Tema do 4º Domingo da Páscoa
O 4º Domingo da Páscoa é considerado o "Domingo do Bom Pastor", pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como "Bom Pastor". É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.
O Evangelho apresenta Cristo como "o Pastor modelo", que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar n'Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para "escutar" as propostas que Ele faz e segui-l'O no caminho do amor e da entrega.
A primeira leitura afirma que Jesus é o único Salvador, já que "não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos" (neste "Domingo do Bom Pastor" dizer que Jesus é o "único salvador" equivale a dizer que Ele é o único pastor que nos conduz em direcção à vida verdadeira). Lucas avisa-nos para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.
Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um "amor admirável" que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objectivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos "semelhantes" a Ele.
João 10,11-18
""Eu
sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. O assalariado, que
não é pastor e a quem as ovelhas não pertencem, vê o lobo chegar e foge; e o
lobo as ataca e as dispersa. Por ser apenas um assalariado, ele não se importa
com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me
conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida
pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas, que não são deste redil; também a
essas devo conduzir, e elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um
só pastor. É por isso que o Pai me ama: porque dou a minha vida. E assim, eu a
recebo de novo. Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade. Eu
tenho poder de dá-la, como tenho poder de recebê-la de novo. Tal é o encargo
que recebi do meu Pai"."
Meditação:
Depois de Jesus ter proclamado que Ele é a
porta por onde passam as ovelhas, agora vemo-lO afirmar: “Eu sou o bom pastor”.
Enquanto o bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas, o mercenário não!
Ele somente trabalha por dinheiro; ele não
é pastor, e por outra, as ovelhas não são dele. Por isso, quando vê um lobo
chegar, deixa as ovelhas entregues à sua sorte e desaparece fugindo. Então o
lobo ataca e espalha as ovelhas. O mercenário foge porque não busca senão o
salário, a recompensa do seu trabalho. E por isso, não lhe importa que
aparecendo o lobo as ovelhas sejam atacadas e devoradas.
É uma advertência contra aqueles que, na
comunidade, assumem posições de liderança por interesses pessoais, por vaidade
ou por desejo de poder.
Na hora das dificuldades omitem-se diante
da comunidade. O conhecer as ovelhas, e ser conhecido por elas, é uma qualidade
fundamental do pastor.
O conhecer, no relacionamento humano, está
intimamente ligado ao amor e leva à acolhida, à solidariedade, à comunhão. Ao
dar sua vida por suas ovelhas o pastor está comunicando vida a elas.
Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o
Pai, assim também conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem. E estou pronto
para morrer por elas. Tenho outras ovelhas que não estão neste curral. Eu
preciso trazer essas também, e elas ouvirão a minha voz. Então elas se tornarão
um só rebanho com um só pastor.
Jesus é quem comunica a vida plena. Em
Jesus habita o Pai, e o amor que o une ao Pai é uma fonte de vida que
transborda para todos os homens e mulheres que vivem no mundo. Como bom pastor,
Jesus conhece suas ovelhas e elas o conhecem.
E por nos conhecer nos compreende e perdoa
os nossos deslizes e quedas. Trata as nossas feridas e nos reveste de dignidade
de filhos.
O conhecimento dele é fruto do convívio e
do diálogo com Deus seu Pai e que gera o amor. Para Jesus não existe massa
humana amorfa. Jesus mantém uma relação pessoal e amorosa com cada um. Chama a
cada um pelo nome e a cada um fala ao coração. A relação de conhecimento e amor
entre Jesus e suas ovelhas é de mesma natureza que a relação entre Jesus e o
Pai.
O Pai me ama porque eu dou a minha vida
para recebê-la outra vez. Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por
minha própria vontade. Tenho o direito de dá-la e de tornar a recebê-la, pois
foi isso o que o meu Pai me mandou fazer!
Foi esta a missão que Jesus recebeu do Pai:
como pastor, dar sua vida divina pelas ovelhas de todos os redis. Confirmar a
todos os povos a vida plena e eterna, sem privilegiados, sem exclusões, sem
fronteiras.
Reflexão Apostólica:
Jesus não é somente a porta do aprisco, mas
também o pastor, e não um pastor qualquer, como há tantos, que a duras penas
exercem seu labor por não ter o que fazer. Ele é o Modelo do Bom Pastor!
Ele sabe do que necessita cada ovelha, sabe em que condição se encontra
cada uma; conhece as ovelhas pelo nome, chama-as e elas o seguem sem temor nem
desconfiança.
Ele mesmo nos diz isto e nos ensina
que “o bom pastor dá a vida por suas ovelhas”. Aqui na terra nós todos também
somos chamados a pastorear as ovelhas do rebanho do Senhor.
A nós, homens e mulheres, pais, mães,
educadores, religiosos, governantes e todos os que estamos à frente de algum
empreendimento e que conduzimos os filhos de Deus, Ele nos confiou a missão de
zelar pelo Seu rebanho.
Precisamos, então, trabalhar para que isto
aconteça, porque essa é a vontade do Pai e ter em mente que o bom pastor não
abandona as ovelhas que lhe são entregues.
Na nossa vida, nas mais diversas situações
nós temos alguém que o Senhor nos confia para pastorear. Temos que estar
vigilantes e intuir se elas realmente estão reconhecendo a nossa voz de pastor
e se estamos dando a nossa vida por elas.
Dar a vida é dispensar cuidado, zelo,
atenção, amor, para exortar, direcionar, mas principalmente dar testemunho de
vida.
Esta é, portanto, uma reflexão que nós
precisamos fazer! Nós, porém, somos apenas os representantes e auxiliares do
Pastor Maior.
Quando nos propomos a pastorear o rebanho
do aprisco de Jesus nós precisamos ter um espírito de unidade com ovelhas de
outros rebanhos. O próprio Jesus nos diz que vai chegar a hora em que haverá um
só rebanho e um só pastor.
A Igreja de Jesus Cristo é uma só e mesmo
que os Seus membros estejam temporariamente afastados, nós sabemos que um dia,
todos nós viveremos a Unidade do Espírito Santo.
Diante das Palavras de Jesus só precisamos
fazer alguns questionamentos: Se eu quero ser pastor, quero dirigir as
“minhas” ovelhas, Jesus me adverte: “O bom pastor dá a vida por suas ovelhas!”
E agora?
Como posso dar a vida pelas minhas
ovelhas? Quando o lobo chegar o que eu farei? Para ser pastor Jesus
me diz que preciso conhecer a voz das minhas ovelhas, e eu que não conheço nem
a minha própria voz? A que conclusão eu chego? Sou realmente um
pastor, (a)? Como estão as minhas ovelhas? O que preciso fazer? Peço
ajuda ao Bom Pastor?
Propósito:
Pai, que eu saiba entregar-me
com toda confiança nas mãos de teu Filho - o Bom Pastor -, pois só assim
estarei seguro de estar trilhando o caminho para ti
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