12 novembro - Às vezes acontece de sentirmos uma paz tão
profunda, uma alegria tão inebriante, que já nos parece estar experimentando
uma antecipação do Céu. Mas eis que de repente a mente se anuvia, o coração
arrefece e desfalece; a fronte já não brilha tão serena, o olhar já não
resplende com vivacidade, as ações já não procedem com regularidade... estamos
possuídos pela desolação e por aflições imensas! Jesus, vendo a alma
afeiçoar-se ao prazer, lembra-nos que não é no exílio que devemos alegrar-nos e
sim na pátria celeste. Aqui na terra vivemos para sofrer, lutar e vencer. (S
346). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo
São Lucas 18,1-8
"Jesus contou a seguinte
parábola, mostrando aos discípulos que deviam orar sempre e nunca desanimar:
- Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus e não respeitava ninguém. Nessa cidade morava uma viúva que sempre o procurava para pedir justiça, dizendo: "Ajude-me e julgue o meu caso contra o meu adversário!"
- Durante muito tempo o juiz não quis julgar o caso da viúva, mas afinal pensou assim: "É verdade que eu não temo a Deus e também não respeito ninguém. Porém, como esta viúva continua me aborrecendo, vou dar a sentença a favor dela. Se eu não fizer isso, ela não vai parar de vir me amolar até acabar comigo."
E o Senhor continuou:
- Prestem atenção naquilo que aquele juiz desonesto disse. Será, então, que Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? Será que ele vai demorar para ajudá-lo? Eu afirmo a vocês que ele julgará a favor do seu povo e fará isso bem depressa. Mas, quando o Filho do Homem vier, será que vai encontrar fé na terra?"
- Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus e não respeitava ninguém. Nessa cidade morava uma viúva que sempre o procurava para pedir justiça, dizendo: "Ajude-me e julgue o meu caso contra o meu adversário!"
- Durante muito tempo o juiz não quis julgar o caso da viúva, mas afinal pensou assim: "É verdade que eu não temo a Deus e também não respeito ninguém. Porém, como esta viúva continua me aborrecendo, vou dar a sentença a favor dela. Se eu não fizer isso, ela não vai parar de vir me amolar até acabar comigo."
E o Senhor continuou:
- Prestem atenção naquilo que aquele juiz desonesto disse. Será, então, que Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? Será que ele vai demorar para ajudá-lo? Eu afirmo a vocês que ele julgará a favor do seu povo e fará isso bem depressa. Mas, quando o Filho do Homem vier, será que vai encontrar fé na terra?"
Meditação:
chama
de “pai”, para pedir-lhe que “venha a nós o teu reinado”. Desde a noite escura
desse mundo, desde a injustiça estrutural, fica cada dia mais duro crer nesse
Deus apresentado como onipotente e onipresente, justiceiro e vingador do
opressor.
Ou talvez se tenha que cancelar para sempre essa imagem de Deus com tão pouca base nas páginas do evangelho. Porque, lendo-as, fica a impressão de que Deus não é nem onipotente nem impassível – ao menos não exerce – mas débil, sofredor, “padecente”; o Deus cristão se revela mais dando a vida do que impondo uma determinada conduta aos humanos; marcha na luta reprimida e frustrada de seus pobres e não na cabeça dos poderosos.
Os discípulos de Jesus, reunidos em comunidades, hoje, são chamados a viverem a fé e a proclamação da Palavra com perseverança e na justiça (2Tm 3,14-4,2), rompendo com os falsos valores da sociedade injusta, submissa à ideologia do poder do dinheiro.
Ou talvez se tenha que cancelar para sempre essa imagem de Deus com tão pouca base nas páginas do evangelho. Porque, lendo-as, fica a impressão de que Deus não é nem onipotente nem impassível – ao menos não exerce – mas débil, sofredor, “padecente”; o Deus cristão se revela mais dando a vida do que impondo uma determinada conduta aos humanos; marcha na luta reprimida e frustrada de seus pobres e não na cabeça dos poderosos.
Os discípulos de Jesus, reunidos em comunidades, hoje, são chamados a viverem a fé e a proclamação da Palavra com perseverança e na justiça (2Tm 3,14-4,2), rompendo com os falsos valores da sociedade injusta, submissa à ideologia do poder do dinheiro.
O
cristão, consciente da companhia de Deus em seu caminho para a justiça e a
fraternidade, não deve desfalecer, mas insistir na oração, pedindo força para
perseverar até implantar seu reinado em um mundo onde dominam outros senhores.
Somente a oração poderá manter a esperança.
Deus não nos larga a mão. Pela oração sabemos que Deus está conosco. E isto nos deve bastar para continuar insistindo sem desfalecer. O importante é a constância, a tenacidade.
Deus não nos larga a mão. Pela oração sabemos que Deus está conosco. E isto nos deve bastar para continuar insistindo sem desfalecer. O importante é a constância, a tenacidade.
No
Anitgo Testamento (Ex 17,8-13), temos a contraditória e pouco edificante
mistura de fé e violência, em que a oração de Moisés leva à vitória de Josué, que
passa a fio da espada os vizinhos amalecitas, cujo território foi ocupado pelos
israelitas.
Moisés
teve essa experiência. Enquanto orava, com as mãos levantadas no alto do monte,
Josué ganhava a batalha; quando as abaixava, isto é, quando deixava de orar, os
amalecitas, seus adversários, venciam.
Os
companheiros de Moisés, conscientes da eficácia da oração, o ajudaram a não
desfalecer, sustentando-lhe os braços para que não deixasse de orar. E assim
esteve – com os braços levantados, isto é, orando insistentemente – até que
Josué venceu os amalecitas. De modo ingênuo o texto ressalta a importância de
permanecer na oração, de insistir diante de Deus.
Paulo também recomenda a Timóteo (2Tm 3,14-4,2) que seja constante permanecendo no aprendizado das Sagradas Escrituras, onde se obtém a verdadeira sabedoria que, pela fé em Cristo Jesus, conduz à salvação. O encontro do cristão com Deus deve realizar-se através da escritura, útil para ensinar, repreender, corrigir e educar na virtude.
Deste modo, estaremos equipados para realizar toda obra boa. O cristão deve proclamar esta parábola, insistindo a tempo e fora do tempo, repreendendo e reprovando a quem não o tenha em conta, exortando a todos, com paciência e com a finalidade de instruir no verdadeiro caminho que se nos mostra nela.
Para quem tem uma mentalidade moderna, que não imagina um Deus como alguém que está “aí fora” e “aí em cima” dirigindo os acontecimentos deste mundo, a oração clássica de petição mudou de sentido. Em um primeiro momento, damos menos valor à oração de petição: descobrimos seu caráter egoísta e sua intenção de “utilizar a Deus”, “servir-se” dele mais que servi-lo.
Chega o momento em que assimilamos esta situação de estar no mundo sem um “Deus tapa buracos” e vemos menos sentido em estar recorrendo a ele a cada instante.
Paulo também recomenda a Timóteo (2Tm 3,14-4,2) que seja constante permanecendo no aprendizado das Sagradas Escrituras, onde se obtém a verdadeira sabedoria que, pela fé em Cristo Jesus, conduz à salvação. O encontro do cristão com Deus deve realizar-se através da escritura, útil para ensinar, repreender, corrigir e educar na virtude.
Deste modo, estaremos equipados para realizar toda obra boa. O cristão deve proclamar esta parábola, insistindo a tempo e fora do tempo, repreendendo e reprovando a quem não o tenha em conta, exortando a todos, com paciência e com a finalidade de instruir no verdadeiro caminho que se nos mostra nela.
Para quem tem uma mentalidade moderna, que não imagina um Deus como alguém que está “aí fora” e “aí em cima” dirigindo os acontecimentos deste mundo, a oração clássica de petição mudou de sentido. Em um primeiro momento, damos menos valor à oração de petição: descobrimos seu caráter egoísta e sua intenção de “utilizar a Deus”, “servir-se” dele mais que servi-lo.
Chega o momento em que assimilamos esta situação de estar no mundo sem um “Deus tapa buracos” e vemos menos sentido em estar recorrendo a ele a cada instante.
Vamos
assumindo este estar no mundo “etsi Deus non daretur” (Grotius), como se Deus
não existisse. Ou, como disse Bonhoeffer: nós nos sentimos chamados a viver
diante de Deus, porém sem deus, um deus que quer nossa responsabilidade adulta.
A oração continua tendo sentido, obviamente, porém outro sentido que o de andar estabelecendo trocas (“eu te dou para que tu me dês”) com o “deus de lá de cima” que pode melhorar a saúde ou facilitamos alguma dificuldade do caminho removendo os obstáculos. A oração é outra coisa, para outra finalidade, e continua sendo necessária como a respiração.
A oração é uma prática presente em toda a Bíblia e em todas as religiões. No Segundo Testamento ela assume uma nova dimensão a partir da prática de Jesus em orar e da oração ensinada aos discípulos, o "Pai-Nosso".
A oração continua tendo sentido, obviamente, porém outro sentido que o de andar estabelecendo trocas (“eu te dou para que tu me dês”) com o “deus de lá de cima” que pode melhorar a saúde ou facilitamos alguma dificuldade do caminho removendo os obstáculos. A oração é outra coisa, para outra finalidade, e continua sendo necessária como a respiração.
A oração é uma prática presente em toda a Bíblia e em todas as religiões. No Segundo Testamento ela assume uma nova dimensão a partir da prática de Jesus em orar e da oração ensinada aos discípulos, o "Pai-Nosso".
Nos
Evangelhos, particularmente em Lucas, são revelados a importância e os vários
aspectos da oração. A oração é o pedir, com fé, associado ao agir.
Com
uma “segunda ingenuidade”, cabe a permissão em uma forma leve (light) de oração
de petição, aquela na qual sabemos que não pretendemos realmente uma “troca”
com Deus, nem colocá-lo de lado (influir em suas decisões, fazê-lo mudar de
atitude), mas simplesmente permitir que nos expressemos diante de Deus e diante
de nós mesmos e de nossas inquietações, como um desabafo pessoal, como um modo
de colocar nossas preocupações no contexto da vontade de Deus e de consolidar
nossa busca de procurar essa vontade.
Sobre a oração de petição e sua necessária consideração já escrevi bastante e o estudo foi bom. O que nos toca agora é cumprir o nosso dever de casa: ser cada vez mais e mais conseqüentes.
Sobre a oração de petição e sua necessária consideração já escrevi bastante e o estudo foi bom. O que nos toca agora é cumprir o nosso dever de casa: ser cada vez mais e mais conseqüentes.
Reflexão Apostólica:
Esta
parábola do juiz injusto é um ensinamento muito expressivo acerca da eficácia
da oração perseverante e firme. E providencialmente constitui a conclusão da
doutrina sobre a vigilância, exposta nos versículos anteriores.
O
fato de comparar o Senhor com uma pessoa como esta, põe em relevo o contraste
entre ambos: se até um juiz injusto acaba por fazer justiça àquele que insiste
com perseverança, quanto mais Deus, infinitamente justo e nosso Pai, escutará
as orações perseverantes dos Seus filhos.
Deus
fará justiça aos Seus escolhidos que clamam por Ele sem cessar. A necessidade
da oração funda-se na necessidade da graça atual.
É
uma verdade de fé que, sem esta graça, nos achamos em impotência radical de nos
salvarmos e, com maior força de razão, de atingirmos a perfeição.
De
nós mesmos, por melhor uso que façamos da liberdade, não podemos nem dispor-nos
positivamente para a conversão, nem perseverar por tempo notável, nem,
sobretudo perseverar até à morte: Sem mim, diz Jesus a seus discípulos, nada
podeis fazer, nem sequer ter um bom pensamento.
São
muito claros os textos, que nos mostram a necessidade de rezar, se quisermos
alcançar a salvação: É
preciso rezar sempre e nunca descuidar (Lc 18, 1). Vigiai e orai para não cairdes
em tentação (Mt 25, 41). ‘Pedi
e dar-se-vos-á (Mt 7, 7).
É
preciso rezar, orai, pedi, significam e impõem um preceito e uma obrigação, um
mandamento formal.
A oração
para os adultos é necessária, não somente por ser um mandamento de Deus, como
também por ser um meio necessário para a salvação.
Assim,
torna-se impossível que um cristão se salve sem pedir as graças necessárias
para a sua salvação. Depois do batismo, a oração contínua é necessária ao homem
para poder entrar no céu.
Embora
sejam perdoados os pecados pelo batismo, sempre ainda ficam os estímulos ao
pecado, que nos combate interiormente, o mundo e os demônios que nos combatem
externamente.
A
oração é necessária não para que Deus conheça as nossas necessidades, mas para
que nós fiquemos conhecendo a necessidade que temos de recorrer a Deus, para
receber oportunamente os socorros da salvação.
Assim,
reconhecemos Deus como único Autor de todos os bens, a fim de que nós
conheçamos que necessitamos de recorrer ao auxílio divino e reconheçamos que
Ele é o Autor dos nossos bens.
No
evangelho de hoje vemos a descrição das duas personagens. O juiz é mau, a
viúva é pobre e sem amparo. O seu único recurso é a perseverança em implorar
justiça. Perseveremos também em nossa oração, nós que tratamos não com um juiz
iníquo, mas com um Pai de misericórdia.
A
razão que o Senhor dá para atender as orações é tríplice: a sua bondade, que
tanto dista da compaixão do juiz; o amor que tem pelos seus discípulos e, por
último, o interesse que estes mostram através da sua perseverança na petição.
Deus
está sempre atento a quem o invoca. Pede-lhe sem titubear, e conhecerás que a
sua grande misericórdia não te abandona, mas dará cumprimento à petição da tua
alma.
A
viúva não desanimou, mas perseverou e foi atendida; perseveremos também nós na
oração e Deus nos atenderá. É, pois, necessário que rezemos com humildade e
confiança. Entretanto, isto só não basta para alcançarmos a perseverança final
e, com ela, a salvação eterna.
As
graças particulares que pedimos a Deus, podemos obtê-las por meio de orações
particulares. Mas, se não perseverarmos na oração, não conseguiremos a
perseverança final, a qual compreende uma cadeia de graças e, por isso, supõe
repetidas e continuadas até à morte.
Assim
como nunca cessa a luta, assim também nunca devemos deixar de pedir a
misericórdia divina, para não sermos vencidos. Se quisermos, pois, que Deus não
nos abandone, devemos pedir-lhe sempre que nos auxilie.
Fazendo
assim, certamente Ele nos assistirá sempre e não permitirá que nos separemos
dele e que percamos a sua amizade. Procuremos, por isso, rezar sempre e pedir a
graça da perseverança final, bem como as graças para consegui-la.
A
oração perseverante é índice de fé profunda, de firme esperança, de caridade
viva para com Deus e o próximo. O ensinamento de Jesus Cristo sobre a
perseverança na oração une-se com a severa advertência de que é preciso
manter-se fiéis na fé; fé e oração vão intimamente unidas.
Creiamos
para orar e para que não desfaleça a fé com que oramos, oremos. A fé faz brotar
a oração, e a oração, enquanto brota, alcança a firmeza da fé.
O
Senhor anunciou a Sua assistência à Igreja para que possa cumprir
indefectivelmente a sua missão até ao fim dos tempos (Mt 28, 20); a Igreja,
portanto, não pode desviar-se da verdadeira fé.
Porém,
nem todos os homens perseverarão fiéis, mas alguns se afastarão voluntariamente
da fé. É o grande mistério que São Paulo chama de iniqüidade e de apostasia
(2Ts 2, 3), e que o próprio Jesus Cristo anuncia noutros lugares (Mt 24,
12-13).
Quem
não persevera na oração com fé, nunca poderá ver realizados os seus pedidos e
os seus desejos. A perseverança da nossa oração revela a nossa humildade diante
de Deus e faz com que sejamos fiéis ao que nos propomos.
Sabemos
que somos impotentes, mas podemos desejar coisas impossíveis, porque confiamos
na justiça de Deus. Por isso, a persistência das nossas reivindicações nos
torna firmes e nos faz ter convicção e fé na promessa de Jesus de que tudo
quanto pedirmos ao Pai, em Seu nome será atendido.
Do
contrário, demonstramos orgulho e prepotência quando, porque ainda não fomos
atendidos, nós desistimos dos nossos desejos e anseios e damos prova de que não
temos fé nas promessas divinas. Deus sabe o tempo e a hora de nos dar aquilo
que nós suplicamos, porém a nossa firmeza e persistência será uma prova de que
realmente o nosso coração anseia ardentemente por aquilo que nós pleiteamos.
Ele
faz justiça aos seus escolhidos, e, se assim nos consideramos, precisamos dar o
nosso testemunho para que a chama da fé não se apague no coração da
humanidade.
O
que você tem pedido a Deus é realmente o que o seu coração anseia? Será
que você tem convicção da necessidade das suas reivindicações? Você seria capaz
de continuar pedindo por isso a vida toda? Você confia nas promessas de Deus
para a sua vida e a da sua família?
O Senhor
previne-nos para que, ainda que à nossa volta haja quem desfaleça, nos
mantenhamos vigilantes e perseveremos na fé e na oração.
Deus
há de ouvir, finalmente, aos seus eleitos, se eles orarem com fé e
perseverança. Ainda que seja ao cabo de vinte, trinta anos, no fim da vida; que
é isso em relação à eternidade? Mas, infelizmente, a fé vai enfraquecendo, e
com ela a caridade, e sem caridade é impossível a oração.
Propósito:
Pai, faze-me pobre e simples diante de ti, de modo que
minhas súplicas sejam atendidas, pois jamais deixas de atender a quem se volta
para ti na humildade de coração.
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