23º DOMINGO DO TEMPO COMUM
04 setembro – Banimento
aos escrúpulos, que são a peste, repito, a peste da vida espiritual: é preciso
sufocar no nascer todo desejo fantasioso; não voltar atrás para refazer o
caminho; não correr adiante demais, nem se demorar demais para ver se o passo
foi acertado; confiança em Deus que está ao nosso
lado para corrigir nossos erros, inevitáveis mesmo quando temos a melhor
intenção do mundo. (L 168). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 14,25-33
Naquele tempo, 25grandes multidões acompanhavam Jesus.
Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se alguém vem a mim, mas não se
desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas
irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não
caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.
28Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário,29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’
31Ou ainda: Qual rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”
28Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário,29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’
31Ou ainda: Qual rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”
Meditação:
O evangelho do dia de hoje apresenta
as condições ou exigências para ser discípulo de Jesus; exigências que em nosso
momento atual são de grande importância, pois vivemos um tempo em que a
experiência de fé foi reduzida a “ir à missa”, a uma fé totalmente desconectada
dos problemas sociais e econômicos que vive o mundo de hoje, uma fé temerosa do
compromisso e da entrega total pelos irmãos.
Quando Jesus fala de relativizar a família, de deixar pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, está se referindo à necessidade de edificar um novo sistema de relações, um novo modelo de sociedade em que a fraternidade, a solidariedade, o serviço são fundamentais e em que toda a estrutura, incluída a família, esteja em função de construir esse novo tipo de sociedade e não o contrário.
O seguidor de Jesus está convocado a ser partícipe desta nova sociedade, onde o principal é tornar presente na história o reinado de Deus, o qual exige mudança de valores e de prioridades: renunciar a todos seus bens, quer dizer, renunciar a todo tipo de segurança para poder colaborar livremente e sem impedimentos na grande obra de Deus.
Quando Jesus fala de relativizar a família, de deixar pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, está se referindo à necessidade de edificar um novo sistema de relações, um novo modelo de sociedade em que a fraternidade, a solidariedade, o serviço são fundamentais e em que toda a estrutura, incluída a família, esteja em função de construir esse novo tipo de sociedade e não o contrário.
O seguidor de Jesus está convocado a ser partícipe desta nova sociedade, onde o principal é tornar presente na história o reinado de Deus, o qual exige mudança de valores e de prioridades: renunciar a todos seus bens, quer dizer, renunciar a todo tipo de segurança para poder colaborar livremente e sem impedimentos na grande obra de Deus.
Como conseqüência de tudo o que Jesus
disse e fez ao longo de seu ministério e particularmente nesta viagem a
Jerusalém, vem agora uma apresentação clara e direta das condições para
segui-lo, um seguimento que não pode ser de simples simpatia com ele e sua
causa, mas que exige mudanças verdadeiramente radicais.
Do trecho que lemos hoje, podemos
extrair três condições que são, além disso, muito claras e que não admitem
ambigüidades. Primeira, odiar a própria família; segunda, carregar sua própria
cruz; terceira, renunciar aos bens. Quem faz isto pode estar seguro de que está
apto para o seguimento de Jesus.
Causas e conseqüências desta tríplice
exigência:
A primeira exigência contém,
implícita, a denúncia contra o rigor da instituição familiar no tempo de Jesus.
Não há nenhuma posição antinatural de Jesus contra os entes queridos. Pelo
contrário, ao preocupar-se Jesus com o indivíduo, a pessoa, sua intenção é, no
fundo, sanar uma instituição natural que com o tempo se converteu em reduto de
tirania e domínio de alguém: o patriarca/pai sobre a esposa e os filhos, com a
conseqüência mais clara: desumanização, infantilismo, dependência...
Jesus convida a odiar – esse é o
verbo utilizado –, mas o ódio não é ao pai como tal, ou à mãe e aos irmãos ou a
si mesmo; odiar, não obstante sua forte conotação, entende-se rejeição, ruptura
completa com a totalidade da estrutura familiar como centro e figura de
domínio. Segue-se a Jesus na liberdade e para a liberdade: liberdade na opção,
liberdade no seguimento. Não há indício de escapismo nem evasão, Jesus não
convida à fuga, exige renúncia e ruptura com aquela atitude de dependência; é a
pessoa, o indivíduo quem tem de enfrentar sua própria vida, seu próprio
crescimento. Daí, a segunda exigência: “carregar” sua própria cruz.
Aquele que tiver sido capaz de
“odiar” a estrutura que o prendia, minimizava-o e o tornava inválido, por assim
dizer, terá como desafio um caminho a percorrer, suportar por si mesmo e
conduzir o destino de sua vida, “levando-o”, dia após dia, com uma freqüência
que certamente se apresenta às vezes difícil, em que se sente a tentação de
outros o levarem nosso lugar. No seguimento de Jesus não pode haver dependência.
Outra forma de dependência
desumanizante que é desmascarada também aqui é o apego aos bens materiais, às
riquezas. Não se conclui necessariamente por esta passagem do Evangelho que ser
rico seja pecado, esse não é o juízo que faz Jesus; a denúncia concreta é: os
bens materiais, entendidos como riqueza, transformada em opção de vida,
desumanização das pessoas, tornam-na também dependente e, portanto, não apta
para o seguimento de Jesus. Não basta, então, renunciar ou romper com a
instituição ou estrutura que escraviza, é preciso saber romper também com o
sistema de vida, se este for inumano, e não permitir uma realização integral do
indivíduo.
Dizemos que estas exigências tais
como as apresenta o Evangelho, não se prestam a qualquer ambigüidade. Contudo,
sabemos que, na maioria das vezes, a ambigüidade se apresenta e domina o
indivíduo. Jesus previne seus seguidores para que essas ambigüidades não
cheguem a converter-se em fracasso, e o faz valendo-se de novo de duas
parábolas: a do construtor que não pôde concluir a torre e a do rei que vai
para a guerra e se rende sem sequer lutar.
Ambas as parábolas refletem a
situação interna da comunidade de Lucas. Ainda havia restos de dependência em
alguns seguidores deste “novo caminho”: da família e, pior ainda, dos bens
materiais.
Reflexão Apostólica:
Seguir a Jesus e continuar o seu
projeto é viver um clima novo na relação com as pessoas, com as coisas
materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com liberdade e fidelidade a
condição humana, sem superficialismo, conveniência ou romantismo. O discípulo
de Jesus deve ser realista, a fim de evitar ilusões e covardias vergonhosas.
Ser discípulo de Jesus é segui-Lo
para uma vida nova e aceitar a revolução que Ele quer fazer em nós desde o
nosso desapego às pessoas, da anuência à participação na Sua Cruz e do abandono
de tudo o que temos de material e de humano
O seguimento de Jesus implica na
renúncia e no desapego das nossas idéias e vontade própria, como também dos
nossos bens, ídolos e projetos. Jesus veio mostrar ao mundo uma nova maneira de
ser valorizando o homem na sua dignidade, libertando-o de tudo o que possa
escravizá-lo e dominá-lo. Para que nós possamos segui-Lo, nós precisamos
nos sentir homens e mulheres livres de nós mesmos.
Muitas vezes, nós com a boca,
professamos que cremos em Jesus e que desejamos segui-Lo, porém, não fazemos o
cálculo de que isto implica em empreendermos uma guerra contra a nossa carne.
Por isso, nós fracassamos nos nossos
propósitos. Nós precisamos ter convicção que a nossa opção de cristãos e de
cristãs se fundamenta na vivência da mensagem evangélica do amor.
Quem ama é livre das condições, é
livre das circunstâncias, é livre das pessoas. Ama, porque ama com o amor de
Jesus. A Cruz é decorrente da nossa vivência do amor, porque amar nos traz
conseqüências. Não é fácil amar nem tampouco é fácil assumir os encargos
que o amor nos propõe.
Sentar-se para “calcular os gastos” e
ou “examinar as condições” é entregar-se à ação do Espírito Santo que é quem
nos capacita a deixarmos tudo e seguirmos a Jesus Cristo como discípulos seus.
Assim sendo, quando Jesus nos diz “se
alguém vem a mim”, Ele quer nos dizer, se “você quer me seguir você deverá
viver a lei do amor; você terá que amar como eu amo; viver como eu vivo; sofrer
como eu sofro; pensar como eu penso.”
A renúncia maior há de ser do nosso
jeito de olhar as coisas, de julgar e de encarar as pessoas, de nos desapegar
dos conceitos adquiridos durante a nossa caminhada de vida, conseqüência da
nossa criação, cultura etc.
A renuncia a tudo que não combina com
o pensamento evangélico e o desapego das coisas e das pessoas, é, portanto, o
fundamento para que o reino dos céus viva em nós e Jesus seja o nosso Rei,
Senhor e Mestre. Do contrário, estaremos construindo na areia e nunca seremos
considerados discípulos e seguidores de Jesus.
Você tem muitos planos? Você já
fez os cálculos, do que terá de abdicar para que Jesus seja o seu Mestre? Você
é uma pessoa muito arraigada às suas idéias e pensamentos? Você tem procurado
amar como Jesus amou? Você tem assumido a sua Cruz?
O seguimento de Jesus é como uma
pedra no sapato. Faz-nos parar pelo caminho e examinar o que nos impede de
prosseguir. Obriga-nos a pensar se o caminho vale a pena, se é o mais adequado,
o ideal. O seguimento de Jesus possui exigências que libertam as pessoas das
cargas inúteis e excessivas; apenas que requer e exige absoluta
liberdade.
O evangelho de hoje nos recorda as exigências do seguimento. Seguir Jesus pode "mortificar", causar incômodos, mas, no fundo, que ajuda o discípulo a estar disponível para caminhar com ele. Por isso o mais oportuno é não levar muitos calçados para o caminho, acumulando bens inúteis, nem carregar muitas bolsas, pois o bem maior é Deus. Não precisa levar companhia, porque na comunidade de irmãos encontrará amizade e apoio.
Vendo assim as coisas, o caminho deve ser empreendido na mais completa liberdade, com os braços abertos para ir ao encontro do irmão, e com os pés descalços para estar no mais completo contato com a realidade. Carregar a própria cruz é sinal da aceitação de um caminho que pode conter sofrimento, solidão e morte, mas que, seguindo Jesus, alcança a vida plena.
O evangelho de hoje nos recorda as exigências do seguimento. Seguir Jesus pode "mortificar", causar incômodos, mas, no fundo, que ajuda o discípulo a estar disponível para caminhar com ele. Por isso o mais oportuno é não levar muitos calçados para o caminho, acumulando bens inúteis, nem carregar muitas bolsas, pois o bem maior é Deus. Não precisa levar companhia, porque na comunidade de irmãos encontrará amizade e apoio.
Vendo assim as coisas, o caminho deve ser empreendido na mais completa liberdade, com os braços abertos para ir ao encontro do irmão, e com os pés descalços para estar no mais completo contato com a realidade. Carregar a própria cruz é sinal da aceitação de um caminho que pode conter sofrimento, solidão e morte, mas que, seguindo Jesus, alcança a vida plena.
Propósito:
Pai, reforça minha disposição a ser discípulo de
teu Reino, afastando tudo quanto possa abalar a solidez de minha adesão a ti e
a teu Filho Jesus.
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