida;
equipados com a confiança em Deus e com a esperança na ação do Espírito Santo
no coração dos homens.
Como cristãos somos chamados a abrir caminhos que
para, pelo e por amor rompam as cercas levantadas pelo sistema do poder, que
gera ódio, vingança, injustiças, fome e morte de todos os homens e mulheres. E
nesta luta não temos dia nem horas.
O nosso Guia nos disse: Meu Pai trabalha todos os
dias e eu também trabalho. Assim, sendo, não temos que procurar descanso, a não
saber que fazemos a santa vontade de Deus.
Reflexão
Apostólica:
Para o evangelista Marcos,
Jesus tem perfeita consciência de sua missão, mas, ao contrário dos mestres de
seu tempo, que se cercavam de alguns discípulos no seio de uma escola ou às
portas de uma cidade, ele quis ser itinerante (v.6), com a finalidade de chegar
à maior quantidade de pessoas em seu próprio ambiente de vida.
Se admite discípulos não o faz
para estar com eles à maneira dos rabinos judeus de seu tempo, mas para
associá-los a seus trajetos missionários e assim multiplicar sua missão.
O conteúdo da pregação dos discípulos
é ainda, por uma parte, o que Jesus recebeu de João Batista: a conversão e o
arrependimento (v. 12, específico de Marcos).
Mas João Batista se limita a
predizer a proximidade do reino; os discípulos de Jesus são enviados para
torná-lo visível e atual: expulsam os demônios e curam as enfermidades,
convencem as pessoas de sua libertação das forças do mal e de sua incorporação
a uma nova soberania.
Esta atenção para com os
pobres e doentes diferencia igualmente Jesus e seus discípulos dos fariseus e
dos demais mestres da sabedoria, pouco atentos às classes indigentes.
Diferencia igualmente nossa forma de evangelização?
Jesus chamou os Seus doze
apóstolos e enviou-os dois a dois para levar ao mundo a sua paz. Antes que
fossem, porém, Ele lhes deu instruções valiosas que para nós, cristãos, são
importantes observar. Jesus veio instaurar no mundo uma nova maneira de ser e
de viver, no amor e na fraternidade sem dependência das coisas materiais que
nos escravizam.
Por isto, Ele nos ensina a
caminhar em unidade com os irmãos, nunca seguindo sozinhos (as) e a nos
desapossar de coisas que não são as essenciais para a nossa trajetória.
Quando nos despojamos da nossa
humanidade, dos nossos interesses e das nossas motivações e levamos ao mundo a
boa notícia da salvação de Jesus, nós estamos também renunciando à segurança da
nossa capacidade intelectual, financeira, material para dar verdadeiro
testemunho dos bens espirituais que Jesus nos manda espalhar.
Para pregar o reino de Deus o
Senhor nos manda levar somente o Cajado que é a Sua Palavra que nos guia, nos
orienta e ilumina os nossos passos e sandálias aos pés, isto é, a oração e a
vivência dos sacramentos que nos dão respaldo e firmeza para caminhar sem
machucar os pés.
Para levar a paz nós não precisamos
de pão, de sacola, de dinheiro, mas sim de confiança na providência e na
misericórdia do Senhor e no poder do Seu Espírito. Não precisamos também ficar
mudando de lugar a todo instante.
Jesus nos recomenda para que
tenhamos perseverança. Ele não nos envia para longe, Ele quer nos ensinar essa
nova mentalidade a partir dos nossos relacionamentos familiares.
Você acha que precisa de
muitas coisas para dar testemunho de Jesus? Quais as armas que você está usando
para conquistar a sua família? Qual a impressão que você está deixando dentro
da sua casa em relação à influência do Evangelho na sua vida? Você está sendo
coerente com o ser um (a) evangelizador (a)?
Precisamos ter consciência que
esta vida que temos nada mais é que uma passagem para a vida eterna, e depois
que morremos nada levamos a não ser nossas ações, sejam elas de amor ou não.
Isso não significa que não
devemos ter nada, nenhum sucesso, de forma alguma, mas quer dizer que essas
coisas não podem ser maiores que a própria Missão ou Vocação, não podem pesar
mais que a minha obrigação, enquanto Cristão, de anunciar ao Reino dos Céus.
Quando Jesus diz que não levem
comida, ou dinheiro, Ele mostra claramente que acredita na providência de Deus
e que sabe que existem pessoas que vão acolher aqueles missionários.
É preciso confiança para
acreditar que Deus recompensará nosso Serviço e que precisamos, sim, ir além,
sair e evangelizar na Igreja, em casa, mas principalmente pelo mundo para abrir
o coração dos que ainda não conhecem a Jesus.
Peçamos essa graça de sermos missionários, desapegados, humildes e confiantes
na Providência Divina.
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