DOMINGO
16 DE JUNHO Evangelho de Lucas 7,36 - 8, 3
Certo fariseu convidou Jesus para uma refeição em casa. Jesus entrou na
casa do fariseu, e se pôs à mesa. Apareceu então certa mulher, conhecida na
cidade como pecadora.
Ela, sabendo que Jesus estava à mesa na casa do fariseu, levou um frasco de alabastro com perfume. A mulher se colocou por trás, chorando aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés.
Em seguida, os enxugava com os cabelos, cobria-os de beijos, e os ungia com perfume. Vendo isso, o fariseu que havia convidado Jesus ficou pensando: “Se esse homem fosse mesmo um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, porque ela é pecadora.”
Jesus disse então ao fariseu: “Simão, tenho uma coisa para dizer a você.” Simão respondeu: “Fala, mestre.”
Certo credor tinha dois devedores. Um lhe devia quinhentas moedas de prata, e o outro lhe devia cinqüenta. Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?”. Simão respondeu: “Acho que é aquele a quem ele perdoou mais.”
Jesus lhe disse: “Você julgou certo.”
Então Jesus voltou-se para a mulher e disse a Simão: “Está vendo esta mulher? Quando entrei em sua casa, você não me ofereceu água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos. Você não me deu o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. Você não derramou óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. Por essa razão, eu declaro a você: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela demonstrou muito amor. Aquele a quem foi perdoado pouco, demonstra pouco amor”.
E Jesus disse à mulher: “Seus pecados estão perdoados”. Então os convidados começaram a pensar: “Quem é esse que até perdoa pecados?” Mas Jesus disse à mulher: “Sua fé salvou você. Vá em paz!”.
Depois disso, Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa Notícia do Reino de Deus. Os Doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos maus e doenças: Maria, chamada Madalena, da qual haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e várias outras mulheres, que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam.
(Correspondente
ao 11º Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico).
A festa do amor
No domingo de hoje, o evangelho de Lucas nos oferece um belíssimo quadro
que ilustra a misericórdia de Deus manifestada em
Jesus.
A pintura tem como pano de fundo uma refeição, na qual novamente a
personagem central é Jesus, mas são desenhadas diferentes atitudes para com
ele.
Mas antes Jesus fora à casa de um fariseu, aceitou ser seu hospede. É uma
das poucas vezes que o evangelho mostra esta proximidade, o que nos revela que o
Senhor não faz distinção de pessoas, ele oferece sua amizade e sua proposta de
vida a todos/as.
No quadro, irrompe a figura de uma mulher, que se, no início é chamada de
pecadora, o gesto dela para com Jesus a revela mais como uma mulher
apaixonada.
A descrição que Lucas faz da expressão de amor dessa mulher para Jesus
nos traz logo à memória a cena de Betânia do evangelho de João, onde Maria antes
da Páscoa unge seu amigo com perfume.
Sem dúvida, nas duas comunidades evangélicas tanto a lucana como a
joanina conheciam o amor e respeito de Jesus pelas mulheres e a vida nova que
nelas desencadeava.
Nesta história, o evangelista Lucas ilumina esta relação de Jesus com a
mulher com o dom da misericórdia, uma das cores preferidas de sua
narrativa.
Diante do transbordamento de amor dessa mulher a Jesus, a atitude do
fariseu fica como reservada e até um pouco fria e
distante.
Jesus percebe claramente a diferença e com suas palavras desvela qual é a
diferença radical entre a mulher e Simão. Não se trata de personalidades
diferentes uma mais efusiva e outra mais tímida, ou diferenças de
gênero!
Não, a diversas atitudes são expressão de um reconhecimento ou não da
pessoa de Jesus como o Messias, o Ungido de Deus.
Para Lucas, Jesus é o pregador da libertação, da graça, da misericórdia.
O que Jesus proclamou de si mesmo na sinagoga de Nazaré se reflete em todas as
suas palavras e ações. Aceitá-lo ou rejeitá-lo é o desafio que Lucas lança para
os ouvintes de todos os tempos.
Se Simão acreditasse que seu convidado é o "consagrado pela unção"
(4,18), aquele que é um profeta (4,24) o teria acolhido com mais cordialidade e
carinho.
A
mulher certamente já experienciou o amor libertador do profeta de Nazaré, por
isso agora lhe retribui publicamente seu agradecimento.
Jesus se apresenta novamente hoje como o Ungido de Deus. Qual é nossa
atitude, nos parecemos mais com Simão ou com a
mulher?
A gratuidade da misericórdia de Deus na vida das pessoas liberta o amor,
devolve a dignidade e abre novas perspectivas de futuro. É o que acontece com
essa mulher e tantas outras e outros que se converteram assim em amigas e amigos
de Jesus.
Na origem do discipulado de Jesus, está a experiência do Amor que
desencadeia o seguimento de sua pessoa. É por isso que, na continuação desta
perícope, o evangelista nos apresenta Jesus, continuando sua missão acompanhado
por mulheres e por homens.
Seguir Jesus é o único caminho para conhecê-lo cada dia mais, crescer na
amizade com Ele e juntos levar adiante sua causa de libertação dos pobres e
oprimidos de todos os tempos, continuar proclamando a boa nova da misericórdia
de Deus, porque o ano de graça do Senhor se estende até
nós!
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