19 – Nós sabemos por experiência que, no
momento oportuno, as dificuldades desaparecem, muda o ânimo de quem as
provocava e a obra de Deus prossegue abençoada com novos favores. (L 253). SÃO JOSÉ MARELLO
APÓS AS CINZAS
Lucas 9,22-25
E Jesus explicou: "É necessário o Filho do
Homem sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas,
ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar". Depois, Jesus começou a dizer
a todos: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz,
cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida a perderá, e quem perder
sua vida por causa de mim a salvará. Com efeito, de que adianta a alguém ganhar
o mundo inteiro, se vier a perder-se e a arruinar a si mesmo?
Meditação:
Os evangelistas, cada um a sua maneira, se
referem à questão da identidade de Jesus. A interpretação dominante, entre os
discípulos vindos do judaísmo, era que Jesus seria o messias davídico esperado
conforme a tradição antiga do Primeiro Testamento.
Jesus rejeita ser identificado com este
messias (”cristo”) restaurador do reinado de Davi. É o momento de deixar isto
claro. A partir da interrogação sobre quem Ele é, Jesus identifica-se como o
“Filho do Homem”. Esta expressão, muito freqüente no livro de Ezequiel,
refere-se a comum condição humana, humilde e frágil.
Enquanto “humano” Jesus é vulnerável ao
sofrimento e à morte. A “necessidade” deste sofrimento não significa um
determinismo, mas as implicações inevitáveis decorrentes do compromisso
libertador assumido por Jesus.
Os poderes constituídos necessariamente vão
reagir contra a prática libertadora de Jesus e de seus discípulos, e procurarão
destruí-los. Porém, Jesus revela que ao “humano” foi dada, por Deus, a vida
eterna. Perder a vida de sucesso oferecida por este mundo e consagrar-se ao
seguimento de Jesus significa a comunhão com o Pai em sua vida divina e eterna.
Para Lucas, o que conta é a ressurreição,
não a morte. Mesmo ao descrever a morte com traços vivos, destacando a
inocência de Jesus, seu caráter de mártir, Lucas não lhe dá o sentido
salvífico.
Se, de fato, Lucas é um grego, então se
pode ver nisto um motivo para não apelar para a morte expiatória e vicária,
pois esta era teologia judaica. No contexto grego de Lucas é muito mais
importante ressaltar a ressurreição, pois a morte para os gregos é loucura
(1Cor 1,23).
- O Filho do Homem terá de sofrer muito.
Ele será rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos
mestres da Lei. Será morto e, no terceiro dia, será ressuscitado.
A morte de Jesus como vitória sobre o
sofrimento e, sobretudo sobre os poderes da morte ,e a de descer aos infernos e
lutar com a morte, era uma idéia bem conhecida no oriente e no ocidente. Faz
parte da mitologia de muitos povos que a aplicavam aos seus heróis.
Esta idéia penetrou no judaísmo tardio e
dali passou para o Novo Testamento. Nesta mesma perspectiva, também Cristo tem
vencido os poderes da perdição. Ele conquistou a salvação descendo ao reino dos
mortos, libertando os que aí estavam presos , desde Adão até o último homem.
“A concepção é de que Cristo, na hora de
sua morte, desce até ali e derrota – numa luta – o príncipe dos demônios. No
Novo Testamento encontram-se vestígios desta visão mítica.
Em Mt 27,51-53 se narra que no momento da
morte de Jesus a terra tremeu e se abriu, muitos mortos saíram de suas
sepulturas e entraram na cidade.
Assim Jesus, pela sua morte liberta os
mortos que lá estavam presos. Com esta visão mítica, personifica-se o poder que
age sobre a morte. O diabo, a morte e as forças do mal se confundem.
A morte de Jesus assim é vista como resgate
e a destruição deste poder. Pela sua morte Jesus destruiu a morte (1Cor
15,24.26; 2Ts 2,8; 2Tm 1,10; Hb 2,14). “Assim, pois, já que os filhos têm em
comum o sangue e a carne, também Ele participou igualmente da mesma condição, a
fim de, por sua morte, reduzir à impotência daquele que detinha o poder da
morte, isto é, o diabo” (Hb 2,14).
Através de sua morte, Jesus destruiu o
poder da morte, deixando o ser humano livre. Mas, antes da Ressurreição existe
a cruz. E Ele quer advertir os seus para que fiquem preparados para ela.
Como aos apóstolos, também, cada um de nós
está sendo convidado a segui-lo, passando por tudo o que Ele passou, a fim de
que no final possamos ressuscitar com Ele para a eternidade.
Reflexão
Apostólica:
Esta passagem, intimamente
ligada ao anúncio da Paixão, contém o enunciado das condições para seguir a
Jesus pelo novo caminho que ele se propõe percorrer.
O Mestre não se limitou a
mostrar a necessidade salvadora de seus próprios sofrimentos; preparou também
os discípulos para aceitar da mesma forma uma vida de provas. Para ilustrar
este ensinamento, Lucas compôs em volta deste tema uma espécie de antologia, um
tanto artificial, de sentenças de Jesus.
Os verbos: renunciar, carregar
a cruz, seguir a Jesus são sinônimos. Designam cada um, à sua maneira, em que
consiste o essencial da vida cristã. Jesus é destinado ao escárnio da cruz, e
adverte aos seus que não poderão subtrair-se a essa mesma sorte se continuarem
sendo fiéis a seu ensinamento. Por conseguinte, é preciso renunciar a toda a
segurança pessoal e aceitar os conselhos do Mestre.
Neste sentido, salvar sua vida
equivale a abandonar o grupo de Jesus, considerado demasiado perigoso para se
ficar seguro; perder sua vida é arriscá-la, conservando-se pertencente ao grupo
dos discípulos. Mas esse risco não pode ser enfrentado a não ser em completa
solidariedade com a pessoa de Jesus: “por causa de mim”.
Assim termina para todo
discípulo o mistério pascal: o que Jesus vivencia, morrendo e ressuscitando,
torna-se condição de todos os seus discípulos. Temos de carregar nossa cruz
para morrer e viver com ele.
Nos evangelhos de Marcos e
Mateus, após esta fala de Jesus sobre o sofrimento que o espera em Jerusalém,
da parte dos chefes do judaísmo, Pedro, sob a ideologia do messias poderoso,
censura Jesus por se dispor a tal. Jesus retribui a censura de Pedro com outra
mais contundente: a proposta messiânica que domina Pedro é de satanás, é uma
pedra de tropeço, e é fruto de puros interesses humanos.
Lucas, em seu evangelho, omite este conflito entre Pedro e Jesus. Jesus insiste em fazer seus discípulos compreenderem que sua missão é libertar os cativos e restaurar a vida dos excluídos, sem restrições de caráter religioso ou racial.
Jesus adverte os discípulos de que, em Jerusalém, sofrerá a repressão dos representantes do poder religioso da Judéia, os anciãos, sumo-sacerdotes e escribas. O poder, quando se sente ameaçado, reage perseguindo e matando aqueles que promovem a libertação dos oprimidos.
Pelo evangelho de hoje, nota-se que começamos a Quaresma, porque desde já nos convida a carregar a cruz e seguir Jesus. O convite é que olhemos seriamente as implicações que essa cruz tem em nossas vidas; que não a vejamos como um sinal, algo que tenhamos que padecer como condição sine qua non, mas tenhamos na cruz um elemento que nos enaltece e faz crescer, que nos configura com Cristo.
Jesus, com sua lógica do Reino, nos mostra como perder a vida para ganhá-la. Isto acontece quando não há resistencia ao projeto de Deus, quando há mudanças, quando se coloca a confiança no Senhor, quando se caminha com esperança.
Lucas, em seu evangelho, omite este conflito entre Pedro e Jesus. Jesus insiste em fazer seus discípulos compreenderem que sua missão é libertar os cativos e restaurar a vida dos excluídos, sem restrições de caráter religioso ou racial.
Jesus adverte os discípulos de que, em Jerusalém, sofrerá a repressão dos representantes do poder religioso da Judéia, os anciãos, sumo-sacerdotes e escribas. O poder, quando se sente ameaçado, reage perseguindo e matando aqueles que promovem a libertação dos oprimidos.
Pelo evangelho de hoje, nota-se que começamos a Quaresma, porque desde já nos convida a carregar a cruz e seguir Jesus. O convite é que olhemos seriamente as implicações que essa cruz tem em nossas vidas; que não a vejamos como um sinal, algo que tenhamos que padecer como condição sine qua non, mas tenhamos na cruz um elemento que nos enaltece e faz crescer, que nos configura com Cristo.
Jesus, com sua lógica do Reino, nos mostra como perder a vida para ganhá-la. Isto acontece quando não há resistencia ao projeto de Deus, quando há mudanças, quando se coloca a confiança no Senhor, quando se caminha com esperança.
Bem disse o livro do
Deuteronômio: temos hoje diante de nós a vida e o bem, ou a morte e o mal. Cabe
a nós decidir: viver mediocremente ou viver a plenitude, viver a sós e isolados
ou viver com Deus e com irmãos, viver esta Quaresma amarrados, tristes e
solitários ou vivê-la livres, alegres e solidários.
Neste tempo de Quaresma o evangelho nos lembra que seguir Jesus é renunciar aos projetos de sucesso econômico oferecido aos incluídos no sistema neo-liberal e colocar sua vida a serviço dos excluídos, na construção de um mundo novo, fraterno e partilhado.
Cabe a cada um de nós decidir! Temos ainda toda a Quaresma pela frente para nos preparar para a Páscoa, centro da liturgia. Nestes quarenta dias podemos alcançar a "estatura de Deus". É questão de escolha. Não percamos oportunidade. O evangelho é um programa magnífico para nossa vida cristã: negar a nós mesmos e ganhar a vida, tomar a cruz e seguir Jesus.
Propósito:
Neste tempo de Quaresma o evangelho nos lembra que seguir Jesus é renunciar aos projetos de sucesso econômico oferecido aos incluídos no sistema neo-liberal e colocar sua vida a serviço dos excluídos, na construção de um mundo novo, fraterno e partilhado.
Cabe a cada um de nós decidir! Temos ainda toda a Quaresma pela frente para nos preparar para a Páscoa, centro da liturgia. Nestes quarenta dias podemos alcançar a "estatura de Deus". É questão de escolha. Não percamos oportunidade. O evangelho é um programa magnífico para nossa vida cristã: negar a nós mesmos e ganhar a vida, tomar a cruz e seguir Jesus.
Propósito:
Pai, dá-me a firme disposição de renunciar a todos os meus projetos pessoais, para abraçar unicamente o projeto de Jesus, mesmo devendo passar por sofrimentos
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